POLÍCIA ARGENTINA ATUA DESARMADA NOS “CONFLITOS SOCIAIS”


(Todas as três fotos: Reprodução)
De Salvador (Bahia) - Movimentos sociais da juventude de São Paulo que ganharam maior visibilidade a partir da Marcha da Liberdade, dia 28/maio (publiquei três postagens neste meu blog sobre o assunto nos dias 29, 30 e 31/maio), prometeram realizar um debate sobre “Violência policial na periferia e ‘armamento menos letal’ em manifestações”, dentro do processo de mobilização rumo à Marcha Nacional da Liberdade, convocada para o próximo dia 18, um sábado. Conforme vem sendo divulgado em sítios na Internet, estão previstas manifestações em 33 cidades brasileiras, inclusive Salvador/Bahia.


Como subsídio para o debate, registro aqui as mudanças ocorridas na Argentina sobre o desarmamento dos policiais no enfrentamento dos chamados “conflitos sociais” – protestos de rua dos movimentos sociais e populares, disputas sindicais/trabalhistas, luta por moradia, etc. (Eu estava passando uma temporada em Buenos Aires na ocasião, tendo inclusive tratado do tema em algumas de minhas matérias). Tais mudanças se deram no início deste ano, logo depois da criação do Ministério da Segurança (na verdade, foi desmembrado do Ministério da Justiça).


Os integrantes da Polícia Federal, subordinada ao governo federal, que fazem o policiamento da capital Buenos Aires – atuação equivalente às nossas Polícias Militares, subordinadas aos governos estaduais – passaram a enfrentar os “conflitos sociais” sem armas de fogo, incluindo a não utilização de balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo e spray pimenta.


A nova orientação foi enquadrada dentro da política de Direitos Humanos do governo da presidenta Cristina Kirchner. A ministra da Segurança, Nilda Garré, proclamou ao assumir o novo ministério que “conflitos sociais” passariam a ser resolvidos através do diálogo. Os políticos de oposição colocados à direita no espectro político-ideológico e a maioria dos meios privados de comunicação vociferaram críticas, defendendo uma ação mais “enérgica” da repressão e apelando para a necessidade de “ordem” – ou seja, repressão violenta contra os movimentos sociais -, mas o governo argentino, até agora, vem mantendo sua orientação de caráter democrático e participativo.


Diante, portanto, da violência repressiva das PMs brasileiras contra os movimentos sociais – a de São Paulo talvez seja uma das mais em evidência (acima, imagens recentes da PM paulista em ação) -, é interessante se discutir a experiência dos “hermanos” argentinos.


(Depois de um ano de temporadas entre São Paulo e Buenos Aires, estou retornando a Salvador/Bahia e tentando garimpar informações sobre a participação baiana na Marcha Nacional da Liberdade, prevista para 18/junho).

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