Renato Rovai (editor da revista Fórum), Ubiraci Oliveira, o Bira (da CGTB), Guto (do Sindicato dos Jornalistas) e Miro (do Centro Barão de Itararé) |
A frase-título acima está na mensagem Pela mais ampla liberdade de expressão, lida - e interrompida seguidamente pelos aplausos – por Altamiro Borges, o Miro, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, entidade organizadora da manifestação: “Solicitar, através de pedidos individuais e coletivos, que a vice-procuradora regional eleitoral, Dra. Sandra Cureau, peça a abertura dos contratos e contas de publicidade de outras empresas de comunicação – Editora Abril, Grupo Folha, Estadão e Organizações Globo –, a exemplo do que fez recentemente com a revista CartaCapital. É urgente uma operação “ficha limpa” na mídia brasileira”.
Aprovadas cinco propostas do Centro Barão de Itararé
Miro dirigiu o ato (atrás Gilmar Mauro, do MST, e ao lado Nivaldo Santana, da CTB) |
Outra proposta : “Deflagrar uma campanha nacional em apoio à banda larga, que vise universalizar este direito e melhorar o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) recentemente apresentado pelo governo federal”, com o pedido de “pressão social” neste sentido. Decidiu-se também apoiar a proposta do jurista Fábio Konder Comparato, que prepara uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) por omissão do Congresso Nacional na regulamentação dos artigos da Constituição que versam sobre comunicação, inclusive proibindo os monopólios.
A última proposta foi a redação de um documento, “assinado por jornalistas, blogueiros e entidades da sociedade civil, que ajude a esclarecer o que está em jogo nas eleições brasileiras e o papel que a chamada grande imprensa tem jogado neste processo decisivo para o país. Ele deverá ser amplamente divulgado em nossos veículos e será encaminhado à imprensa internacional”.
“Os inimigos da democracia não estão no Auditório Vladimir Herzog”
A mensagem lida por Miro se ocupou ainda em explicar que aquele ato “adquiriu uma dimensão inesperada”, acrescentando: - Alguns veículos da chamada grande imprensa atacaram esta iniciativa de maneira caluniosa e agressiva. Afirmaram que o protesto é “chapa branca”, promovido pelos “partidos governistas” e por centrais sindicais e movimentos sociais “financiados pelo governo Lula”. De maneira torpe e desonesta, estamparam em suas manchetes que o ato é “contra a imprensa”. E retrucou que, na verdade, ali estavam os comprometidos com a democracia, com a verdadeira liberdade de imprensa, ao contrário da grande mídia, que apoiou o golpe militar de 1964, apoiou a censura, apoiou a tortura.
Cerca de 300 pessoas se apertaram no auditório do sindicato dos jornalistas |
Logo em seguida, José Augusto Camargo, o Guto, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e secretário geral da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), leu o manifesto Em defesa dos jornalistas, da ética e do direito à informação, falando do aviltamento do trabalho dos profissionais da redação diante da tirania das empresas. Destacou que “a liberdade de imprensa é o principal instrumento do jornalista profissional. Não é propriedade dos proprietários dos meios de comunicação”. E esclareceu: “Os jornalistas perderam força e importância no processo de elaboração da informação no interior das empresas. Cada vez menos jornalistas detêm o poder da informação que será fornecida à opinião pública. Ela passa por uma triagem prévia já no seu processo de edição e aqueles que descumprem a dita orientação editorial são penalizados”.
Os manifestantes expressaram sua indignação contra o "denuncismo" partidarizado da mídia |
“O próximo governo tem de investir na democratização da mídia”
Este mesmo espírito impregnou os pronunciamentos dos representantes de partidos, centrais sindicais e entidades do movimento social. Gilmar Mauro, da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), frisou estar dentro da lógica da luta popular a criminalização dos movimentos sociais por parte da velha mídia. Disse mais ou menos assim: “Se ela começar a falar bem da gente, aí sim devemos nos preocupar, porque certamente estaremos do lado errado ou fazendo algo errado”. E defendeu: “O próximo governo tem de investir na democratização da mídia, na democratização da terra e na democratização da economia”. Falaram também dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom), Movimento dos Sem-Mídia (MSM), e dos partidos políticos PC do B, PDT e PSB.
Os representantes do PT e da UNE (União Nacional dos Estudantes) foram anunciados, mas não chegaram a tempo, pois o ato teve a duração abreviada (pouco mais de uma hora, a partir das 7:15 da noite), devido ao aperto e ao calor. Os discursos foram breves, de acordo com o apelo de Miro, que explicou que os ataques da mídia contra a manifestação chamaram mais gente do que o esperado. Pensou-se até em transferi-la para a porta do sindicato, na Rua Rego Freitas, mas não havia infraestrutura para tal. Além do pessoal comprimido no auditório, muita gente ficou pelos corredores e entrada do prédio.
Luiza Erundina (ao lado Miro) fez o último discurso da noite, o mais exaltado e, claro, muito aplaudido |
(A íntegra dos manifestos do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo está, respectivamente, no blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha, e no sítio do sindicato).
Comentários
Vlmir Cunha Salvador.