Chávez durante entrevista para a emissora VTV, canal 8 (Foto: AVN) |
Matéria traduzida da AVN (a estatal Agência Venezuelana de Notícias), de 04/10/2012, baseada em entrevista concedida à emissora estatal Venezuelana de Televisão (VTV, canal 8) à noite, após a gigantesca manifestação nas ruas de Caracas para fechar a campanha eleitoral de Chávez, a três dias, portanto, da votação deste domingo, dia 7.
Caracas - O candidato socialista à presidência Hugo Chávez
Frías destacou nesta quinta-feira três razões para que o povo lhe dê seu voto:
evitar a volta dum passado de pobreza no país, consolidar as conquistas
obtidas e abrir as portas do futuro, "de un novo ciclo: seis anos
mais para avançar novos passos nessas conquistas".
Assinalou
que seu triunfo significa uma poderosa fortaleza na retaguarda para não voltar o
passado. "Seria espantoso que aplicassem na Venezuela outro pacotão
neoliberal", frisou, em referência à proposta do candidato Henrique
Capriles Radonski (seu principal opositor).
Chávez
advertiu que "todo o país pode perder, até os ricos", no caso duma vitória da candidatura da extrema direita nas eleições deste
domingo, 7 de outubro.
"A
classe média deveria votar em Chávez porque somos garantia de estabilidade, de
paz, de desenvolvimento nacional", acrescentou num programa especial transmitido
ao vivo a partir do Palácio de Miraflores, sede do governo em Caracas, com os
jornalistas Vanessa Davies, Vanessa Sánchez e Ernesto Villegas.
"Eu
falo para todo o país, não a um setor ou outro", insistiu, ao tempo em que
conclamou os venezuelanos a votar neste 7 de outubro pelo futuro, a
consolidação e o crescimento da Venezuela.
Chávez
recordou que há 20 anos "Venezuela morria de fome", pois 60% da população estava na pobreza e 25% na miséria. Na atualidade, a
pobreza está a menos de 30% e a miséria a 7%.
"É uma
coisa histórica, sem precedentes: uma pobreza de 200 anos reduzida a menos da
metade em 10 anos", destacou e lembrou que, após o processo
constituinte, a relegitimação dos poderes e o golpe de Estado e sabotagem nos
seus primeiros anos de governo, suas políticas começaram a se consolidar
realmente a partir de 2004.
Sublinhou que
estas políticas serão reforçadas no novo período de governo (2013-2019). "Temos
que abrir um novo ciclo para levar a pobreza e a miséria a zero nos
próximos seis anos", enfatizou.
O
programa especial foi retransmitido por vários canais nacionais e regionais e
emissoras de rádio. Chávez comentou que gostaria de ter visitado todas as
cadeias de televisão, mas a intensidade da campanha o impediu.
Resgatando o passado rebelde: "Somos los del Caracazo, los del 4 de Febrero y los del 27 de Noviembre, carajo!"
Durante seu curto discurso desta quinta, dia 4 (por causa da chuva - apenas meia hoje), quando do encerramento da campanha nas ruas de Caracas, Chávez, sob aplausos delirantes, alçou a voz para resgatar seu início de trajetória política, marcado pela rebeldia:
"Somos os do Caracazo (da palavra Caracas, explosão popular nas ruas da cidade, em 27 de fevereiro de 1989, contra o pacote neoliberal do presidente recém empossado Carlos Andrés Pérez), os do 4 de fevereiro (de 1992, data do levante militar - ou tentativa de golpe, derrotada - contra o mesmo Pérez, sob a liderança do então tenente-coronel do Exército Hugo Chávez) e os do 27 de novembro (também de 1992, data de outro levante militar, também sufocado, inspirado nos mesmos ideais bolivarianos; Chávez estava então preso, mas sua influência e liderança começavam a se espalhar pelo país)".
"Carajo" (literalmente, caralho) não tem - pelo menos nos poucos países que tenho visitado de fala espanhola - a conotação ofensiva ou desrespeitosa que tem aí no Brasil. Creio que a tradução mais adequada para o Brasil seria "porra", que também soa mais pesada do que o "carajo" aqui.
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