Trinidad terá eleições em 24 de maio


De Porto Espanha (Trinidad e Tobago) – Depois de muita pressão da oposição e outros setores da sociedade, o governo do primeiro-ministro Patrick Manning (foto) do Movimento Nacional do Povo (People’s National Movement – PNM), anunciou na sexta-feira, dia 16, a convocação de eleições gerais para 24 de maio.



Segundo matéria do jornal Newsday, deve ser uma das campanhas mais intensas em décadas, embora (observo com olhar brasileiro) tenha a duração de apenas cinco semanas. Manning e seu partido estão no poder desde dezembro/2001, tendo sido confirmado no cargo em eleições de 2007. (Há o presidente George Richards, que faz o papel de rainha da Inglaterra, já que o regime é parlamentarista).

Os partidos vão definir os candidatos ao Parlamento até o próximo dia 3. Os jornais falam de apenas três partidos: além do governista, dois outros que estão aliados na oposição: Congresso Nacional Unido (UNC – United National Congress) e Congresso do Povo (COP – Congress of the People).

As pressões contra Patrick Manning (os jornais usam muito a sigla PM, ele é o chefe do governo e líder do PNM) são sustentadas por três supostas debilidades de sua administração: o relacionamento com os trabalhadores (ou os sindicatos), as denúncias de corrupção e o problema da insegurança pública (criminalidade).

Nestes últimos 30 dias em que estou por aqui, sempre que abro um jornal há matérias sobre investigação de corrupção no órgão governamental Corporação (ou Empresa) de Desenvolvimento Urbano de Trinidad e Tobago. O governo já mudou toda a direção do órgão, mas o assunto continua em pauta diariamente.


No início do mês, a principal líder oposicionista, Kamla Persad-Bissessar (foto), do UNC, tinha proposto uma moção de desconfiança contra Manning e este reagiu dissolvendo o Parlamento (não tem nada a ver com golpe, são procedimentos normais, constitucionais, no parlamentarismo). PM, para usar a sigla comum aqui, declarou então que as novas eleições seriam antes de 8 de julho. A pressão foi aumentando pela definição da data, até o anúncio da sexta-feira.


 

Topei mais uma eleição

Após a excitante experiência da cobertura das eleições de 6 de dezembro na Bolívia, eis que, assim de surpresa, topo com tal evento aqui em Trinidad, onde julguei que a política estivesse fora da minha pauta. Vou tentar acompanhar o processo, mas sei que com mil e uma limitações, a começar pelo não domínio do inglês.

Como vocês podem ver, fiz a matéria acima baseado nas informações dos jornais, com dados factuais, bastante óbvios. Evidentemente, não tenho condições de entrar em questões de fundo, tentar entender o que realmente está em jogo num pleito desse. O tom que vejo nas declarações publicadas nos jornais me dá a idéia de um jogo meramente moralista, numa sociedade capitalista bastante estável.

O Newsday fala num cartaz da campanha eleitoral, chamando o dia 24 de maio de “Deliverance Day”, que na minha tradução seria mais ou menos “Dia da Salvação”. Parece coisa de religião. E a líder da oposição, Kamla Bissessar, candidata, portanto, a primeira-ministra, já apareceu de braços com um dos marqueteiros da campanha de Barack Obama. O jornal que fala do assunto deu à matéria um título sugestivo: “Yes she can” (“Sim ela pode”), cópia do slogan de Obama.

Que tal? Mas, sem precipitações, vamos em frente.

Comentários

Anônimo disse…
E como é que você vai fazer para se credenciar dessa vez se seu registro expirou na época da eleição em Bolívia?

De qualquer jeito aproveite para comparar estes sistemas democráticos tão diferentes.

Fabiano