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O "Paseo Prado" não é uma avenida tão extensa como se poderia imaginar, mas é bem larga, tendo um espaçoso passeio (calçadão) no centro, bem arborizado, florido, com várias áreas onde as pessoas se sentam, conversam, namoram (muitos estudantes estão sempre circulando ou sentados) e vários monumentos, estátuas. Há grandes edifícios comerciais, ministérios, escolas e universidades, bancos (o Banco do Brasil está aí), restaurantes, etc, etc.
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Passam pelo Prado ou se concentram nele também as manifestações políticas, as quais estão sempre presentes numa democracia participativa, como podemos classificar o sistema político hoje na Bolívia. Sistema que tem duas características bem visíveis: há muitos protestos coletivos nas ruas e não há repressão policial. Andando pelo centro, já topei, por acaso, com três manifestações:
1 – A primeira foi dos universitários, com participação dos professores e trabalhadores, protestando contra um decreto do presidente Evo Morales, que, segundo eles, restringia a autonomia universitária (parece que o núcleo central do movimento é a Universidad Mayor San Andrés, pública). Foi uma passeata grande, com milhares de pessoas (cinco mil, 10 mil?) por várias ruas do centro (pena que eu estava sem a maquininha digital, estava ainda muito afetado pelo "mal da altura").
A manifestação foi tão forte que, enquanto ela estava nas ruas, o governo já estava anunciando a revogação do decreto, negando qualquer pretensão quanto à quebra da autonomia e alegando querer evitar conflitos nesta fase eleitoral. O movimento dos universitários, no entanto, continua, pois eles protestam também contra cortes no orçamento, conforme argumentam.
2 – Outro protesto foi do Movimento de Libertação Indianista – Katarista (nome que vem daquele líder indígena Tupac Katari, que foi executado pelos espanhois de forma extraordinariamente cruel e é autor da célebre frase: "Voltarei e serei milhões")। Foi na segunda-feira, 12 de outubro, dia em que "comemoramos" a chegada de Cristóvão Colombo à América.
Era uma coisa diminuta. Uns 20 jovens, dizendo-se "índios", gritavam palavras de ordem – "Abajo Colón, mata indio!", "Por el indio, carajo!", "Somos millones, carajo!" - contra a matança dos povos indígenas, identificando Colombo como um dos invasores e assassinos. O "descobridor" era representando por um boneco, que foi queimado ao pé de sua estátua. Trata-se de um movimento tão estreito que não valoriza os grandes avanços conquistados pelo "proyecto de cambio" (projeto de mudança), liderado por Evo Morales.
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3 – Duas dezenas de mineiros fizeram na terça-feira, dia 13, seu protesto: interromperam uma das pistas do Paseo El Prado com uma faixa, enquanto dois companheiros representavam-se "crucificados"। Segundo explicaram, sua empresa de mineração, privada, foi substituída por um sistema de cooperativismo, e eles foram, de alguma forma, prejudicados। Um grupo de policiais, sem qualquer ação violenta, negociou com eles, e depois de mais ou menos uma hora, a faixa foi transferida para o calçadão central, desimpedindo a pista।
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Faixa com as cores da bandeira boliviana fecha a pista
(Manifestações como estas duas últimas, apesar de insignificantes do ponto de vista político mais geral, acabam tendo repercussão nos meios privados de comunicação, porque estão num contexto contrário à política de Evo Morales. Vi, por exemplo, uma chamada de primeira página num dos principais jornais daqui sobre o protesto contra Colombo).
Comentários
Zeparaiba
É um grande estímulo saber que tenho você entre meus poucos leitores. Fiquei feliz ao saber.
Vamos em frente, companheiro, um grande abraço.
(Para quem não está ligando o nome, o apelido, à pessoa, trata-se de Zé Costa, velho lutador operário, o primeiro presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia depois da derrubada dos pelegos na fase pós-ditadura).