A Corte Nacional Eleitoral (CNE) chegou ontem, segunda-feira, dia 14 - oito dias após as eleições -, aos quase 100% dos votos da vitória do presidente Evo Morales. A computação dos sufrágios chegou aos 99,23%. Eis os números: Evo e seu Movimento Ao Socialismo (MAS): 64,08% dos votos(10 pontos percentuais acima da sua eleição em 2005), enquanto o segundo e terceiro colocados ficaram com 29,5% e 5,6%.
A maioria de 2/3 do congresso foi confirmada. No Senado, onde o MAS é atualmente minoria, e pela nova Constituição passará a ter 36 membros, o placar ficou assim: governo 26 e oposição 10. Na Câmara dos Deputados, o MAS elegeu 87 (ou 88, um ainda está pendente) dos 130 deputados. Dos 327 (ou 328) municípios, os governistas tiveram maioria em 269.
Nos nove departamentos (estados), Evo teve vitórias esmagadoras em três (La Paz, Oruro e Potosí); frentes folgadas em dois (Cochabamba e Chuquisaca); uma vitória equilibrada em Tarija; e derrotas, com votação equilibrada, em três (Santa Cruz, Beni e Pando). Estes quatro últimos departamentos são aqueles da famosa Meia Lua, que era considerado bastião inexpugnável da direita, onde os massistas conseguiram finalmente penetrar. Só para ilustrar: a representação dos senadores nos quatro “estados” está dividida meia a meio.
Houve 5,1 milhões de eleitores inscritos. O comparecimento às urnas foi récorde: mais de 90%, um percentual que faz morrer de inveja as mais badaladas democracias ocidentais. Os votos brancos ficaram na casa dos 3% e os nulos, 2%. No exterior (primeira vez que houve votação), onde 170 mil foram habilitados a votar (número irrisório, há mais de 2 milhões de bolivianos fora do país), o MAS ganhou disparado, especialmente na Argentina, onde votaram mais de 50% dos 170 mil; e no Brasil, com 94,95% dos votos (estavam inscritos 18 mil em São Paulo). Ganhou também na Espanha e perdeu nos Estados Unidos, onde se inscreveram apenas 11 mil pessoas.
O tal do regime autonômico está definitivamente vigente na Bolívia. O “sim” às autonomias teve vitórias contundentes, sempre em torno dos 80%. A consulta foi feita em cinco departamentos (quatro já tinham optado pela autonomia naquele processo conturbado do ano passado), na região do Gran Chaco, do “estado” de Tarija, e em 12 municípios, a chamada autonomia indígena. Somente em um destes 12 municípios, o "não" venceu numa votação apertada (não sei o porquê desta solitária e estranha manifestação).
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