Morei sempre pelo centro da cidade: Vedado, Centro Havana. (Fui frequentador assíduo do bar Tuxpan, na Avenida San Lázaro, hoje pertencente à Federação dos Estudantes Universitários, a influente FEU, fica perto da tradicional Universidade de Havana; tem outro bar - El Bodegón de Teodoro - vizinho do Tuxpan, que, dizem por lá, era frequentado por Fidel Castro quando jovem estudante; Tuxpan vem a ser o nome do rio mexicano pelo qual navegaram os 80 temerários futuros guerrilheiros de Sierra Maestra - no desembarque na ilha foram dizimados e sobreviveram somente 12, os que tocaram a revolução). E fazia incursões ("recorridos" - uns 20 minutos de caminhada) semanais para Havana Velha (a bela "Habana Vieja", a área mais turística).
Bem, ia falando dos amigos e quero falar da "caldosa cubana". Certamente porque foi o lugar onde mais demorei, dentre os sítios onde estive nesse peregrinar por Brasil/América Latina/Caribe - e certamente, também, porque os cubanos são mais receptivos, amigáveis e de bem com a vida -, Havana foi o único lugar onde - posso bater no peito e dizer - fiz algumas (assim no plural) boas amizades (pelo menos pra mim não é simples fazer novas amizades: creio, filosoficamente, que as pessoas - inclusive eu - vivem a priori comprometidas com suas próprias rotinas).
E vamos à "caldosa" (pronúncia: "caldoça"), que foi o "gancho", como dizem os jornalistas, para eu falar dos amigos. A "caldosa" é uma espécie de sopa de caldo grosso com uma porrada de ingredientes (veja o prato acima em foto da Internet): legumes/verduras/raízes: batata, aipim, milho (eles falam em "viandas", não sei bem os nomes), carnes, principalmente de porco, etc, etc, uma mistura danada, só sei que é muito gostosa, "exquisita", como dizem por lá.
E muito popular. Os cubanos festejam datas históricas e encontros sociais com a "caldosa". Como mostra esta segunda foto, que peguei também na Internet, para as comemorações do dia 28 de outubro, por exemplo (aniversário dos CDRs/Comitês de Defesa da Revolução, tipo associações de moradores, fundados em 1960), a comida típica é cozinhada em grandes panelões pelas ruas da cidade. É uma festa popular por excelência, com muito "ron" e "otras cositas más".
Volta e meia meu amigo Roy me convidava para comer uma "caldosa", "lá na minha favela", dizia. Nessa minha última estadia em Havana, em novembro/2012, o programa se repetiu, uma roda de amigos seus com alguns meus incorporados. Papo ("charla"), música, "ron" (a cachaça de lá), brincadeiras ("bromas", "chistes"), tira-gosto ("abreboca"), jogo de dominó (com as pedras até o número nove) e, no final, a "caldosa". Vejam as fotos:
Milady e Roy (o casal - "pareja" - anfitrião) com o amigo "Rumanía" |
Parte do grupo no pátio da "favela" de Roy |
Emerio, irmão do coronel Carmelo |
Aniceto, grande companheiro |
Milady, eu a chamava "Mileide", imitando a pronúncia inglesa |
Carmelo, parceiro de quase todos os meus dias em Havana |
Roy e um dos seus amigos |
Roy com mais dois amigos |
Carmelo e Aniceto "compartindo" comigo no bar Tuxpan |
Registro aí embaixo dois estudantes brasileiros que estão em Havana, com os quais mantive convivência bastante amigável:
Diego (o terceiro sentado com Mongui e outro amigo), de São Paulo, quintanista de Medicina |
Gabriel, de Olinda (Pernambuco), faz pós-graduação |
Comentários