O vídeo aí foi tomado do Blog do Miro (jornalista Altamiro Borges), publicado em 19/12/2012. Estou destacando aqui as palavras do jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, célebre por sua participação no jornal Movimento dos tempos da ditadura e agora da revista Retratos do Brasil. Suas palavras estão no final do vídeo, a partir dos 47:40 minutos.
Raimundo tem fama de repórter investigador implacável e vem destrinchando o caso do "mensalão" - julgamento pelo Supremo Tribunal Federal/STF da Ação Penal 470 - em matérias já publicadas e a publicar na sua revista.
Ele é taxativo: a "teoria do mensalão" foi construída sobre uma suposição básica: o desvio de 74 milhões de reais do fundo Visanet, do Banco do Brasil, para "esquentar" os empréstimos bancários (que não teriam existido) feitos pelo pessoal do PT. Teria sido este o crime. Raimundo garante que tal desvio não existe e, portanto, não existe o crime. Se não há crime, não há criminosos. Escutem sua argumentação.
Garanto que é uma revelação bombástica, não só para quem acompanhou o caso através dos monopólios da mídia hegemônica, mas também para quem o acompanhou através da nossa blogosfera "progressista" ou de esquerda. No fim ele aproveita para conclamar a uma ofensiva visando o fortalecimento das mídias alternativas e comunitárias, que ele prefere chamar "imprensa popular".
Sua palestra ocorreu no último dia 17, no Sindicato dos Engenheiros, em São Paulo, durante o encontro "O Brasil em debate: o estado democrático de direito, a mídia e o judiciário. Em pauta a ação penal 470". Foi promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, com a ajuda do jornal Brasil de Fato, Revista Fórum, Rede Brasil Atual, Carta Maior e Altercom.
Além de Raimundo, participaram: o jornalista Paulo Moreira Leite (revista Época), os professores de Direito Cláudio José Langroiva e Pedro Estevam Serrano (da PUC-SP) e o ator Zé de Abreu. A mediação foi do escritor Fernando Morais e da jornalista Renata Mielli.
O Blog do Miro publica mais dois vídeos, registrando assim todas as palestras e debates. Transcrevo abaixo palavras de Raimundo Pereira, contidas no vídeo, de acordo com matéria chupada do sítio do jornal Hora do Povo:
"O jornalista Raimundo Pereira afirmou que os
supostos indícios que deram origem ao processo, a relação do Banco do Brasil e
o suposto desvio chamado de “mensalão” não passam de armações fraudulentas. “O
que é central na historia é o desvio de 74 milhões do Banco do Brasil. Esse
dinheiro é o dinheiro que faz com que os empréstimos não existam. Aquilo que
foi confessado por Delúbio, Valério, e todos os que receberam dinheiro do caixa
dois é fraudulento, não existiu”, concluiu o jornalista, que realizou uma ampla
investigação sobre o tema.
“Esse desvio foi analisado em três grandes
auditorias. Uma delas enorme realizada durante quatro meses por 20 auditores do
BB, que está toda nos autos da Ação Penal 470 e não diz em nenhum momento que
houve os desvios. Em nenhum lugar ela diz que há indícios de que as ações podem
não ser feitas”, ressalta Pereira.
Segundo Raimundo, “o documento da Visanet que é a
empresa que distribuía esses recursos para os bancos fazerem promoções dos
cartões de bandeira Visa” não foi suficiente para o STF, porém, para o imposto
de renda todos esses serviços pedidos pela DNA [agência de publicidade]
comandados pelos BB foram realizados”, “mas não bastava a Visanet dizer isso,
mas existe um serviço de propaganda que documenta as propagandas feitas e que é
vendido para as agências de publicidade saberem o que as outras estão fazendo”,
disse.
“Na edição de janeiro (da revista Retratos do Brasil) colocamos o endereço pro
pessoal do STF ir lá ver se os serviços foram feitos ou não, porque eles são
amplamente conhecidos do povo brasileiro. Quem não sabe que o BB tem um clube
ouro, que distribui 50 automóveis no ano, que distribui 400 viagens pra Costa
do Sauipe? Quem ganhou os carros, as viagens existem. Quem não sabe que o Guga
foi patrocinado pela Ouro Card? Eles carregam em todos os seus uniformes o Ouro
Card pra fazer propaganda. Quem não sabe que o Brasil fez a maior exposição de
arte africana patrocinada pelo fundo extensivo Visanet?”, indagou.
“Como é que pode condenar uma pessoa por um crime
se não existe um crime. É essa a questão central do “mensalão”, é isso que nós
temos que demonstrar e conseguir a despeito da fragilidade dos meios de
comunicação da imprensa popular, fazer que ela aproveite esse momento para
crescer e a gente mobilizar o povo e mostrar a importância de fazer isso",
disse. “Esse julgamento tem que ser anulado”, enfatizou Raimundo".
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