Gravação da emissora livre Tas - Tas analisando o tema das
eleições que se realizarão em Cuba no próximo mês de outubro.
Observação do Evidentemente: No vídeo, jornalistas cubanos comentam um artigo de um conterrâneo que, apesar de viver "no ambiente hostil" de Miami (Flórida, Estados Unidos), batalha em defesa do socialismo de seu país. O caso é que a Ilha está entrando em processo eleitoral, primeiro a nível municipal e, em seguida, a nível provincial (estadual). Eleições diretas. Assim são eleitos os deputados que formam o correpondente do nosso Congresso Nacional. O processo culmina com a eleição, no Congresso, dos dirigentes nacionais, inclusive o presidente.
Bem, o gancho do vídeo é o desafio dos jornalistas: por que os chamados dissidentes, a oposição interna, tão superdimensionada nas campanhas midiáticas internacionais (Brasil inclusive) não apresenta seus candidatos? Não seria o momento propício de mostrar sua força, sua representatividade?
O noticiário sobre Cuba na nossa grande imprensa, na velha mídia, deixa a impressão de que não há eleições em Cuba. Há sim, embora com muitas diferenças:
Por exemplo, só há um partido, o Partido Comunista, mas qualquer cidadão pode se apresentar como candidato ou ser apresentado por outros cidadãos, sem necessidade de filiação ao PC;
Outro exemplo: os canais de participação institucional de uma possível oposição são travados (existe somente o partido oficial, a oposição não tem meios de comunicação - jornais, rádios e TVs); a oposição tem apenas a blogosfera e, o mais forte, as emissoras de TV e rádio inflitradas pelo império dos EUA, através de Miami. A oposição diz: isso é simplesmente ditadura; o governo responde: defendemos nossa soberania, nosso socialismo, os interesses do povo cubano; estamos em guerra, agredidos permanentemente pelo poderoso império, bloqueados, não somos bobos, não podemos dar bobeira;
Outra diferença que os capitalistas (os "democratas") não gostam que seja lembrada: o candidato em Cuba não precisa gastar dinheiro para se eleger.
Claro que há mil e uma diferenças, mas não estou tentando esvrever um ensaio, quem sou eu!?
Tive a oportunidade de acompanhar um processo eleitoral em Cuba em 2007/início de 2008. São justamente cinco anos, prazo para renovação do Congresso Nacional e do mandato do presidente. Peguei exatamente um momento histórico (pena que a companheira Joana D'Arck, nuestra Joaninha, ainda não me tinha criado este blog que vos fala):
Foi quando o velho comandante Fidel Castro, que já estava afastado, por doença, há pouco mais de um ano da presidência, anunciou oficialmente que não concorreria a uma vaga de deputado (ou seja, não seria mais presidente depois de mais de 40 anos no poder; para ser presidente, eleito pelo Congresso, primeiro teria que ser eleito deputado pela sua província).
Assisti a algumas assembleias populares (nas ruas) em bairros em Havana. Me ficaram duas impressões marcantes: 1 - falta de entusiasmo e participação popular (ao contrário do que vejo hoje em Caracas, Venezuela); e 2 - a impressão de que a influência interna da dissidência (tão festejada nos monopólios privados da mídia do Ocidente) é irrisória.
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