De
Caracas - Outro dia o candidato da direita, Henrique Capriles
Radonski – governador do estado de Miranda e principal opositor do presidente
Hugo Chávez na eleição de 7 de outubro -, fazendo críticas ao governo na área
de agricultura e terras, disparou que o ministro encarregado do setor (não
mencionou o nome) era um “bandido e sem vergonha”.
O ministro da Agricultura e Terras é Elías Jaua (foto), que
exerce também o cargo de vice-presidente executivo (o vice aqui não é eleito, é
nomeado pelo presidente, como se fosse um ministro; substitui eventualmente o
titular; no caso da falta definitiva do titular – morte, por exemplo -, torna-se
presidente efetivo, até completar o mandato de seis anos, somente se a falta
ocorrer durante os dois últimos anos do mandato; se for no decorrer dos
primeiros quatro anos, terá outra eleição). Trata-se de um ativo militante de
esquerda desde a juventude, 42 anos, sociólogo, professor universitário.
Num ato com camponeses, ele respondeu ao xingamento de
Capriles (vou resumir o que a imprensa chavista publicou):
- Bandido e sem vergonha é você, Capriles Radonski. O
ministro da Agricultura sou eu, Elías Jaua, e me apresento diante de um povo. Sou
filho de uma professora da zona rural que trabalhou durante 25 anos e de um
comerciante de cacau que depois se dedicou ao comércio de ferragens. Tenho uma
história de luta na qual me encontrei com o comandante Hugo Chávez.
- Tenho uma esposa e uma filha a quem olhar nos olhos.
Você, Capriles, não tem nada disso (Capriles, 40 anos, é solteiro, sem filhos).
Bandido é você, que vive da exploração que seu pai, através de suas empresas,
fez dos seus trabalhadores e trabalhadoras e dos consumidores. Bandido é você,
que financiou seu partido, Primeiro Justiça, com dinheiro da Pdvsa (a estatal
do petróleo).
Acusou Capriles de participar do golpe de Estado de 2002
e, durante o golpe, da invasão da Embaixada de Cuba em Caracas, bem como de
votar contra os indígenas na Constituinte de 1999 e governar um estado que
ostenta os maiores índices de criminalidade. E continuou:
- ...saiba que já na Venezuela, por ser filho de uma
família burguesa, não se pode agir com impunidade como você age: enganando,
mentindo, gerando medo, gerando desprestígio contra homens e mulheres. Você não
tem moral para interpelar os revolucionários, porque quando, há 20 anos, você
estava numa buate, nós estávamos lutando ao lado do povo.
Comentários