Greve de fome e "corte" da Avenida 9 de Julho, no centro de Buenos Aires, durante a última semana de abril (Todas as fotos: Jadson Oliveira) |
O clamor do povo originário: "Nos roubaram nossas terras - queimaram nossas casas - nos marginalizam, perseguem e matam - queremos Justiça - que nos atenda a presidenta" |
Em meados de dezembro um pequeno grupo deles havia promovido um “corte” (fechamento) durante horas de uma das pistas da Avenida 9 de Julho, numa tentativa de que seu protesto fosse escutado pelas autoridades governamentais (postei um vídeo neste meu blog em 14/dezembro). Apesar do razoável movimento de solidariedade obtido em Buenos Aires, inclusive do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, o governo de Cristina Kirchner, que se proclama governo dos Direitos Humanos, demorou de escutar o clamor do povo originário.
O grupo da Comunidade Qom estava desarmando a barraca central do acampamento na tarde desta sexta-feira, dia 6 |
Dario Piri, um dos participantes da greve de fome: se não sair uma solução na reunião da segunda, dia 9, voltaremos a armar o acampamento |
Começaram aí as negociações. O governo garantiu algumas medidas assistenciais e o fim da repressão na província, mas as providências para recuperação das terras, o que é vital para os povos originários, continuam nebulosas, conforme me relatou Dario Piri, um dos mais ativos membros da comunidade, que inclusive participou da greve de fome.
Hoje à tarde, dia 6, depois de muita discussão, os indígenas resolveram desarmar o acampamento na 9 de Julho, atendendo ao pedido do ministro (a greve de fome e os “cortes” na avenida já tinham sido suspensos na sexta-feira, dia 29). Foi uma demonstração de confiança no governo. Mas eles estão “com a pulga atrás da orelha”, como dizemos aí no Brasil. Na segunda-feira, dia 9, haverá nova rodada de negociação na Casa Rosada e eles estarão mobilizados aguardando o resultado. Dario Piri disse que se não sair uma solução eles voltarão a armar o acampamento.
Protestos e “cortes” de ruas: uma rotina argentina
Já falei aqui no meu blog da rotina de protestos e “cortes” de ruas em Buenos Aires (aliás, falei bastante disso também quando estive em Caracas e La Paz). Na quinta-feira da semana passada, dia 28/abril, fui à Praça de Maio cobrir a comemoração dos 34 anos de luta das Mães (“Madres”) da Praça de Maio.
Integrantes da Cooperativa de Trabalho 26 de Julho fechando a Avenida de Maio |
Segui mais adiante, umas quatro ou cinco quadras, e topei na Avenida 9 de Julho com o movimento dos povos originários de Formosa, conforme relato acima. Nesse dia 28/abril, segundo noticiário da TV, houve cinco “cortes” de ruas na capital portenha.
Operários de Acetatos Argentinos fazem manifestação para garantir direitos trabalhistas |
Um dos trabalhadores me contou que tentavam resguardar seus direitos trabalhistas, que estariam ameaçados por manobras dos patrões. De acordo com seu relato, a fábrica, que tem 200 empregados, foi fechada há quase três meses e os donos estão enrolando para deixá-los sem indenização.
Comentários