Passeata pela metade da pista da Avenida Sete de Setembro rumo à Praça Municipal (Todas as fotos: Jadson Oliveira) |
Concentração na Praça da Piedade (no detalhe, protesto contra a Rede Glogo) |
E chegaram ao Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre... e à Bahia, por que não? Foram poucos, mais ou menos uma centena, os que se manifestaram no sábado, 15 de outubro, o chamado 15-O, dia fadado a se tornar o “dia internacional dos indignados”, de acordo com a ousada convocação dos insurgentes espanhóis. Mas eles não se importam com o pequeno número, parecem crer fielmente na força da “presença” on line, confiam nos contatos através do Twitter e do Facebook e na necessidade urgente de mudar um mundo cheio de injustiças sociais, desigualdade, opressão e violência. São uma pequena parte dos milhares de jovens que protestaram em centenas de cidades de dezenas de países de todos os continentes.
Assembleia na Piedade para discutir a exibição ou não de bandeiras de partidos |
Nos cartazes a variedade de protestos e reivindicações |
Apesar da fama de “apartidários”, “suprapartidários” – na verdade, um novo tipo de anarquismo -, parte dos “indignados” baianos que foram à Praça da Piedade era “organizada”, ou seja, fazia parte de partidos políticos e entidades do movimento social. Claro que teve gente sem partido, livre-atirador, como teve gente de novos grupamentos, a exemplo do Partido Pirata e do grupo Anonymous, com características bem anarquistas, mas teve também gente do PSTU, do PSOL, da Associação Nacional de Estudantes – Livre (Anel), de diretórios estudantis, do Sinasefe (sindicato dos servidores e professores do antigo Cefet, atual IFBA – Instituto Federal da Bahia, de ensino superior e técnico), do ANDES (sindicato de professores do ensino superior) e apareceu ainda, de passagem pelo local, uma dirigente do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Norma de Castro Batista, que aproveitou e sapecou um vibrante e aplaudido discurso.
Mas não foi harmoniosa a convivência de “organizados” e “não-organizados”. Uma parte – creio que a maioria – não gostou de que alguns partidários do PSTU exibissem a bandeira do partido (somente gente do PSTU tinha levado bandeira). Que qualquer um exibisse nos cartazes suas mensagens, seus protestos, tudo bem. Que qualquer um exibisse o nome de seu partido na camiseta, tudo bem. Mas levantar a bandeira com sua sigla partidária, não, era contra o espírito do movimento. Depois dos pronunciamentos na praça e antes da passeata pela Avenida Sete de Setembro rumo à Praça Municipal, a divergência rendeu muita discussão. Resultado: durante o debate em assembleia, antes de alguma decisão, as pessoas afinadas com o PSTU e a Anel se retiraram e desistiram de participar da passeata.
Concentração nas escadarias do Palácio Rio Branco, Praça Municipal |
Na Praça Municipal, nas escadarias do Palácio Rio Branco (na praça estão ainda o Elevador Lacerda, cartão postal da cidade, a Câmara dos Vereadores e o Palácio Thomé de Souza, onde fica o gabinete do prefeito), os “indignados" avaliaram o movimento, se “ligaram” ao vivo nas redes sociais da Internet e decidiram iniciar o acampamento numa área de Ondina, bairro de classe média da orla marítima (área principal do bairro, nas proximidades da praça conhecida popularmente como “praça das gordinhas”).
Ocupa Salvador – resumo das atividades
(Matéria dos próprios acampados reproduzida de www.ocupasalvador.wordpress.com , postagem de 17/10/2011)
Desde o 15-O os acampados ocupam a praça de Ondina. No início, o grupo enfrentou dificuldades estruturais – como falta de acesso à internet – o que dificultou a difusão online em tempo real das atividades, porém não impediu as discussões livres que aconteceram no sábado e também no domingo. Já temos acesso à internet, iniciamos integração com comerciantes da praça que apoiaram o movimento (a revistaria Ponto Cultural ofereceu ponto de energia!), e nesta tarde de segunda-feira os acampados buscarão contato com representantes do Bairro de Ondina e vizinhanças, para apresentação do grupo e oferecer informações mais precisas sobre a ocupação da praça.
Assembleia no início da noite de ontem, domingo 16 (Foto: Reprodução) |
- Aula pública: professores convidados falarão sobre o contexto global de mobilizações na Europa e EUA, associando-o com às realidades brasileiras. A aula será aberta e convidará especialmente alunos e professores de escolas públicas de bairros de Salvador.
- Exibição de vídeos: vídeos que abordam temáticas ligadas às demandas e problemas sociais e/ou que ofereçam possibilidades de discussão e debate no acampamento serão exibidos publicamente, em evento aberto a toda a população.
Diversas outras ações e ideias estão sendo discutidas e hoje, segunda 17, contamos com a presença de todos para participarem e inclusive sugerirem articulações criativas para intervenções artísticas, eventos culturais independentes, debates, e voz e violão animados pelos acampados mais talentosos! Traga sua alegria, mas sem abrir mão de sua indignação!
O acampamento mantém uma dinâmica colaborativa e conta com a colaboração de todos neste movimento que visa iniciar novos processos de transformação social através de ampla ação conjunta livre e popular.
Logo publicaremos uma lista de necessidades com itens e serviços que serão úteis no acampamento e lançaremos a campanha “Acampe conosco por um dia”, indicando o que é necessário trazer e esclarecendo questões como segurança, estrutura do local e atividades.
Também estamos elaborando uma seção para responder as perguntas mais frequentes. Até aqui, o acampamento tem conseguido resolver suas demandas estruturais e a Polícia Militar (que tem sido bastante respeitadora) será notificada hoje para maior garantia de segurança na ocupação da nova praça de Ondina.
Aliás, há um motivo muito forte para se esta a praça escolhida para a ocupação – você sabe qual é? Pesquise sobre a praça de Ondina e favorecimento de setor privado (dica: camarotes) a partir de espaços públicos!
Acompanhem o blogue – traremos mais informações sobre a questão da praça e sobre as atividades da ocupação.
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