MOVIMENTOS SOCIAIS PROTESTAM NO GRITO DOS EXCLUÍDOS

Cartaz do Grito/2011 - Pela vida, grita a terra. Por direitos, todos nós!: os militantes sociais
se concentram no Campo Grande para a marcha rumo ao centro da cidade
(Todas as fotos: Jadson Oliveira) 
A irreverência e as cores da Pátria presentes na manifestação dos baianos
Padre José Carlos, no
alto do trio elétrico
De Salvador (Bahia) – Muitos movimentos sociais e alguns partidos políticos protestaram e exibiram suas bandeiras de luta e reivindicações pelas ruas da capital baiana nesta quarta-feira, dia 7, no Grito dos Excluídos, sob o lema “Pela vida, grita a terra. Por direitos, todos nós!”. Foi o 17º. ano em que o evento foi realizado em Salvador, sempre logo em seguida ao desfile militar e das escolas nas comemorações oficiais do 7 de Setembro, dia da Independência do Brasil. E também sempre sob o comando do padre José Carlos Silva, vice-presidente da Ação Social Arquidiocesana (ASA), órgão da Arquidiocese de Salvador.


A luta contra a corrupção, que foi o mote de grande manifestação em Brasília, no mesmo dia, e que vem ganhando corpo a partir da movimentação da comissão suprapartidária criada no Senado, estava entre as bandeiras presentes nas faixas e cartazes, amplificadas pelo padre José Carlos do alto do trio elétrico. Também reivindicações como reforma política, reforma previdenciária, direito à terra e moradias dignas, contra as drogas, contra o machismo, protestos contra o governador Jaques Wagner e o prefeito João Henrique, por uma Copa do Mundo/2014 que respeite os interesses do povo, pela libertação dos cinco “heróis cubanos”, pela aprovação da Comissão Nacional da Verdade para apurar os crimes de lesa humanidade cometidos pelos repressores da ditadura militar. E muitas outras.


O Comitê Baiano pela Verdade na luta pela aprovação da Comissão Nacional da Verdade
Membros da Associação Cultural José Martí solidários com a luta dos cubanos
O PSTU foi um dos quatro partidos políticos que participaram dos protestos deste ano
A passeata dos “excluídos” começou por volta das 11 horas, do Campo Grande em direção ao centro da cidade (em contraposição, os integrantes do desfile oficial passaram a ser mencionados por pessoas de esquerda, ironicamente, como os “incluídos”). Na frente iam os militantes das pastorais sociais da Igreja Católica, seguidos da militância de outros movimentos sociais e, fechando o cortejo que arrebanha alguns milhares de pessoas, participantes de sindicatos de trabalhadores e de partidos políticos. Tudo misturado com muita irreverência e embalado por canções populares, como Caminhando (ou Pra não dizer que não falei de flores), de Geraldo Vandré, e reggaes do baiano Edson Gomes.


Neste Grito de 2011, certamente por não ser um ano eleitoral, apareceram poucos partidos: somente o PSTU, o PSOL, o PPS e o pouco conhecido Partido Humanista da Solidariedade. Também circularam poucos políticos, como o ex-governador da Bahia Waldir Pires, ex-ministro e ex muita coisa já que se trata de velho combatente das causas democráticas, com mais de 80 anos, sempre muito cumprimentado; o deputado federal Nelson Pelegrino (PT), que já está em campanha para prefeito de Salvador na eleição do próximo ano (ganhou até uma colher-de-chá expressiva no contexto do desfile: foi saudado pelo padre José Carlos, lá do alto do trio, como “nosso futuro prefeito”); e o deputado estadual Yulo Oiticica, líder do PT na Assembleia Legislativa.


O ex-governador e ex-ministro Waldir Pires (com sua companheira Zonita), velho lutador
pelas causas democráticas e populares
Também houve poucos sindicalistas: o pessoal da construção civil e de algumas categorias de funcionários públicos. As maiores centrais sindicais na Bahia – Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e Central Única dos Trabalhadores (CUT) – não participaram como ocorria em anos anteriores. Correu um murmúrio entre componentes do movimento sindical, segundo o qual as entidades estavam insatisfeitas com a condução imprimida pelo padre José Carlos na organização do Grito, já que ele “monopoliza” o microfone durante toda a manifestação. De fato, os dirigentes das entidades não discursam no Grito de Salvador. Como a responder tal queixa, o religioso chegou a comentar, ao passar o microfone a alguns poucos oradores ligados às pastorais sociais da Igreja, que aquelas pessoas estavam falando porque participaram da coordenação do evento.

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