De Salvador (Bahia) – Enquanto me preparo para embarcar numa nova viagem, desta vez ao Caribe (Trinidad e Tobago), peço licença aos meus leitores para publicar o diário de uma caminhada de 158 quilômetros, da Praia do Forte, na Bahia, a Abaís, em Sergipe, entre os dias 4 e 12 de janeiro de 2001. Os protagonistas: Deta, minha namorada e fotógrafa titular do blog, e eu, o autor do diário, escrito no fulgor da “batalha”. Andamos, pela praia, uma média de 17,5 Km por dia – o mínimo de 9 Km/dia e o máximo de 28 Km/dia.
Foram nove dias de muitas emoções, uma aventura gostosa e inesquecível, uma experiência marcante. Nove dias convivendo somente com a areia, o mar, os povoados e as gentes/pescadores do litoral norte baiano, atravessando o Rio Real e chegando pertinho de Aracaju, a bela paisagem, os coqueiros, os pássaros, o desafio, os pés machucados, o cansaço, a superação dos limites, o exercício de outras rotinas. Um barato! poderíamos dizer se estivéssemos nos anos 60.
Sei que é um tema diferente do que normalmente é tratado no meu blog, mas não resisto à tentação de ver o diário publicado. Ao relê-lo agora, depois de nove anos, confesso que me emocionei. E botei um título mais bonito nesta abertura. O título original está aí embaixo. Muito frio, né? Como, aliás, é o estilo do diário, informativo, técnico, seco, sem devaneios, sem “viagens”.
Creio ser útil e interessante para as pessoas que curtem aventuras semelhantes.
Foram nove dias de muitas emoções, uma aventura gostosa e inesquecível, uma experiência marcante. Nove dias convivendo somente com a areia, o mar, os povoados e as gentes/pescadores do litoral norte baiano, atravessando o Rio Real e chegando pertinho de Aracaju, a bela paisagem, os coqueiros, os pássaros, o desafio, os pés machucados, o cansaço, a superação dos limites, o exercício de outras rotinas. Um barato! poderíamos dizer se estivéssemos nos anos 60.
Sei que é um tema diferente do que normalmente é tratado no meu blog, mas não resisto à tentação de ver o diário publicado. Ao relê-lo agora, depois de nove anos, confesso que me emocionei. E botei um título mais bonito nesta abertura. O título original está aí embaixo. Muito frio, né? Como, aliás, é o estilo do diário, informativo, técnico, seco, sem devaneios, sem “viagens”.
Creio ser útil e interessante para as pessoas que curtem aventuras semelhantes.
UMA AVENTURA DE 158 KM EM NOVE DIAS
Da Praia do Forte (BA) a Abaís (SE)
1º dia – 4/1/2001 (quinta-feira)
Escrito à noite – Pousada Tendal (Diogo)
Salvador – Praia do Forte – 9:45 a 12h (de ônibus)
Almoço – peixe grelhado, arroz e batata recheada (ótimo). Mas a entrada (casquinha de siri) estava muito salgada e Deta, com medo de pressão alta, deixou quase tudo pra mim.
Durante o almoço, Deta retoma a grande idéia ocorrida ainda no ônibus: por que não sair caminhando logo hoje, pois o tempo está nublado. Antecipamos, então, o início da esperada, planejada, ansiada e temida caminhada. Ao invés de dormirmos em Praia do Forte e iniciarmos a jornada no dia seguinte cedo (sexta-feira), decidimos começar logo.
