De La Paz (Bolívia) – “...nos enche de alegria e preguiça, quem lê tanta notícia...”
Pois é, grande Caetano Veloso, mas que “sol”?
Dentre os participantes da discussão, me lembro apenas dos dois mais conhecidos: Caetano e Gilberto Gil. Caetano, com aquele jeitão de iluminado, cheio de vai-e-vem, não dizia claramente nem que sim, nem que não, era como se dissesse “deve ser”, “certamente”... Gil, no seu jeito de santo, de guru oriental, sempre condescendente, chegava a conclusões, a meu ver, sem qualquer evidência aparente, dizia “claro”, “tá vendo aí? é isso mesmo...” Alguém lembrou inclusive que a então namorada de Caetano, Dedé (que veio a ser sua primeira mulher, o nome é este mesmo, não é?), trabalhava no jornal.
Assisti ao documentário em Cuba, não me lembro se durante o Festival de Cinema, dezembro de 2007 (estava lá na época, um dos eventos culturais mais badalados da “ilha”. Deta estava lá comigo nesse período, me lembro que ela assistia a três filmes por dia, toda empolgada. Eu, que nunca fui muito chegado a cinema, via um por dia, achando que já era demais).
Pois bem, conclusão. Saí do cinema com a certeza absoluta, irremovível, que Caetano se referiu, na música, ao nosso sol do dia-a-dia, ao nosso querido astro-rei. Porra nenhuma de “O Sol”, o jornal. Exatamente o contrário da tese “demonstrada” no filme. Racionalmente talvez eu até não consiga explicar o por quê, mas a razão, como sabemos, nem sempre explica tudo.
Pois é, grande Caetano Veloso, mas que “sol”?
O cantado e “trescantado” astro-rei, sem o qual a vida fica muito sem graça?
Ou “O Sol”, o primeiro ou um dos primeiros jornais alternativos da rica safra pós-golpe de 1964?
Era do Rio de Janeiro, acho que teve vida efêmera, não cheguei a conhecê-lo, sei que estava vivo quando da execução de Che Guevara nas selvas bolivianas, outubro de 1967. O pessoal do jornal conta, meio como piada, que “O Sol” teve o mérito de não reconhecer a morte do Che. Quando ela foi anunciada, em meio a algumas dúvidas, os editores do jornal optaram (é o tal do “pensamento desejoso”) por uma manchete daquelas em que a gente fica em cima do muro, mais ou menos assim: “Che pode estar vivo”. (Manchete com o verbo “pode” tem variadas serventias, me lembra o nosso Marco Antonio Boaventura Moreira, o Marquinho, mancheteiro de primeira, mas aí são outras histórias).
Dizia eu, que “sol”? Eis a questão que um documentário sobre o dito jornal (dentre outros aspectos) tentou elucidar। O “tentou” vai por conta de uma leitura minha, toda particular। É que toda a parte do filme dedicada a discutir esta questão está dirigida no sentido de demonstrar que “o sol” a que Caetano se refere na música é “O Sol”, o jornal.
Era do Rio de Janeiro, acho que teve vida efêmera, não cheguei a conhecê-lo, sei que estava vivo quando da execução de Che Guevara nas selvas bolivianas, outubro de 1967. O pessoal do jornal conta, meio como piada, que “O Sol” teve o mérito de não reconhecer a morte do Che. Quando ela foi anunciada, em meio a algumas dúvidas, os editores do jornal optaram (é o tal do “pensamento desejoso”) por uma manchete daquelas em que a gente fica em cima do muro, mais ou menos assim: “Che pode estar vivo”. (Manchete com o verbo “pode” tem variadas serventias, me lembra o nosso Marco Antonio Boaventura Moreira, o Marquinho, mancheteiro de primeira, mas aí são outras histórias).
Dizia eu, que “sol”? Eis a questão que um documentário sobre o dito jornal (dentre outros aspectos) tentou elucidar। O “tentou” vai por conta de uma leitura minha, toda particular। É que toda a parte do filme dedicada a discutir esta questão está dirigida no sentido de demonstrar que “o sol” a que Caetano se refere na música é “O Sol”, o jornal.
