Foto copiada do sítio do El Universal, um dos jornais diários mais tradicionais daqui e radicalmente anti-Chávez |
O encerramento geral da campanha, que começou oficialmente em primeiro de julho, será na próxima quinta-feira, dia 4. Neste dia, Chávez fecha sua campanha em Caracas, na mesma Avenida Bolívar (será uma oportunidade de se comparar o poder de mobilização de cada um), enquanto Capriles o fará no interior do país.
A concentração oposicionista ocupou seis quadras ao longo da Avenida Bolívar. Contei andando na via paralela: um pedaço da Avenida México, que emenda com a Avenida Universidade, via paralela onde havia também muita gente. As ruas transversais que davam acesso à Bolívar estavam também cheias de gente (voltarei a este assunto em breve; esta semana o blog está mais ainda concentrado na eleição).
Capriles chegando para fazer seu discurso (Foto: da Internet) |
“Caracas está vestida de tricolor (amarelo, azul e vermelho, as cores da bandeira do país, para contrapor ao chavismo que usa mais o vermelho), de futuro, de progresso, ficou pequena a (Avenida) Bolívar. Os convido a levar este país para frente, juntos construiremos a paz nesta terra”.
“Aos jovens, lhes dizemos que temos todos os recursos e talento humano, mas nos faz falta um bom governo. Ninguém pode ter medo (…) em 7 de outubro temos que vencer o medo e as promessas não cumpridas. Quando forem votar em 7 de outubro e estiverem frente ao “tarjetón” ("grande cartão", com as diversas opções na tela da máquina de votação – um dia desses vou mostrar aqui e explicar), pensem em sua mulher, em sua mãe, em seu pai, em seus filhos e em vocês mesmos. Esse dia será alegre, bonito, será o dia da Venezuela. Antes de marcar e deixar sua impressão digital, quando veem a foto do “flaco” (Capriles chama a si mesmo de “flaco” ou o diminutivo “flaquito”, que significa “magro, esbelto”, dá a idéia de jovem, bonito, elegante, para se contrapor a Chávez, que seria velho, gordo, feio), sintam-se refletidos nela (na foto), votem por vocês mesmos, porque eu também o farei, vou votar por Caracas, por Venezuela, pelo povo que necessita ajuda, vou votar para que o país vá em frente”.
“Em 8 de outubro não haverá povo derrotado, a etapa do ódio ficará enterrada na Venezuela a partir de 7 de outubro. O que aconteceu em Barinas nunca deveria ter ocorrido. Aos familiares desses três anjos dizemos que em 7 de outubro vamos derrotar a violência (aí é um assunto controverso: a oposição acusa chavistas de terem provocado a morte de três de seus seguidores durante ato de campanha na semana passada no estado de Barinas, os chavistas negam e o Ministério Público está apurando). A Venezuela tem que chegar à paz porque, o que vamos dizer (...) aos que são obrigados a transportar seus mortos em carros particulares porque não chega a “furgoneta” (presumo ser o carro do serviço público que transporta defuntos). Que dizemos aos que vivem num “barrio” (no Brasil seria favela) e sentem medo, às mães que temem quando seus filhos saem à rua porque não sabem se vão regressar! Quantas pessoas perderam a vida, com este governo se multiplicaram por cinco os homicídios! Não podemos dizer-lhes que a função deve continuar como o fazem eles, e sim que vamos priorizar a segurança”.
Cita várias promessas que não teriam sido cumpridas por Chávez, sem mencionar o nome do presidente, e continua: “Ao candidato do governo não importam as moradias, se chega luz, as ruas destruídas, se você está mal e não tem emprego, só lhe importa sua revolução. A apenas sete dias das eleições, lhes digo que a mim o que importa é o povo da Venezuela. Você não se comporta como o presidente de todos, eu sim serei o presidente de todos os venezuelanos. Você chegou ao extremo de dizer a nosso povo que não importa que o ataquem, que o que importa é seu projeto político. Aqui o importante é construir um país, nossa ideologia é progredir, é superar a pobreza, que haja emprego e segurança”.
“Que cada um faça seu balanço, ele quer aprofundar a independência, lograr o equilíbrio do universo, garantir a paz planetária e salvar a espécie humana (cita aí, a seu modo, alguns dos pontos do programa de governo de Chávez). Mas, quem garante a paz em Catia, em 23 de Janeiro e em La Hoyada (bairros de Caracas), quem nos salva a nós mesmos? Venho assumir o compromisso com a tranquilidade dos venezuelanos. Este governo dá de presente os recursos de todos a outros países, não há material nos hospitais, mas sim dinheiro para patrocinar um samba no Carnaval do Rio (de Janeiro). Somos solidários com as causas de outros países, mas primeiro nos ocupamos da casa, dos problemas dos venezuelanos. Este governo é luz para fora e escuridão para a casa. Queremos progresso e chegou a hora do futuro. Não pretendemos ser um Messias, sou simplesmente um instrumento de vocês, para que juntos construamos as melhores soluções para os problemas que nos afligem”.
(Link para a cobertura do portal - anti-chavista - "Notícia 24 Venezuela", com um vídeo de dois minutos do discurso de Capriles, tudo em espanhol. Clicar: "Capriles encheu a Bolívar e acusou Chávez de enganar o povo").
Algumas fotos de detalhes clicadas por mim nos arredores da concentração:
Comentários