FRENTE DE ESQUERDA (TROTSKISTAS) MOBILIZA MILHARES NO 1º. DE MAIO


Militantes e simpatizantes dos partidos de esquerda se concentraram
na histórica Praça de Maio (Todas as fotos: Jadson Oliveira)
A manifestação do Dia do Trabalhador serviu
para o lançamento da Frente de Esquerda 
De Buenos Aires (Argentina) – Os partidos de esquerda (trotskistas, totalmente diferenciados da centro-esquerda) que formam a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores da Argentina para concorrer às eleições de outubro mobilizaram milhares de pessoas na sua comemoração do 1º. de maio, Dia do Trabalhador (o jornal Clarín, de direita e de maior circulação no país, estimou em quatro mil, mas uma estimativa mais isenta deve triplicar este número). A concentração, na tarde do domingo, na Praça de Maio, serviu para o lançamento da frente eleitoral recém instituída.


Foi uma manifestação só dos trotskistas, que na Argentina, comparando com o Brasil, têm grande poder de mobilização, “poder de convocatoria”, como dizem aqui. Na sexta-feira, dia 29, já havia sido realizada a enorme “festa” da poderosa CGT (Confederação Geral do Trabalho), que apoia o governo dos Kirchner e que é criticada duramente pelos esquerdistas como a máxima representação da “burocracia sindical”. Houve outra grande concentração da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA), que é dissidente da CGT, mas se junta a ela no apoio a Cristina. E ainda outras pequenas manifestações de agremiações também de linha trotskista, mas que estão fora da frente eleitoral.


Chegada na Praça de Maio da grande coluna formada pelo
Partido "Obrero" (Operário)
Militância do Partido dos Trabalhadores Socialistas marcha a partir
da Avenida 9 de Julho pela Avenida de Maio
Marcelo García: integrante do recém fundado PSTU argentino
A frente foi acordada inicialmente por três partidos: Partido “Obrero” (PO, Partido Operário, o maior deles) - de onde saiu o candidato a presidente da República, seu antigo dirigente Jorge Altamira -, o Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) e a Esquerda Socialista. Já ganhou a adesão da Convergência Socialista e de um novo agrupamento, criado na Argentina há pouco mais de uma semana: o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o mesmo nome e irmão do PSTU brasileiro, ambos filiados à Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), de acordo com informações do militante Marcelo García.


No 1º. de maio, até aquela data o dia mais frio do outono portenho (a temperatura por aqui já está batendo nos 4 graus), os militantes trotskistas foram se juntando, a partir do início da tarde, na Avenida 9 de Julho, e formando grupos sob as bandeiras e cartazes de seus respectivos partidos. A partir de mais ou menos 4 horas, foram convergindo para a Praça de Maio, a quatro ou cinco quadras.


E na Praça de Maio, praça de agitação política por excelência em Buenos Aires, onde fica o palácio do governo (Casa Rosada), militantes e dirigentes repetiram palavras-de-ordem, cantos e consignas que já vinham sendo bradados desde a 9 de Julho e pela Avenida de Maio, a exemplo de “vai acabar, vai acabar, a burocracia sindical” (ouçam nos vídeos, no espanhol se diz “burocracia” com acentuação forte no “cra”).


Duras críticas ao governo e à “burocracia sindical”


Os oradores despejaram a torrente de reivindicações e denúncias: melhores salários (atualmente é a época anual de negociações salariais entre empregados e patrões, com mediação do Ministério do Trabalho, aqui chamadas as “paritarias”); contra a precarização do trabalho, os empregos informais, a terceirização e o trabalho escravo; contra a repressão ao movimento dos trabalhadores, especialmente através da ação violenta de “patotas” (gangues) formadas e dirigidas pelas entidades sindicais oficiais (a grande maioria alinhada com o governo de Cristina), que são identificadas como a “burocracia sindical”.


E críticas duras diretamente contra o governo dos Kirchner, inclusive no quesito Direitos Humanos – lembrar que o governo de Cristina se proclama “governo dos Direitos Humanos” e ostenta uma extensa folha de serviços neste particular, em especial na punição dos repressores da ditadura (neste meu blog há várias matérias que falam disso). Os partidos de esquerda discordam radicalmente de tal enfoque e chegam a apontar a existência de “presos políticos” no país, militantes que “são presos e processados por lutar”, como dizem (no segundo vídeo aqui postado, um dos oradores cita alguns deles).

(A seguir, dois vídeos, que estarão logo mais disponíveis em blogevidentemente no YouTube)



Comentários

Meus parabéns pela excelente matéria sobre o 1º de maio na Argentina realizado pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores.
Somos um grupo de simpatizantes do Partido Obrero e da CRQI.
Anônimo disse…
Também sou simpatizante do Partido Obrero e da CRQI; achei muito boa a iniciativa do blog de dar cobertura da situação política na Argentina.
Saudações revolucionárias.
Fredy.