Dentre os participantes da discussão, me lembro apenas dos dois mais conhecidos: Caetano e Gilberto Gil. Caetano, com aquele jeitão de iluminado, cheio de vai-e-vem, não dizia claramente nem que sim, nem que não, era como se dissesse “deve ser”, “certamente”... Gil, no seu jeito de santo, de guru oriental, sempre condescendente, chegava a conclusões, a meu ver, sem qualquer evidência aparente, dizia “claro”, “tá vendo aí? é isso mesmo...” Alguém lembrou inclusive que a então namorada de Caetano, Dedé (que veio a ser sua primeira mulher, o nome é este mesmo, não é?), trabalhava no jornal.
Assisti ao documentário em Cuba, não me lembro se durante o Festival de Cinema, dezembro de 2007 (estava lá na época, um dos eventos culturais mais badalados da “ilha”. Deta estava lá comigo nesse período, me lembro que ela assistia a três filmes por dia, toda empolgada. Eu, que nunca fui muito chegado a cinema, via um por dia, achando que já era demais).
Pois bem, conclusão. Saí do cinema com a certeza absoluta, irremovível, que Caetano se referiu, na música, ao nosso sol do dia-a-dia, ao nosso querido astro-rei. Porra nenhuma de “O Sol”, o jornal. Exatamente o contrário da tese “demonstrada” no filme. Racionalmente talvez eu até não consiga explicar o por quê, mas a razão, como sabemos, nem sempre explica tudo.
Comentários
A grande capacidade do Caetano de compor lindas músicas é inegável. Mas nunca o vi com vontade e coragem para a contestação. Suas posições foram sempre dúbias com relação ao que acontecia na época d'"O Sol". Quem sabe, a música de Caetano não tenha sido uma de suas sacadas oportunistas e que hoje permite questionar se ele se referia ao sol ou a"O Sol".
Zeparaiba
abraços
abraços
Olha só o que o ele falou, segundo o site Terra Magazini:
"Aos 67 anos, o compositor Caetano Veloso concedeu uma longa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo onde chamou o presidente Lula de analfabeto e declarou seu voto à senadora Marina Silva. "Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, cabocla e inteligente como o Obama. Não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem", disse ele ao jornal paulista.
No melhor estilo baiano do "morde e assopra", depois de chamar Lula de tacanho, Caetano elogiou a atuação dele como presidente e ponderou citando o atual governador de São Paulo, José Serra. "O Serra foi um excelente ministro da Saúde. Agora, ele é o tipo do cara que, se tivesse ganho no lugar de Lula, em 2002, teria trazido mais problemas à economia brasileira. Ele teria feito um governo mais à esquerda e a economia talvez tivesse problemas, que hoje não está tendo, porque o Lula faz a economia de direita. O Lula foi mais realista que o rei. Foi bom. A economia deslanchou." E arrematou dizendo: "Ter tido Fernando Henrique e Lula em seguida é um luxo. Saíram melhor que a encomenda, ambos."
Peguntado sobre aspectos da lei de incentivo à cultura, conhecida como Lei Rouanet, que promove o patrocínio de produções artísticas através de renúncia fiscal, Caetano tentou se esquivar ao declarar que se sentia inábil para analisá-la. "Não sou muito bom nesse negócio. Sou como umas moças que eram bonitas, apareciam nuas nos filmes e tinham de ter uma opinião política. Eu sou assim. Não sei se tem que mudar (as regras da lei). Mas repito: sou como aquelas moças. Não estudei direito."
O rapaz, hoje um senhor (da minha geração), quando abre a boca pra falar de política, é um vexame.
Vamos dizer que, fora da sua área, o rapaz se transforma num parlapatão - fanfarrão, impostor.
"Caetano foi delicado em insistir que não se lembrava. Mas as datas estão aí. Quando "Alegria, Alegria" foi lançada no Festival da Record daquele ano, a 14 de outubro, "O Sol" já estava nas bancas desde 21 de setembro. Só que a data final de inscrição das canções fora 26 de julho e, nesse dia, "O Sol" era no máximo um lampejo nos olhos azuis de Reynaldo. A citação seria ilustre, mas "O Sol" não precisa dela."
Ou seja, o "Sol" jornal nunca precisou da citação que eu também acreditava havia sido feita por Caetano. E, se a tivesse, teria se desmanchado depois de um monte de bobagens que proferiu.