Só ando de táxi

Vista da Praça Terreiro Aranha, com o Porto de Manaus ao fundo
É verdade। Aqui em Manaus só ando de táxi, táxi lotação. É um ótimo esquema, encontrei um semelhante em Havana, a atraente capital cubana. Os carros rodam dentro de determinados itinerários, cobrando dos passageiros um valor fixo, relativamente pequeno. No caso da capital amazonense, custa R$ 3,00 a passagem de cada um (era R$ 2,50 até 30 de novembro), enquanto a tarifa de ônibus é R$ 2,00 e a de micro-ônibus R$ 2,50.

Trata-se de uma opção confortável. O passageiro não perde tempo esperando, a todo momento passam os carros, buzinando e acendendo os faróis para indicar a condição de táxi lotação. Os carros têm a mesma cor e as mesmas indicações dos táxis comuns, inclusive qualquer um deles pode fazer uma corrida “normal”, com o destino desejado por um usuário, fora do itinerário, cobrando normalmente pelo taxímetro.

Usualmente os táxis têm ar condicionado, um “luxo” muito comum aqui em quase todos os ambientes, por motivos óbvios. Mas, a alternativa do táxi lotação é limitada a bairros da Zona Sul, como Educandos, Colônia Oliveira Machado, Bola da Suframa – Superintendência da Zona Franca de Manaus - (aqui rotatória ou rótula é chamada de bola) e outros das imediações.

A corrida para o centro e vice-versa é relativamente curta. Quando digo “só ando de táxi” é porque estou morando justamente nessa área.



Grupos musicais sempre aparecem pelo centro da cidade

O táxi lotação é uma particularidade da cidade dos manauaras (manauenses), uma terra tropical, quente, abafada, cheia de engarrafamentos, apesar de não ser tão grande (só 1,7 milhão de habitantes), cujo centro, aquele miolo central popular e antigo, parece mais um grande acampamento de ambulantes.

Trecho da Praça do Relógio com barracas de ambulantes


Praças e ruas do centro, grande parte tipo calçadão (não passam carros), são territórios tomados por barracas e camelôs, além de grandes ajuntamentos de lojas fervilhando de compradores, passantes, vendedores gritando e batendo palmas para atrair fregueses, serviços de alto-falante anunciando anunciando promoções.

Vendedor exibe produtos no burburinho da Rua Marechal Deodoro

“Como é o nome deste lugar?”, perguntei na Rua Marechal Deodoro, toda coberta, em meio à multidão. “É Bate Palma”, me disse um rapaz. “Boy” é o apelido dos empregados que batem palmas. E as moças? Me esqueci de perguntar.

Nesse centro estão referências marcantes, como a Igreja da Matriz (Paróquia de Nossa Senhora Imaculada Conceição, padroeira do estado, feriado 8 de dezembro como na Bahia), o porto principal de Manaus, o prédio antigo onde funciona a Alfândega, grandes lojas, bancos, terminal de ônibus, o chamado Mercado Grande ou Mercadão.

Adoro esse miolo de cidade grande, especialmente os bares, barzinhos tipo boteco, restaurantes populares, comida a quilo, PF a R$ 6,00. (Mais tarde vou tomar duas doses de Orlof, a R$ 3,00, lá na Choparia São Marcos). Está por aqui também aquele programa do governo de almoço a R$ 1,00, comida quase de graça, saudável, bem balanceada, o chamado “prato cidadão”, semelhante ao esquema de Salvador.

O que atrapalha um pouco aqui é o calor, que só alivia quando chove, o que, aliás, acontece sempre (no “inverno”, de dezembro a maio, me informam).

Mas o que atrapalha mesmo é a repetida advertência de cuidado com a violência, a falta de segurança, os assaltos, em especial não circular por tais locais durante a noite. Outro dia presenciei no burburinho da Praça do Relógio, que faz parte desse miolo, em pleno dia, um grupo de policiais perseguindo e prendendo um rapaz (é ladrão, disseram), houve correria, um tiro, certamente para cima, porque ninguém ficou ferido.

É uma praga essa tragédia em que se transformaram os grandes centros urbanos do Brasil, da América (do mundo?). Talvez a grande exceção seja Havana, lá se pode andar à vontade inclusive à noite, o índice de delinquência violenta é quase zero.

Se você sobe pela Avenida Eduardo Ribeiro, a partir da Praça do Relógio, 10 minutos de caminhada, já está numa área mais sofisticada. É a bela Praça São Sebastião, onde estão uma grande igreja do mesmo santo e o imponente Teatro Amazonas, cartão postal obrigatório da capital amazonense. Na mesma praça está o Bar do Armando, tradicional ponto de encontro de intelectuais, boemia classe média (R$ 8,00 a dose de uísque oito anos, Red Label, já tomei umas por lá). Bandeira do Flamengo mostra a preferência dos मनौअरस


Bandeira do Flamengo mostra a preferência dos manauaras


Para terminar, mais uma particularidade: a torcida do Flamengo (do Rio, claro), meu time do coração. Parece a do Bahia dos bons tempos, um pouco ainda hoje, apesar da segundona. Me despertei para isso naquela partida, recente, contra o Palmeiras, pelo Brasileiro. O Flamengo deu de 5 a 2. Quando fez o segundo gol (2 a 1), ouvi de casa o pipocar de fogos e a zoada. Liguei a TV e conferi. É a torcida do Bahia toda, pensei. Que me desculpe a turma do Vitorinha, meu preferido, mas a torcida do Bahia é demais!

Comentários

NWO Observer disse…
Boa informação. abraços!
Unknown disse…
Que beleza, em Jadson, estar por essas bandas, conhecendo mais coisas belas. Parabéns por mais essa investida. Quanto ao taxi, nada parecido com aqui, aind mais agora, com a bandeira 2... Bjs porque estou ajudando a fechar o DO
Anônimo disse…
Que você esteja adquirindo o hábito da esposa do Luciano Huck, tudo bem. Agora dizer que o Bahia e sua torcida é demais é brincadeira. O maior desejo do Bahia, hoje, é ser o Vitória, tanto que contratou o Paulo Carneiro, ex-presidente do rival e mercenário, quando não está dormindo.
Jadson disse…
Bel, como você se interessou pelo táxi-lotação, conserto uma informação: na verdade, a tarifa passou a R$ 3,00 somente durante o mês de dezembro, época de festas. Agora, a partir do dia primeiro, voltou ao preço antigo - R$ 2,50.
Ernandes, que hábito é esse da esposa do Luciano Huck?