Enorme cartaz com fotos de milhares de desaparecidos políticos carregado pelos argentinos em manifestações públicas (Fotos: Jadson Oliveira) |
De Salvador (Bahia) – Mais de duzentos repressores que cometeram crimes de lesa humanidade durante a ditadura argentina (1976-1983) já foram levados ao banco dos réus, condenados e estão na cadeia. Alguns deles com mais de uma condenação. É o caso, por exemplo, do ex-ditador e ex-general Jorge Rafael Videla, 86 anos, com duas condenações: uma de 25 anos e outra de prisão perpétua. O ex-comandante do 3º. Exército (sede em Córdoba), Luciano Benjamin Menéndez, 84 anos, tem seis condenações, todas à prisão perpétua.
A militância pelos direitos humanos se concentra em frente aos tribunais federais quando da leitura de sentenças contra repressores da ditadura |
Familiares das vítimas do terrorismo de Estado estão sempre nas ruas exigindo a verdade e a Justiça |
Atualmente está em torno de 800 o número dos que estão sendo processados em todo o país acusados de crimes de lesa humanidade (sequestro, tortura, estupro, desaparecimento/assassinato e roubo de bebês) cometidos durante o período ditatorial, ou, como é sempre mencionado na Argentina, durante o terrorismo de Estado. A maioria dos réus são ex-militares, ex-policiais e ex-agentes penitenciários. Ultimamente vêm se intensificando esforços no sentido de levar ao banco dos réus civis que foram cúmplices do regime militar e/ou se beneficiaram dele, especialmente integrantes do Poder Judiciário.
Ao redor da metade das condenações – 110 – se deram durante o ano de 2010, marcando o pico dos processos. Entre os processados no ano passado, nove foram absolvidos.
Tais dados estão baseados em informações da Unidad Fiscal de Coordinación y Seguimiento, órgão do Ministério Público de Justiça da Argentina, e foram divulgados num balanço feito pelo jornal argentino Página/12 quando da passagem do Dia Nacional da Memória, da Verdade e da Justiça, 24 de março de 2011, aos 35 anos do golpe militar, feriado nacional, quando os argentinos foram às ruas para execrar a ditadura e exigir a continuidade e ampliação dos processos contra os repressores e seus cúmplices civis.
(No momento em que os lutadores sociais brasileiros e a militância pelos direitos humanos reivindicam ao Congresso Nacional a aprovação da Comissão Nacional da Verdade e o consequente alinhamento do Brasil com os “hermanos” latino-americanos, sugiro ainda a leitura do artigo “Direitos Humanos: Brasil na vanguarda do atraso”, publicado neste meu blog em 24/05/2010. Clique aqui).
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