Praia do Forte – Diogo
Saída – 1:30
Chegada Imbassaí – 4h (10 Km)
Saída Imbassaí – 4:15
Chegada Diogo – 5:30 (5 Km)
Chegada Pousada de Ivan/Sandra (travessia de uns 500 metros de areia/dunas) – 6h
Início desanimador – Meio desajeitados, começamos a tão esperada aventura. Antes compramos 2 litros de água mineral. Molhamos as toalhas amarelas (toalhas apropriadas contra o calor – são molhadas, mantêm-se por muito tempo umedecidas e são usadas na cabeça e pescoço) num banheiro do Projeto Tamar, disfarçando para não chamarmos a atenção. Os primeiros 30 minutos foram desastrosos. A partir da pracinha de Praia do Forte e do Projeto Tamar, andamos com dificuldade na areia fofa, maré alta, ainda sem todos os preparativos/apetrechos da caminhada. Após meia hora (durante esse tempo tememos fracassar na empreitada, embora, lembrando o companheiro Fábio Rego, “fracasso é não tentar”), demos uma parada e nos preparamos para a jornada, conforme o planejado:
- protetor solar
- camisas e bermudas adequadas
- água nos cantis
- toalha molhada na cabeça
Aí começamos a dar um ritmo melhor. Passamos a andar pela borda do coqueiral – pelo mato – pois é cansativo e vagaroso andar na areia fofa, praia inclinada, com maré alta. Experimentamos mais adiante andar pela praia, mas não deu e voltamos pro mato. Comecei a sentir os pés, os dedos dos pés atritando na basqueteira. Após 1:30h caminhando resolvi tirar a basqueteira. “Ah que sensação maravilhosa sentir os dedos e os pés na água, uma sensação de liberdade”, disse Deta, que me acompanhou e se livrou também da basqueteira. Passamos a andar, então, descalços, beirando a água, sentindo a água nos pés e nas pernas.
Antes, quando ainda estávamos pelo mato, um homem, com jeito de gringo, acompanhado por um negro, mancando, nos saudou no trajeto, demonstrando simpatia. De volta ao relato (andando descalços), tivemos um longo trecho deserto, não encontramos mais ninguém numa longa quebrada, com areia batida, boa para a caminhada. Já perto do final deste longo trecho, avistamos o que parecia, de longe, duas pessoas pescando e duas varas de pescar. Ao nos aproximarmos, pouco a pouco, constatamos se tratar de três pessoas e três varas. Comentamos que deveria haver um aglomerado por ali. Ou então, (será?), já é Imbassaí.
Grande expectativa – uma dorzinha já incomodava as batatas da perna. Será que já é Imbassaí? Alegria geral, era mesmo. Tínhamos conseguido fazer os 10 km em 2:30h. O feito foi saudado como uma grande vitória.
Agora é tocar pra frente e chegar logo no Diogo. Compramos três garrafinhas (500 ml) de água mineral e tomamos logo uma – “Oh! Como é boa uma água gelada”. Botamos as outras duas nos cantis e tocamos.
“Meus cascos estão doendo”, eu disse, arrancando uma risada de Deta: “Casco não, amor, solado, casco é de bicho”. Pois é, meu solado estava irritado e ardia. Calcei então uma meia de Deta, conforme sua sugestão. Aliviou um pouco e marchamos os 5 Km rumo a Diogo, cheios de júbilo, certos de que conseguimos, no primeiro dia, superar nossas expectativas.
Escrito no dia 5 (pela manhã) – ainda na Pousada Tendal (Diogo)
A “longa travessia” ontem na chegada – trecho de 500 mts, de dunas, entre a praia de Santo Antonio e Pousada Caminho do Rio (de Ivan/Sandra) – nunca foi tão longa. O cansaço, a sensação de que já tínhamos chegado, tudo contribuiu para aquela moleza no corpo – os membros recusando a obedecer as ordens do cérebro – depois dos 15 Km de caminhada a partir de Praia do Forte.
Chegamos afinal. Tomamos duas cervejas. Não havia vaga em Ivan/Sandra e fomos, então, a outra pousada, Tendal, de Roger, Rosane e o pequeno Raul. Uma cabana agradabilíssima. Deta tomou duas latinhas de cerveja e eu uma dose de Chivas, comemos uma pizza deliciosa (o adjetivo é por conta de Deta) e dormimos por volta das 22h.
Da Praia do Forte (BA) a Abaís (SE)
1º dia – 4/1/2001 (quinta-feira)
Escrito à noite – Pousada Tendal (Diogo)
Salvador – Praia do Forte – 9:45 a 12h (de ônibus)
Almoço – peixe grelhado, arroz e batata recheada (ótimo). Mas a entrada (casquinha de siri) estava muito salgada e Deta, com medo de pressão alta, deixou quase tudo pra mim.
Durante o almoço, Deta retoma a grande idéia ocorrida ainda no ônibus: por que não sair caminhando logo hoje, pois o tempo está nublado. Antecipamos, então, o início da esperada, planejada, ansiada e temida caminhada. Ao invés de dormirmos em Praia do Forte e iniciarmos a jornada no dia seguinte cedo (sexta-feira), decidimos começar logo.
