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Os manifestantes concentrados em frente da prefeitura, cujos acessos estavam tomados por homens da PM e da Guarda Municipal (Fotos: Jadson Oliveira) |
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Momento de tensão: intervenção de policiais para impedir que a passeata seguisse com carros de som a partir da Praça Castro Alves |
Houve um momento de tensão com policiais, chegando a haver gritos de “abaixo a repressão”. Parecia que a Polícia Militar tentava barrar a passeata na Praça Castro Alves, como era praxe na gestão do prefeito anterior, o tucano Antonio Imbassahy, atualmente deputado federal. Na verdade, a ameaça de enfrentamento originou-se na intervenção da PM para que os manifestantes não seguissem a partir dali com os carros de som. Há um decreto municipal determinando que as passeatas somente podem usar os carros de som até a Praça Castro Alves. Foi o que ocorreu: o pessoal seguiu sem o som até o palácio de despacho do prefeito.
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Os rápidos discursos prosseguiram na Praça Municipal, mas já sem a utilização dos carros de som |
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Famílias ameaçadas de despejo fazem apelo ao governador Jacques Wagner e à presidenta Dilma |
O nome “desocupa” vem dessa constatação de que a cidade está ocupada por construções que desrespeitam o meio ambiente e os cidadãos; por edifícios cada vez mais altos projetando sombras pelas praias; por projetos imobiliários que invadem os restos de Mata Atlântica, a exemplo do Parque Ecológico Municipal do Vale Encantado, em Patamares, que inclui terreno considerado sagrado pelos praticantes do Candomblé, religião de origem africana com muitos adeptos na Bahia; e por camarotes para o Carnaval que ocupam áreas públicas, especialmente no bairro de Ondina (privatização dos espaços públicos).
“Ocupa” e “Desocupa”: semelhanças e diferenças
Este último item (camarotes) foi muito enfatizado pelos jovens que iniciaram o movimento Ocupa Salvador, em 15 de outubro, o chamado 15-O, quando houve manifestações, muitas delas seguidas de ocupações, em cerca de 800 cidades pelo mundo, na esteira da chamada Primavera Árabe e dos “indignados”, com destaque para a ocupação da praça Porta do Sol, em Madri (Espanha), e do Occupy Wall Street (Nova Iorque). Um grupo pequeno de jovens chegou a acampar em Ondina, justamente num trecho da orla (perto da chamada “praça das gordinhas”) hoje tomado por camarotes para o Carnaval, explorados por empresa privada.
O “Ocupa”, cujas atividades hoje parecem restritas às redes sociais da Internet, tinha na sua agenda temas locais, a exemplo dos camarotes, mas mantinha aquele corolário geral dos “indignados”: subserviência dos governos aos interesses do capital financeiro e falência da democracia representativa.
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Everaldo Augusto, ex-vereador de Salvador pelo PC do B e dirigente sindical dos bancários |
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Hilton Coelho (segundo da esq. para dir.), da direção do PSOL na Bahia |
Os dois movimentos têm, portanto, alguns pontos em comum – como também surgirem sem patrocínio de organizações já institucionalizadas e utilizarem as redes sociais da Internet -, mas têm, como vimos, diferenças marcantes. E enquanto o Ocupa Salvador perdia visibilidade, o Desocupa Salvador apareceu e vem crescendo (não esquecer um detalhe significativo: o primeiro protesto do “Desocupa” foi em Ondina, junto aos camarotes do Carnaval, exatamente no local onde estava o pequeno acampamento dos jovens do “Ocupa”, dos “indignados”).
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