DENÚNCIA: OPOSIÇÃO VENEZUELANA COMPRA "MANIFESTANTE"

Dejanira Moreno exibe as três notas de 100 bolívares, que estavam dobradas juntas na bolsa (atrás a barraca da "Esquina Caliente")
De Caracas (Venezuela) - Trezentos bolívares (cerca de 70 dólares pela cotação oficial). Foi esta quantia que revelou ter recebido Dejanira Moreno, 60 anos, moradora do populoso bairro popular 23 de Enero (23 de Janeiro), por ter se "infiltrado" e atuado como manifestante oposicionista na grande concentração da campanha de Henrique Capriles, no domingo, dia 30, na Avenida Bolívar, na capital venezuelana.

Ela denunciou a fraude, meteu a mão na bolsa, retirou as três cédulas de 100 bolívares, ainda dobradas juntas e posou para fotos. Informou que é graduada como advogada, trabalha como assistente social na Missão Bairro Adentro 1 (serviço público de saúde nas áreas de odontologia e medicina geral) e é chavista: "Ganhei meus 300 bolívares, mas vou votar em Chávez" ("por Chávez", como dizem aqui).

Eu estava na "Esquina Caliente", depois das confusões narradas na postagem logo abaixo, comentando sobre o sucesso da manifestação de Capriles lá pelo meio-dia/início da tarde daquele domingo, tentando colher impressões de chavistas (na "Esquina" só encostam chavistas) sobre a grande quantidade de gente que encheu (e transbordou) a Avenida Bolívar. Topei logo com versões dando conta de que grande parte é gente, jovens sobretudo, de bairros pobres que "alugam" sua participação por uma grana. Algumas pessoas diziam ser a coisa mais comum do mundo. "É verdade? A senhora conhece alguém que já ganhou dinheiro assim?", indaguei.

A senhora não hesitou. Chamou Dejanira, que se apresentou como uma das "infiltradas" naquele mesmo dia. E relatou o já relatado acima.

Mas, "meus queridos irmãos", como diria um pregador religioso, esse terreno da informação é um terreno movediço, a gente nunca sabe com segurança. Comentando com uma minha conhecida, caprilista, sobre o momentoso tema venezuelano, conjecturei que no próximo dia 4, quinta-feira, certamente o presidente Hugo Chávez iria mobilizar mais gente no fecho de sua campanha, em Caracas, na mesma Avenida Bolívar. Ela me respondeu:

"Ah, mas Chávez paga a manifestantes para fazer número em seus comícios e Capriles não. Além disso, os chavistas obrigam os funcionários públicos a comparecer, sob pena de perder seus empregos".

É difícil, "meus caríssimos irmãos!" O jeito é esperar o resultado da votação na noite de 7 de outubro.

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