Governo subsidia alimento em mercado popular
Os venezuelanos acreditam que a situação geral do país melhorou muito entre fevereiro e março últimos. O percentual da população que via as coisas andarem mal caíu de 58,3% para 37,3% (diferença de 21 pontos), enquanto os que consideram que a situação está boa passaram de 34,3% para 51,1% (16,8 pontos). É o que mostra a última pesquisa do Instituto Venezolano de Análisis de Datos (Ivad), publicada por Últimas Notícias, jornal considerado equilibrado, o que é uma coisa rara na imprensa da Venezuela. A sondagem foi realizada em todo o país no período de 24 de março a 2 de abril (margem de erro – entre 1,03% e 2,37%).
Avaliação de Chávez - A atuação do presidente se mantém no mesmo patamar, em relação à pesquisa anterior do mesmo instituto: aprovação de 66,5% e reprovação de 31% (na anterior, estes números eram 67,3% e 31,2%, respectivamente). Isto contraria pesquisas e declarações divulgadas por jornais declaramente anti-chavistas, dando conta de que o presidente venezuelano estaria caindo pelas tabelas depois de sua derrota no referendo de 2 de dezembro (reforma constitucional para instituir o socialismo) e de sua ação durante a crise fronteiriça com a Colômbia. (Pesquisas, aliás, que sempre gozam de nutrida veiculação nos meios de imprensa internacionais, inclusive do Brasil). Já o desempenho da oposição é reprovado por 47,6% da população e aprovado por 37,9%.
Principais problemas – Neste ítem, o Ivad apurou que seguem sendo, por ordem de importância, falta de segurança pública (o percentual dos que apontaram o problema manteve-se estável, entre fevereiro e março, baixando apenas dois pontos - 72,1% para 69,5%); desabastecimento de alimentos (uma queda acentuada de 53,7% para 38,8%); e desemprego, que praticamente não se alterou – de 29,4% para 28,3%.
O trabalho desenvolvido pelo governo para combater a falta de alguns alimentos essenciais, como leite, carne de gado, peixe, frango e ovos, é aprovado pela maioria dos venezuelanos, segundo a sondagem de opinião. 51% percebem que o problema diminuíu nas últimas semanas, enquanto 34,2% dizem que aumentou e 12% que continua igual. Sobre as causas do desabastecimento, 40,2% dos entrevistados responsabilizam a estocagem feita pelos comerciantes; 24,4% a ineficiência do governo; 14,1% a falta de produção; 11,9% mencionam a especulação; e 6,8% atribuem ao contrabando.
As pessoas que identificam como causas do problema a estocagem e a especualação mostram-se, assim, afinadas com o governo, que acusa os empresários de levarem a cabo uma política de sabotagem contra a economia do país e contra a população, com a finalidade de desgastar o presidente Chávez. É uma queda-de-braço que vem se travando há meses.
O governo, como nas diversas áreas de atuação, adota uma postura ofensiva. Além de incrementar a fiscalização, importa alimentos e os vende, a preços mais baratos, em feiras instaladas em praças públicas e em mercados populares, através de subsidiárias da Pdvsa, a petroleira estatal (poderíamos dizer “a Petrobras da Venezuela”), que está cheia de dólares devido ao estouro no preço do petróleo. A Pdvsa, inclusive, comprou recentemente uma empresa produtora de leite e derivados (responsável por 37% do abastecimento do país no setor), rebatizada de Empresa Nacional Lácteos Los Andes, à qual Chávez se refere sempre como um empreendimento de natureza socialista, “propriedade social a serviço do povo para garantir a Soberania Alimentar”.
Comentários
fico muito contente de termos a nossa disposição informações sobre a venezuela, de maneira tão imparcial, mostrando a verdade nua e crua, coisa que não acontece no aqui no Brasil, onde temos uma imprensa tendenciosa e parcial.
Um grande abraço, Paulo Soares