Praia do Forte – Diogo
Saída – 1:30
Chegada Imbassaí – 4h (10 Km)
Saída Imbassaí – 4:15
Chegada Diogo – 5:30 (5 Km)
Chegada Pousada de Ivan/Sandra (travessia de uns 500 metros de areia/dunas) – 6h
Início desanimador – Meio desajeitados, começamos a tão esperada aventura. Antes compramos 2 litros de água mineral. Molhamos as toalhas amarelas (toalhas apropriadas contra o calor – são molhadas, mantêm-se por muito tempo umedecidas e são usadas na cabeça e pescoço) num banheiro do Projeto Tamar, disfarçando para não chamarmos a atenção. Os primeiros 30 minutos foram desastrosos. A partir da pracinha de Praia do Forte e do Projeto Tamar, andamos com dificuldade na areia fofa, maré alta, ainda sem todos os preparativos/apetrechos da caminhada. Após meia hora (durante esse tempo tememos fracassar na empreitada, embora, lembrando o companheiro Fábio Rego, “fracasso é não tentar”), demos uma parada e nos preparamos para a jornada, conforme o planejado:
- protetor solar
- camisas e bermudas adequadas
- água nos cantis
- toalha molhada na cabeça
Aí começamos a dar um ritmo melhor. Passamos a andar pela borda do coqueiral – pelo mato – pois é cansativo e vagaroso andar na areia fofa, praia inclinada, com maré alta. Experimentamos mais adiante andar pela praia, mas não deu e voltamos pro mato. Comecei a sentir os pés, os dedos dos pés atritando na basqueteira. Após 1:30h caminhando resolvi tirar a basqueteira. “Ah que sensação maravilhosa sentir os dedos e os pés na água, uma sensação de liberdade”, disse Deta, que me acompanhou e se livrou também da basqueteira. Passamos a andar, então, descalços, beirando a água, sentindo a água nos pés e nas pernas.
Antes, quando ainda estávamos pelo mato, um homem, com jeito de gringo, acompanhado por um negro, mancando, nos saudou no trajeto, demonstrando simpatia. De volta ao relato (andando descalços), tivemos um longo trecho deserto, não encontramos mais ninguém numa longa quebrada, com areia batida, boa para a caminhada. Já perto do final deste longo trecho, avistamos o que parecia, de longe, duas pessoas pescando e duas varas de pescar. Ao nos aproximarmos, pouco a pouco, constatamos se tratar de três pessoas e três varas. Comentamos que deveria haver um aglomerado por ali. Ou então, (será?), já é Imbassaí.
Grande expectativa – uma dorzinha já incomodava as batatas da perna. Será que já é Imbassaí? Alegria geral, era mesmo. Tínhamos conseguido fazer os 10 km em 2:30h. O feito foi saudado como uma grande vitória.
Agora é tocar pra frente e chegar logo no Diogo. Compramos três garrafinhas (500 ml) de água mineral e tomamos logo uma – “Oh! Como é boa uma água gelada”. Botamos as outras duas nos cantis e tocamos.
“Meus cascos estão doendo”, eu disse, arrancando uma risada de Deta: “Casco não, amor, solado, casco é de bicho”. Pois é, meu solado estava irritado e ardia. Calcei então uma meia de Deta, conforme sua sugestão. Aliviou um pouco e marchamos os 5 Km rumo a Diogo, cheios de júbilo, certos de que conseguimos, no primeiro dia, superar nossas expectativas.
Escrito no dia 5 (pela manhã) – ainda na Pousada Tendal (Diogo)
A “longa travessia” ontem na chegada – trecho de 500 mts, de dunas, entre a praia de Santo Antonio e Pousada Caminho do Rio (de Ivan/Sandra) – nunca foi tão longa. O cansaço, a sensação de que já tínhamos chegado, tudo contribuiu para aquela moleza no corpo – os membros recusando a obedecer as ordens do cérebro – depois dos 15 Km de caminhada a partir de Praia do Forte.
Chegamos afinal. Tomamos duas cervejas. Não havia vaga em Ivan/Sandra e fomos, então, a outra pousada, Tendal, de Roger, Rosane e o pequeno Raul. Uma cabana agradabilíssima. Deta tomou duas latinhas de cerveja e eu uma dose de Chivas, comemos uma pizza deliciosa (o adjetivo é por conta de Deta) e dormimos por volta das 22h.
Comentários