ELEIÇÕES: ATÉ AGORA, NENHUMA BOMBA

(Reproduzo artigo do jornalista Marcelo Salles, postado hoje, dia 30, na sua coluna SOBRE MÍDIA, POLÍTICA E ELEIÇÕES. O título acima é deste blog).

Por Marcelo Salles, do blog Fazendo Media: a média que a mídia faz

O debate na TV Globo transcorreu sem grandes surpresas, não houve nenhum fato que pudesse comprometer o atual quadro eleitoral, que mostra uma vantagem de Dilma sobre Serra entre 12% e 17% nas pesquisas (considerando os votos válidos).

Se no debate anterior Serra foi levemente melhor, no desta noite Dilma pareceu mais à vontade. Serena, respiração controlada, respostas precisas. Demonstrou conhecimento, firmeza e transmitiu confiança.

Serra, atrás nas pesquisas, poderia adotar a tática de partir para cima, abrir o confronto, mas não o fez. É verdade que o povo brasileiro não gosta de quem ataca, as tais pesquisas qualitativas já provaram isso – talvez uma das manifestações daquilo que Sérgio Buarque de Hollanda chamou de “homem cordial”. Só que para reverter a tendência, Serra precisava de um fato novo, que não se consegue com debates frios. Nem a tal armação que os tucanos estariam preparando para a marcha em São Paulo aconteceu. Estranho.

No primeiro turno, escrevi em minha coluna “Até a vitória, sempre!”, que mantenho no blog Escrevinhador, do jornalista Rodrigo Vianna (a propósito, leiam seu artigo na Caros Amigos desse mês, está um primor), que o setembro da direita ainda não havia acabado. Na ocasião, muitos já comemoravam vitória no primeiro turno.

Para resumir, escrevi o seguinte: no primeiro terço do mês, a direita se concentrou em denúncias de violação de sigilo na Receita Federal para atingir o PT. Em seguida veio o escândalo Erenice, que serviu para atacar Dilma diretamente. Por fim, eu disse, esperava mais um ataque à Dilma, dessa vez transformando sua história de luta contra a ditadura em “ações terroristas”. No conjunto da obra, a mensagem seria: “Dilma, se eleita, será a chefe suprema do Estado terrorista aparelhado”.

A terceira parte não se confirmou. Não da forma como achei que seria. O que aconteceu foi uma campanha sem precedentes, de calúnia e difamação, contra a candidata, por meios não convencionais. E-mails, panfletos apócrifos e centrais de telemarketing espalharam a mensagem que Dilma era abortista e até que ela defendia uma República satânica. Claro que as corporações de mídia entraram no debate e mantiveram o aborto em pauta, além de inflar ao máximo a “onda verde” de Marina Silva. O setembro da direita conseguiu inverter a tendência de vitória em primeiro turno e fomos para outubro.

Esse mês, tão famoso na história do século 20, não apenas por bruxas, mas por revoluções, insurreições, ainda terá de ser mais estudado, sobretudo o de agora, 2010. Há quem diga que o grande efeito do segundo turno foi aumentar o preço do PMDB, outros comentam que não foi à toa que a Globo substituiu o fuzil automático por um revólver 38, sugerindo acordos de bastidores.

É verdade que essa tese carece de comprovação, mas o fato é que ela se encaixa perfeitamente na conduta de Serra e das forças da direita na reta final do segundo turno. Pra quem já promoveu golpes de Estado, manipulou debates grosseiramente e tentou destituir o presidente mais popular da história com oito pedidos de impedimento, essa turma está muito sossegada.

Seguindo essa linha, o papel da direita e sua mídia estaria cumprido. Sentiram que não vai dar para vencer e resolveram adotar a tática do sangramento, já que bater de frente seria uma exposição que custaria muito caro futuramente (tanto em termos de credibilidade, no caso das corporações de mídia, quanto em futuras barganhas, no caso do resto da direita). Assim, caso eleita, Dilma estaria enfraquecida desde já. Se não por negociações ocorridas ao longo do mês, pelo menos devido à manutenção por mais 30 dias de Serra no seu pé e no calcanhar do PT, trabalhando intensamente o imaginário comum a ideia de que este é um “partido de aloprados”, de que o Estado é usado apenas como “cabide de empregos para a turma deles” e por aí vai.

O fato é que estamos a 24 horas do voto e o país não viu um fato político capaz de mudar a vontade expressa pelos eleitores até aqui. Por outro lado, não confio nas urnas eletrônicas, por não materializarem o voto para possibilitar recontagem, em caso de necessidade. E o fato político pode ser criado justamente aí, com uma surpresa na contagem, os institutos de pesquisa sem ter o que dizer e os colunistas da direita “explicando” que a manifestação do eleitor “nem sempre pode ser detectada com precisão” e generalidades do tipo.

De qualquer maneira, temos que estar atentos e fortes. As últimas horas devem ser de intensa disputa de votos, e para isso nada melhor que a comparação entre os dois projetos: Dilma-Lula x Serra-FHC. Apesar de muitos lunáticos não enxergarem diferenças, elas estão aí: 15 milhões de empregos x 5 milhões; na comunicação, EBC, Confecom e diversificação de verbas publicitárias x reforço do oligopólio no setor; economia crescendo a 7% x 2,5%; agricultura familiar com R$ 16 bilhões x R$ 2,6 bilhões; política externa soberana x “fala fino com EUA”; na educação, criação de mais de 100 escolas técnicas federais x paulada em professores; e por aí vai.

Por fim, é muito importante destacar que Dilma-Lula apostam no fortalecimento do Estado, enquanto Serra-FHC em seu enfraquecimento. Em outras palavras, é possível dizer que a escolha do dia 31 de outubro de 2010 será entre a construção coletiva de uma nação, em que todo o povo tenha seus direitos básicos assegurados, em contraposição à perspectiva de um país feito para poucos, onde imperam a privataria e a miséria na vida de milhões de brasileiros.

Comentários

Anônimo disse…
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