Os grevistas dão um abraço simbólico ao prédio onde funciona a Sucom, nas proximidades do Iguatemi |
A concentração se restringiu à entrada e frente do edifício e terminou por volta do meio-dia. Os grevistas fizeram alguns pronunciamentos, com a utilização de carro de som, e, no final, se deram as mãos e abraçaram simbolicamente o prédio da Sucom, cantando o Hino Nacional. O “abraço” foi proposto pelo presidente da CTB/Bahia (Central dos Trabalhadores do Brasil), Adilson Araújo. (O sindicato da categoria – Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador/Sindseps – é filiado à CUT, Central Única dos Trabalhadores, mas quem estava presente, inclusive com uma faixa, era a CTB).
Adilson Araújo, presidente da CTB-Bahia |
“O prefeito quer dar seis e tirar meia dúzia”
Segundo informações dos servidores, a prefeitura da capital baiana tem cerca de 22 mil funcionários ativos (sem contar os aposentados). A paralisação abrange em torno de 7 mil, ficando de fora setores que têm condições diferenciadas, com negociação e níveis salariais à parte: o pessoal do Fisco, da Educação e da Saúde.
Jefferson Oliveira, diretor do Sindseps |
A reivindicação principal dos grevistas é a melhoria salarial através da atualização do Plano de Cargos e Salários, o que resultaria em aumento da ordem de 40% em seus benefícios. Em nota oficial, a prefeitura diz que propõe “criar um novo Plano de Cargos e Vencimentos (PCV) para o funcionalismo, desde que o incremento gerado na folha salarial não supere R$ 30 milhões anuais para os cofres do município”. O reajuste salarial chegaria a 17,5%, a partir do próximo ano, para o pessoal beneficiado pelo plano. Conforme entendimento da prefeitura, os servidores querem um reajuste que custaria R$ 90 milhões anuais na folha de pagamento.
Sobre a suposta oferta de 17,5% de reajuste, Jefferson diz simplesmente que o prefeito João Henrique “não deu nada”, as argumentações contidas na nota seriam apenas “jogada de marketing”. “Se o prefeito oferecesse mesmo 17,5% nós não estaríamos fazendo greve”, comentou, acrescentando: “O prefeito quer dar seis e tirar meia dúzia”. Disse que o salário base do servidor é R$ 510,00, menor que o salário mínimo oficial (R$ 545,00).
Ex-vereador José Carlos Fernandes, servidor de carreira da prefeitura |
O movimento dos servidores municipais tem um sério complicador. Grande parte do pessoal da prefeitura é formada de terceirizados e contratados através do Reda (Regime Especial de Direito Administrativo), uma situação que dificulta a atuação da categoria, além de se prestar ao jogo de favorecimentos políticos e financeiros. O ex-vereador José Carlos Fernandes (presidente do Diretório Municipal do PSDB), antigo servidor de carreira da prefeitura e ativo participante da greve, aponta como uma distorção grave o fato de atividades como fiscalização e concessão de licença para construção, por exemplo, a cargo da Sucom, serem terceirizadas.
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