Chávez no Balcão do Povo, Palácio Miraflores, na madrugada de domingo para segunda, quando da comemoração da vitória (Foto: AVN) |
Pergunta
da jornalista Mercedes López San Miguel, do jornal argentino Página/12,
durante entrevista coletiva concedida pelo presidente Hugo Chávez, no Palácio
Miraflores, em 09/10/2012.
– Acredita que este processo de
integração regional depende do triunfo político e a permanência de Hugo Chávez na
Venezuela, Cristina Fernández na Argentina, Dilma Rousseff e Lula da Silva no
Brasil e Rafael Correa no Equador?
– Eu acredito que se não houvesse a
nossa vitória em 1998, a de Lula em 2002, não teria surgido o bolivarianismo
contraposto à doutrina Monroe do império. A ALCA (Área de Livre Comércio da
América) era um canto ao neoliberalismo. A integração da nossa América que propunha
(Simón) Bolívar está mais vigente do que nunca. Depois veio Néstor Kirchner, deixa-me
recordar. A primeira cumbre (cúpula, reunião
de líderes) de que participamos Fidel e eu foi no Brasil e ele me disse, como bom
lobo de mar, “Chávez, preste atenção em Kirchner”, pronunciando forte o “ch”. Logo
veio Tabaré (Vázquez, ex-presidente do Uruguai). Se não chega a tempo Lula, se
não chega a tempo Néstor, e Tabaré, em Mar del Plata se teria aprovado a ALCA. Eu
recordo a batalha de Mar del Plata e o chefe dessa batalha se chamou Néstor
Kirchner. Rendo tributo a Néstor (aplausos na sala da entrevista). E Lula, e
Tabaré, e não se portou mal o (então presidente) paraguaio Nicanor Duarte
Frutos (rememora)... Há um momento em que Néstor diz a Bush: “No vengan a patotearnos”... (Não
consegui traduzir o “patotear”, deve ser algo como “não venham nos enrolar”). Há
um momento em que Lula tinha que ir embora, assim como Tabaré e Duarte e então
Néstor se aproxima e me pergunta se eu tenho que ir e lhe disse que não. “Vamos
ganhar esses caras por cansaço”, disse Néstor. Bush não gostava que me dessem a
palavra, não se aguentava, se levantava para ir ao sanitário. Se não tivéssemos
derrotado a ALCA não nascia a Unasul. Sem tudo o que fizemos Lula, Evo
(Morales), Rafael (Correa), e logo Cristina e o Pepe (José Pepe Mujica,
presidente do Uruguai), esta integração, que está apenas nascendo, não existiria.
Não é um assunto de pessoas individuais. Cristina disse numa oportunidade “Pela
primeira vez os presidentes se parecem com seu povo”, porque somos povo e não
somos produto das elites. Como dizia Perón, o século 21 nos encontrará unidos ou
dominados. Nos encontrou
em proceso de união.
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