VIVER (E SOBREVIVER) NA DEGRADAÇÃO DA VIDA URBANA


De Salvador (Bahia) – “Hoje, para se compreender a vida dos homens é indispensável uma análise das condições de existência e a função social exercida pelas cidades na ordem social do capital. O livro de Edmilson Carvalho - “A cidade do capital e outros estudos” - vem atender a esta necessidade ao desvelar a contradição existente entre desenvolvimento e crise que caracteriza o crescimento urbano no Brasil, ignorada por aqueles que buscam desesperadamente planejar o incontrolável funcionamento anárquico da lógica do capital.


O livro leva-nos a compreender que o que está em crise não é a possibilidade de uma sociabilidade verdadeiramente humana, mas é esta existência social alienada e desumana potencializada na degradação da vida urbana”.


Esta é a sucinta apresentação do livro de Edmilson, contida no convite para o lançamento neste sábado, dia 26, das 9 às 13 horas, no auditório I da Faculdade de Arquitetura da UFBa (Rua Caetano Moura – Federação). Abaixo transcrevo cinco indicações dadas pelo autor para leitura e compreensão de sua obra, escritas num chamado pré-convite. (O título acima e o intertítulo logo abaixo são de autoria deste blog).


Abordando criticamente o geógrafo baiano Milton Santos


“a) A cidade como cidade inequivocamente do capital, o que equivale a dizer que a análise é tecida com categorias marxistas inferidas da primeira parte do Livro II de O Capital, ou seja, das investigações de Marx acerca das equações funcionais do capital, com destaque para a fórmula do capital-dinheiro;


b) Investigo também as maneiras com as quais o capital faz a sua apropriação da cidade, especificando-as: uma vez resgatando as cidades herdadas de formações sociais antigas, pré-capitalistas, com uma “leitura” que será o expediente e uma redefinição de papéis e funções, nas duas vezes com um único objetivo: extrair a mais-valia e aumentar a escala da acumulação capitalista;


c) Trago a público uma categoria para uso nos estudos das cidades e das regiões: o chassi, concebido a partir das equações funcionais do capital definidas por Marx no seu Livro 3, O Capital, categoria de cuja descoberta por mim e Edgard Porto resultou uma recorrência metodológica para quantos desejem alguma consistência teórica;


d) Duas cidades, metrópoles brasileiras, são tratadas a um certo nível de detalhe: Brasília e Salvador, as duas apropriadas pelo capital, por meios, métodos e contextos díspares, mas para chegarem a um só destino: proverem aos mesmos grupos capitalistas, o mesmo merwert;


e) Finalmente, trato, no capítulo inicial, de um assunto que entra aí por extrema necessidade. Cuido logo de me explicar. Quando, num país como este, escasseiam autores e obras de peso em algumas esferas do trabalho intelectual, e que, portanto, um ou alguns “gurus” monopolizam a produção teórica sobre as questões maiores das respectivas esferas, por dois motivos um autor que se inicia ou que publica “no ramo” deve visitá-lo(s) com as armas da crítica: se o autor é um cientista de fato, ele merece ser abordado para que o noviço possa beber na sua fonte e avançar cobrindo flancos, partes e parcelas do acervo construído, para que haja desenvolvimento no lastro que as futuras gerações possam desfrutar do esforço coletivo e coletivamente construído; se o “guru” - ou os “gurus”, no caso de serem mais de um - não convence, mais razão para visitá-lo - e aqui não há alternativa à crítica séria e contundente. Nos dois casos há necessidade de abordar a referência comum. Foi por um dos dois motivos colocados acima que tive de abordar o Professor Milton Santos no que diz respeito à esfera do método”.

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