Toda quinta-feira em Manaus tenho diversão garantida. Uma animada e simpática turma da Aeronáutica reúne-se nesse dia, final da tarde/início da noite, para jogar futebol, às vezes no campo do Cassam (Clube dos Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica, na Vila Militar Ajuricaba), e quase sempre no Casota (Clube dos Cabos/Sds e Taifeiros da Aeronáutica), bairro de São Lázaro. Logo após a pelada, que chega a movimentar cinco times, há logo uma breve sessão regada a umas geladinhas.
Agostinho esbanjando animação durante toda a noite
Mas a confraternização, com um grupo mais reduzido, claro, segue rumo aos bares de Betânia e Morro da Liberdade, bairros das imediações, na Zona Sul। Linhares, que me introduziu na turma – através da apresentação de Anchieta e Valéria, seus camaradas de corporação e amigos meus de Paulo Afonso-Bahia -, me perguntou logo se eu gostava de jogar bola.
- Gostar, gostaria muito... Já joguei muita bola, mas depois de uma certa idade não jogo mais, respondi. E ele: “Em seguida, emendamos uma esticada pela noite e umas cervejas...” “Bom, aí dá pra mim, esse esporte eu pratico razoavelmente bem”, aceitei rapidinho.
Duarte, Linhares e Monteiro: firmes na pelada e na cerveja
E aqui estamos, no Bar do Ceará ou do Beto (ele disse que tanto faz), em Betânia, numa quinta-feira não muito quente (choveu hoje – que novidade! - e refrescou um pouco). O próprio Ceará e o gentil garçon Ruca não deixam faltar cerveja na mesa, bem como churrasco, com aquela farinha grossa tão comum na região (estranhei muito, mas aderi logo, logo, e estou gostando).
Sabedor de minhas predileções, Linhares, como bom amigo, arranja logo uma dose de cachaça, da boa, não é 51 não, pelo amor de Deus! Vou bebendo devagarinho, pois não posso dar vexame diante dos novos companheiros de copo. E o papo vai se animando, alteando as vozes, o teor alcoólico regulando os decibéis, mas tudo dentro da mais perfeita ordem, “sem alteração” (pra quem não é do ramo, isso é gíria de caserna).
O simpático garçon Ruca com uma amiga
“Saiba que meu grande amor, ela vai se casar, quero tomar todas, vou me embriagar...” O serviço de som ataca de Reginaldo Rossi, é o clímax, alguém próximo não se aguenta, levanta várias vezes da mesa, o braço direito estendido reforçando a exclamação: “Naná, sua miserável, volte, eu ainda te amo!”
O dono do bar, Ceará ou Beto, "tanto faz"
Lá pras 11, 12 horas, a farra está acabando, afinal amanhã ainda é dia de expediente. Um sugere uma saideira no Bar da Lene, pertinho, no Morro da Liberdade, mas a idéia não prospera. “Fica pra outro dia”, comenta alguém, como prêmio de consolação. Duarte, ao meu lado, me cochicha: “Somos os peladeiros da Força Aérea Brasileira”. E eu sorri pensando: achei o título da matéria (coisa de jornalista).
Maia com a esposa, Irlene, e a filha Giovana
A crônica e o título podem sugerir uma ironia, a pelada poderia ser interpretada como uma desculpa para a sobremesa, os bares. No entanto, asseguro que a interpretação estaria equivocada। Nossos peladeiros curtem realmente a pelada (parte considerável do bate-papo é sobre isso), mas por que não uma cervejinha depois?
Comentários
Melhor seria fumar um cachimbo da paz com o pajé. Um típico programa de índio
entre nessa luta por uma verdadeira democracia no Brasil.
http://movca.blogspot.com/2008/12/mobilizao-pela-democracia.html
Abs.