De Curitiba(PR) – Há algum tempo a revista Carta Capital vem falando na mudança de lado do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh (foto), que militou (ou milita) na política partidária, tendo exercido quatro mandatos de deputado federal pelo PT। A mudança seria a partir de sua contratação, como advogado, pelo poderoso banqueiro Daniel Dantas, figura central de um emaranhado de crimes, já com uma primeira condenação na Justiça.
Há muito essa coisa me intrigava। Lobista de Daniel Dantas? Resistia em acreditar, apesar das evidências relatadas nas matérias da revista, uma das poucas publicações merecedoras de crédito no Brasil.
A partir desta primeira semana de maio, porém, com a entrevista da governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (sua companheira de militância petista), me parece não haver mais motivos para dúvida (Ver Carta Capital n। 544 – As denúncias de Ana Júlia. A entrevista, concedida a Leandro Fortes, tem muita coisa interessante).
É um duro golpe admitir tal mudança para todos que, de alguma forma, lutaram pelo fim da ditadura militar। Afinal ele tem uma vastíssima folha de serviços prestados na defesa dos direitos humanos.
Greenhalgh formava fileira entre aquelas pessoas que os lutadores sociais se acostumaram a admirar e respeitar como companheiros de luta। Talvez não haja galeria mais digna de reverência do que a que alinha os verdadeiros companheiros de luta.
Claro, isto na memória dos que lutaram, dos que lutam। Os sonhadores, os utopistas, os humanistas, os loucos, os rebeldes, os aloprados, os que têm sede de justiça em meio ao turbilhão de tantos injustiçados. E não pensem que são poucos. Não, são muitos, a maioria clandestina, sem cara e sem retrato – "somos pobres, mas somos muitos", dizia uma manifestante nas ruas de Caracas.
Pensando nesses muitos, temos o dever de abrir a cortina do oportunismo – alguns prefeririam pragmatismo - e expor os que estão do outro lado e os que mudam de lado। Claro, peguei o Greenhalgh só como gancho (pra usar a linguagem dos jornalistas). Ele poderia até exclamar: "Por que eu, são tantos os que mudamos de lado!" E é verdade, é verdade!
E me pergunto, por que?
É verdade. Certamente não se apagará da lembrança dos lutadores do povo um valoroso advogado - como alguns outros – que teve a coragem, a sensibilidade e a competência de defender os presos políticos, os trabalhadores rurais, os perseguidos pela tirania durante os tempos de medo e de aflição. Talvez ainda digam, pesarosos e reconhecidos: "Obrigado, ex-companheiro".
Há muito essa coisa me intrigava। Lobista de Daniel Dantas? Resistia em acreditar, apesar das evidências relatadas nas matérias da revista, uma das poucas publicações merecedoras de crédito no Brasil.
A partir desta primeira semana de maio, porém, com a entrevista da governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (sua companheira de militância petista), me parece não haver mais motivos para dúvida (Ver Carta Capital n। 544 – As denúncias de Ana Júlia. A entrevista, concedida a Leandro Fortes, tem muita coisa interessante).
É um duro golpe admitir tal mudança para todos que, de alguma forma, lutaram pelo fim da ditadura militar। Afinal ele tem uma vastíssima folha de serviços prestados na defesa dos direitos humanos.
Greenhalgh formava fileira entre aquelas pessoas que os lutadores sociais se acostumaram a admirar e respeitar como companheiros de luta। Talvez não haja galeria mais digna de reverência do que a que alinha os verdadeiros companheiros de luta.
Claro, isto na memória dos que lutaram, dos que lutam। Os sonhadores, os utopistas, os humanistas, os loucos, os rebeldes, os aloprados, os que têm sede de justiça em meio ao turbilhão de tantos injustiçados. E não pensem que são poucos. Não, são muitos, a maioria clandestina, sem cara e sem retrato – "somos pobres, mas somos muitos", dizia uma manifestante nas ruas de Caracas.
Pensando nesses muitos, temos o dever de abrir a cortina do oportunismo – alguns prefeririam pragmatismo - e expor os que estão do outro lado e os que mudam de lado। Claro, peguei o Greenhalgh só como gancho (pra usar a linguagem dos jornalistas). Ele poderia até exclamar: "Por que eu, são tantos os que mudamos de lado!" E é verdade, é verdade!
E me pergunto, por que?
O fetiche do dinheiro? Alguma desilusão com a esquerda? Responderão os cínicos, os coitados sem causa: "porque vocês foram imbecis e imaginaram que todos os que estavam contra a ditadura eram seres perfeitos; porque o mundo é assim mesmo, temos de viver, temos de comer, temos de arranjar um emprego para o filho, para o neto, temos de mandar o filho estudar em Paris"। E é verdade!
É verdade. Certamente não se apagará da lembrança dos lutadores do povo um valoroso advogado - como alguns outros – que teve a coragem, a sensibilidade e a competência de defender os presos políticos, os trabalhadores rurais, os perseguidos pela tirania durante os tempos de medo e de aflição. Talvez ainda digam, pesarosos e reconhecidos: "Obrigado, ex-companheiro".
Comentários
Ahei seu artigo ótimo, mas eu sou suspeita.
bj, te amo.
Mônica, apesar dos pesares, até prova em contrário, temos de acreditar e continuar defendendo nossos companheiros de luta, de sonhos.