A VIAGEM DE CHÁVEZ A CUBA DEU À LUZ ONCOLOGISTAS-CONSTITUCIONALISTAS



Por Miguel Ángel Pérez Pirela (foto), da Coluna Caindo e Correndo (o mesmo nome do programa que ele apresenta na estatal Venezuelana de Televisão – VTV) – artigo traduzido do portal Aporrea.org, de 03/12/2012
Na semana passada o presidente Chávez solicitou permissão ao Poder Legislativo da República para viajar a Cuba por motivo de saúde.

Imediatamente a oposição perdeu uma das maiores oportunidades para ficar calada. Certamente não entenderam que até a administração do silêncio é uma regra de ouro na política, e abusam das palavras. Foi assim que a partir do anúncio de Chávez de sua viagem, surgiu na Venezuela uma nova disciplina científica: os oncologistas-constitucionalistas.

Se trata duma rara especialidade na qual o médico-advogado em questão pode, na mesma frase, matar de câncer um presidente e garantir, até em seus mínimos detalhes, os processos jurídicos de sua sucessão.

Muitos desses oncologistas-constitucionalistas saíram dando declarações em programas de rádio e televisão, meios impressos e até digitais. Todos coincidiam em dar detalhes médicos dum paciente que não viram e considerações jurídicas sobre uma Constituição que nunca leram.

Num errado cálculo político muitos desses opositores preferiram dissertar sobre a morte do presidente e sua substituição, ao invés do tema que realmente  deveria lhes preocupar: a iminente derrota eleitoral que terá a oposição no próximo 16-D (eleição para governadores dos estados em 16 de dezembro).

Os oncologistas-constitucionalistas, ao que parece, sabem muito de câncer e Constituição, mas muito pouco de eleições, pois diante de seu nariz na mesmíssima semana da viagem de Chávez, eleitores opositores em Miranda, Yaracuy, Lara, Táchira e Zulia (cinco dos 23 estados/províncias do país) decidiram apoiar o chavismo em detrimento dos candidatos da MUD (Mesa da Unidade Democrática, como se intitula a principal articulação da direita venezuelana).

Se antes do 7-O (7 de outubro, data em que Chávez foi reeleito) não funcionou a campanha necrófila, o assassinato midiático de Chávez, a empulhação devido à sua doença, não vejo por que os oncologistas-constitucionalistas puderam pensar que funcionaria a poucos dias das eleições do 16-D.

Se antes da viagem de Chávez a Cuba as pesquisas sérias de opinião apresentavam a crônica duma derrota anunciada, depois do surgimento dos oncologistas-constitucionalistas, somente nos resta abrir espaço para ver como os que falam de morte terminarão mortos politicamente...

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