Dirigentes do movimento operário e socialista durante a concentração na Praça de Maio (Plaza de Mayo). No alto, três fotos de Mariano Ferreyra |
Milhares de pessoas foram às ruas exigindo a prisão dos responsáveis pela morte do militante do Partido Operário ("Obrero") |
Durante a concentração, foi lido um documento assinado por dezenas de partidos, sindicatos, entidades do movimento popular, parlamentares, políticos e personalidades, onde se pedia a punição dos “responsáveis” pelo assassinato. De acordo com as investigações, cujos resultados aparecem como consenso no noticiário da imprensa argentina, os autores da “emboscada” contra os manifestantes faziam parte de uma gangue (a imprensa daqui chama de “patota” e seus integrantes de “barrabravas”) recrutada e dirigida pela União Ferroviária (UF), entidade sindical oficial dos ferroviários, que é alinhada com o governo e é contra a atuação dos terceirizados e contratados, os quais lutam para ter sua situação trabalhista regularizada.
Sete estão presos, mas o Partido Operário quer a prisão dos “responsáveis políticos”
Sete pessoas apontadas como autores materiais do crime estão presas, incluindo Pablo Díaz, que é delegado da UF e que teria monitorado a gangue durante a “emboscada”. Mais três manifestantes foram feridos a tiros, dentre eles Elsa Rodriguez, que levou um tiro na cabeça e está em estado grave. Os dirigentes do Partido Obrero (PO) cobram a prisão dos “responsáveis políticos”, referindo-se explicitamente ao secretário geral da UF, José Pedraza, e acusam a polícia de ter facilitado a ação da gangue. A “presidenta” Cristina Kirchner declarou que os responsáveis serão punidos e reafirmou a posição de seu governo contra qualquer repressão aos movimentos populares. Nos protestos de rua na sexta-feira, de fato, não se viu nenhum tipo de cerceamento policial.
Integrantes do Movimento Tereza Rodriguez (MTR) aguardam, numa área da Plaza de Mayo, a chegada da passeata do Partido Obrero |
Outros eventos marcaram o primeiro mês da morte do militante socialista. Depois da concentração na Plaza de Mayo, houve uma “marcha de antorchas” (tochas) até o local onde Mariano foi morto, no bairro de Barracas, onde foi feita uma vigília até o meio-dia de sábado e inaugurada uma placa. Em seguida, os manifestantes foram até o hospital onde está internada Elsa Rodriguez. Foram realizadas mobilizações também em outras cidades do país. Para esta terça-feira, dia 23, está previsto um festival na Plaza de Mayo, organizado pela Federação Universitária de Buenos Aires.
(Somente para ilustração: o jornal Clarín, do maior grupo empresarial de comunicação da Argentina, que está em guerra com o governo Kirchner, dedicou a cabeça da página 6 de sua edição de sábado, dia 20, à manifestação do PO, com direito à foto na cabeça da página. O título: “Críticas ao Governo em marcha por Mariano Ferreyra”. Na página seguinte, outra matéria falando das investigações sobre o crime. O governo Kirchner, depois de longa luta no Congresso e, depois, na Justiça, emplacou uma Ley de los Medios, que atinge em cheio o monopólio do grupo Clarín. É considerada uma lei avançada, em relação ao tremendo atraso da legislação brasileira, no tocante à democratização dos meios de comunicação).
Repressão do Estado em tempos de democracia
Militantes de esquerda, ligados à Correpi, protestam na Plaza de Mayo contra a matança de jovens. Ao fundo, a Casa Rosada, palácio do governo |
Os representantes da Correpi fazem questão de esclarecer que se trata de repressão do Estado em tempos de democracia, inclusive no “governo dos Kirchner, que tanto gosta de se auto-proclamar como governo dos direitos humanos”. No balanço total, eles registram 3.093 pessoas assassinadas desde dezembro/83 até hoje (a última ditadura argentina foi de 1976 a 1983).
Comentários
ABRAÇÃO.
Só para informa-lo, amanhã 24.11 ás 9:00 h, Lula dará uma entrevista aos blogs "sujos", ao vivo via net, Vi o mundo, Os amigos do presidente Lula, Cloaca news, dentre outros...
Abraços!!!
Alô, alô, grande Rui, estamos sempre em contato, apesar da distância e graças ao milagre da blogosfera.
Pois é, Fabiano, pensei até em incluir alguma coisa das Madres de la Plaza de Mayo, mas não vai demorar uma matéria com elas (cheguei aqui na quarta, dia 17, no dia seguinte, quinta, dia 18, elas comemoraram 1.700 manifestações na Praça de Maio. Parece que, desde que começaram, em 1977, durante a última ditadura, elas vão à praça todas as quintas-feiras. O nome da praça é porque em 25 de maio de 1810 foi destituído o último vice-rei espanhol, começando a conquista da independência).