O título acima se refere à entrevista publicada no jornal O Bancario, em que falo sobre a atuação do movimento sindical bancário e do meu giro pelo países da América do Sul.
Íntegra da entrevista:
16/03/2010
O jornalista Jadson Oliveira trabalhou em diversas assessorias e jornais da Bahia – Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia, sucursal do Estadão, jornal Movimento – entre 1974 e 2007. Na década de 70, militou no PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e no movimento sindical bancário. Ao aposentar-se, começou a viajar pelo Brasil, América Latina e Caribe. Esteve, inclusive no Paraguai e Bolívia, onde acompanhou o processo que reelegeu o presidente Evo Morales.
O Bancário – Como foi sua participação no Sindicato dos Bancários da Bahia?
Jadson Oliveira – Lá pelo ano de 1972, começamos com alguns colegas um movimento, chamado depois de “oposição bancária”, visando participar da vida do Sindicato com o objetivo de, se ou quando possível, tomar a direção da entidade das mãos dos pelegos, que faziam o jogo dos banqueiros e da ditadura. O mais empenhado nesta fase era Geraldo Guedes, velho companheiro de militância política, como eu do antigo Banco do Estado da Bahia (Baneb).
Em 1975, chegamos a formar uma chapa para concorrer às eleições sindicais, mas ela foi vetada pelos “órgãos de segurança”. Era presidida pelo companheiro Corinto Soares Joazeiro, do antigo Banco Econômico, remanescente do movimento bancário desarticulado em 1969.
Depois desta tentativa, a “oposição bancária” perdeu a eleição em 1978 e ganhou a seguinte, em 1981.
O Bancário – Como era o momento político que o país vivia naquele período?
JO – Bem, pelo veto dos chamados órgãos de segurança, já dá para sentir o clima. Hoje as pessoas têm até dificuldade de entender tal veto, soa como algo inacreditável. Mas, naquela época era considerado normal (se não estamos violentando o termo). Lembrar que estávamos sob a égide do AI-5, o auge do arbítrio, os militares – com os civis aproveitadores da ditadura, como os pelegos nos sindicatos dos trabalhadores – podiam tudo. Em agosto/2009, publiquei em meu blog Evidentemente (blogdejadson.blogspot.com), artigo intitulado “Lembrança do destemido dom Timóteo”, onde falo um pouco dessa luta e lembro inclusive a ajuda do advogado Adelmo Oliveira.
O Bancário – Você trabalhou ou chegou a colaborar com o jornal da entidade?
JO – Não. Aproveito a pergunta para lembrar que no início dos anos 70, quando iniciamos o movimento em torno do Sindicato dos Bancários, circulava entre nós um jornalzinho mimeografado, clandestino ou semi-clandestino, cujo nome era justamente O Bancário. Era elaborado e circulava graças aos esforços, principalmente, do companheiro Geraldo Guedes. Não sei até que ponto tal jornalzinho está inserido na trajetória de O Bancário, jornal da entidade, que está festejando 20 anos de edição diária.
O Bancário – Como você vê tal experiência? É o único jornal sindical impresso diário no país?
JO – Lido profissionalmente como jornalista desde 1974 (há uns dois anos, depois de aposentado, virei blogueiro), mas nunca trabalhei na imprensa sindical. Todavia, depois de minha experiência acompanhando um pouco os movimentos sociais e a política – especialmente em Curitiba, Caracas, Assunção e La Paz –, tenho a convicção de que os trabalhadores e os segmentos mais explorados e injustiçados da sociedade têm que construir seus próprios meios de comunicação. Não deve ser fácil, mas, na conjuntura atual, está claro que os compromissos da grande imprensa capitalista são de outra ordem. Imprensa sindical, rádios e TVs comunitárias, novos instrumentos fornecidos pela tecnologia da informação, pela Internet, eis as alternativas. O povo tem o direito a informar e não apenas ser informado. Os bancários baianos, neste sentido, dão um belo exemplo.
Íntegra da entrevista:
16/03/2010
O jornalista Jadson Oliveira trabalhou em diversas assessorias e jornais da Bahia – Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia, sucursal do Estadão, jornal Movimento – entre 1974 e 2007. Na década de 70, militou no PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e no movimento sindical bancário. Ao aposentar-se, começou a viajar pelo Brasil, América Latina e Caribe. Esteve, inclusive no Paraguai e Bolívia, onde acompanhou o processo que reelegeu o presidente Evo Morales.
O Bancário – Como foi sua participação no Sindicato dos Bancários da Bahia?
Jadson Oliveira – Lá pelo ano de 1972, começamos com alguns colegas um movimento, chamado depois de “oposição bancária”, visando participar da vida do Sindicato com o objetivo de, se ou quando possível, tomar a direção da entidade das mãos dos pelegos, que faziam o jogo dos banqueiros e da ditadura. O mais empenhado nesta fase era Geraldo Guedes, velho companheiro de militância política, como eu do antigo Banco do Estado da Bahia (Baneb).
Em 1975, chegamos a formar uma chapa para concorrer às eleições sindicais, mas ela foi vetada pelos “órgãos de segurança”. Era presidida pelo companheiro Corinto Soares Joazeiro, do antigo Banco Econômico, remanescente do movimento bancário desarticulado em 1969.
Depois desta tentativa, a “oposição bancária” perdeu a eleição em 1978 e ganhou a seguinte, em 1981.
O Bancário – Como era o momento político que o país vivia naquele período?
JO – Bem, pelo veto dos chamados órgãos de segurança, já dá para sentir o clima. Hoje as pessoas têm até dificuldade de entender tal veto, soa como algo inacreditável. Mas, naquela época era considerado normal (se não estamos violentando o termo). Lembrar que estávamos sob a égide do AI-5, o auge do arbítrio, os militares – com os civis aproveitadores da ditadura, como os pelegos nos sindicatos dos trabalhadores – podiam tudo. Em agosto/2009, publiquei em meu blog Evidentemente (blogdejadson.blogspot.com), artigo intitulado “Lembrança do destemido dom Timóteo”, onde falo um pouco dessa luta e lembro inclusive a ajuda do advogado Adelmo Oliveira.
O Bancário – Você trabalhou ou chegou a colaborar com o jornal da entidade?
JO – Não. Aproveito a pergunta para lembrar que no início dos anos 70, quando iniciamos o movimento em torno do Sindicato dos Bancários, circulava entre nós um jornalzinho mimeografado, clandestino ou semi-clandestino, cujo nome era justamente O Bancário. Era elaborado e circulava graças aos esforços, principalmente, do companheiro Geraldo Guedes. Não sei até que ponto tal jornalzinho está inserido na trajetória de O Bancário, jornal da entidade, que está festejando 20 anos de edição diária.
O Bancário – Como você vê tal experiência? É o único jornal sindical impresso diário no país?
JO – Lido profissionalmente como jornalista desde 1974 (há uns dois anos, depois de aposentado, virei blogueiro), mas nunca trabalhei na imprensa sindical. Todavia, depois de minha experiência acompanhando um pouco os movimentos sociais e a política – especialmente em Curitiba, Caracas, Assunção e La Paz –, tenho a convicção de que os trabalhadores e os segmentos mais explorados e injustiçados da sociedade têm que construir seus próprios meios de comunicação. Não deve ser fácil, mas, na conjuntura atual, está claro que os compromissos da grande imprensa capitalista são de outra ordem. Imprensa sindical, rádios e TVs comunitárias, novos instrumentos fornecidos pela tecnologia da informação, pela Internet, eis as alternativas. O povo tem o direito a informar e não apenas ser informado. Os bancários baianos, neste sentido, dão um belo exemplo.
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