FRENTE DO FÓRUM EM SP VIRA PRAÇA DE GUERRA



De São Paulo (SP) – A Praça João Mendes, na capital paulista, onde está o Fórum João Mendes, considerado o maior da América Latina – abriga 44 varas -, foi transformada nesta quarta-feira, dia 7, das 4 às 5 horas da tarde, numa praça de guerra, lembrando aos mais idosos cenas de violência comuns na época da ditadura.




Homens da Polícia Militar investiram contra os grevistas da Justiça estadual, que ensaiaram entrar no prédio logo após a assembléia dos servidores, que mais uma vez acabavam de aprovar a continuidade da greve que está completando 70 dias (iniciada em 28 de abril). Já havia o precedente da ocupação do Fórum pelos funcionários, há três semanas, resultando na suspensão dos serviços durante uns três dias úteis.




Tudo começou no final da assembleia, com cerca de 800 pessoas: os servidores, muitos de braços dados, foram se encaminhando para a entrada do Fórum e acabaram cercando os homens da Polícia Militar, os quais, a esta altura dos acontecimentos, com um contingente reforçado (em seguida foram chegando mais PMs), de mãos dadas, barravam o acesso ao prédio.






As fotos acima buscam retratar os momentos de maior tensão e aflição entre os grevistas, quando um grupo da polícia de choque – devidamente protegido com os característicos escudos – avançou disparando algumas bombas de efeito moral contra os servidores, visando dispersá-los (houve também golpes de cassetete). Mas não conseguiu. Logo após algumas correrias e um certo esvaziamento da praça, os grevistas voltaram a cercar os policiais, acusando-os de covardia e fazendo apelos do tipo: “polícia é pra bandido”, “somos trabalhadores, pais de família”, “lembrem de teus filhos”. Alguns, incluindo oficiais, demonstraram desconforto e constrangimento






Na uma sequência impactante, fotos de um grevista (na correria do momento e mais ocupado com as fotos, me esqueci de identificá-lo) que se ajoelha e levanta os braços em sinal de rendição diante de dois dos mais exaltados atiradores. Depois, notando dois fotógrafos pegando o lance, ele se volta para eles e dá as costas aos policiais, mantendo o gesto, enquanto uma grevista faz um apelo dramático aos atiradores. (O outro fotógrafo me disse ser do Estadão, pensei, seria foto de capa, primeira página, se a grande imprensa tivesse interesse de cobrir tais fatos).



Houve um homem ferido. Deitado no chão, de aparência pobre, parecia queixar-se de dores na região do peito. Foi levado numa ambulância pela polícia. Não seria alguém que pertença ao movimento, segundo disseram policiais e servidores.

Durante toda esta movimentação, os grevistas dedicaram uma atenção especial aos seus colegas que estavam trabalhando e, na hora da confusão, alguns ficavam lá das janelas espiando o conflito. Gritavam advertências e xingamentos, constrangendo-os por estarem furando o movimento. Os próprios dirigentes da greve reconhecem que apenas cerca de 20% dos mais de 40 mil funcionários da Justiça paulista estão parados (há greve também na Justiça federal). Mas acreditam que vale a pena manter a paralisação e que a direção da Justiça paulista se sente incomodada.

E a queda-de-braço não aparenta ter um fim próximo: os grevistas, já punidos com desconto nos salários pelos dias parados, pedem 20,16% de reposição salarial e a presidência do Tribunal de Justiça, segundo os dirigentes sindicais, acena com a possibilidade de conceder 4,77%, dependendo de projeto a ser aprovado pela Assembleia Legislativa, a qual, como se sabe, está em recesso e, até 3 de outubro, os deputados estão enterrados na campanha eleitoral.

Comentários

É disso que me referia no outro comentario à sua postagem "Perdido na imensidão paulistana". Não me referia a encontros de chá entre grupos de migrantes tradicionais: gauchos, italianos, chinesses, nordestidos da Bahia ou do Rio Grande do Norte (como um amigo meu chamado Francisco), que se encontram nas festividades de Santos das Igrejas (normalmente os mais moralistas) e/ou mesmo na noite paulistana (as conhecidas tribos: cujos individuos são na grande maioria os niilistas), mas sobre essa relação conturbada entre Estado e as massas (que é a união de individuos isolados. Uma maioria que se junta apenas em situações específicas na esperança de conseguir melhores condições de vida). Infelizmente a palavra "massa", acaba tendo um sentido pejorativo. Sabemos, no entanto, (no caso dos movimentos sociais contemporâneos, que não são mobilizados para brigar nas ruas) que ela é uma ferramenta conceitual para explicar a união dos individuos a fim de gerar poder e não simplesmente força (cada pensador tem uma definição própria para os conceitos. Seria interessante ver: http://www.filosofia.com.br/vi_classic.php?id=19 ).

Enfim, sua cobertura, Jadson, é uma alternativa muito inteligente para podermos ter acesso aos conflitos sociais, já que a grande mídia tem outros interesses.

Um forte abraço companheiro.
Joana D'Arck disse…
Isso mesmo Jonas. Também eu quis me referir ao olhar do social e político, quando disse que gostaria de conhecer Sampa pelos olhos de Jadson, pessoa sensível, com senso crítico e visão política humanista, e de grande saque de repórter. Disse a ele, por e-mail, que estou morrendo de inveja desse resgate de reportagem que ele agora faz com tanto entusiasmo e compromisso com a informação.Grande Jadson, vá em frente, descortine esse mundão, onde "a mente apavora o que ainda não é mesmo velho/ nada do que não era antes, quando não somos mutantes..."
Anônimo disse…
Suas reportagens são sempre boas, de olho na polícia e nos manifestantes!

Fabiano
Companheiro Jadson td. bem acabei de postar essa matéria no ananindeuadebates. procurei o credito das fotos não achei, favor enviar. Outra coisa fala com o webdesgner para colocar outro plano de fundo no seu blog esse deixa o blog pesado demais para quem tem só 1 mga., coloquei no nosso blog e tirei.

abração
Outra coisa, fala para a sua editora Joana D´´Arck com todo respeito. Que toda vez que vejo a foto dela na caixa de comentârios, fico com uma saudade da nossa Bahia.
Como canta meu Pai Caimmy. "Eu vim da Bahia qualquer, dia eu volto pra lá"
abração
Joana D'Arck disse…
As fotos são de Jadson e o crédito está na página Quem somos. Quando não são de autoria dele é que a gente credita na postagem principal. Vamos considerar a sugestão do pano de fundo. Era para dar um ar de novidade, mas se isto atrapalha a gente simplifica.
Obrigado, pelas informações.
E como diz meu Pai Caimmy
"Adalgisa mandou dizer, a Bahia está viva ainda lá, meu candoblé está lá"
abraços