Esquina Caliente (Conhecendo Caracas)

Ponto de encontro e propaganda dos partidários do governo Chávez


Na verdade, são duas “esquinas quentes” em Caracas. Estão localizadas em dois cantos da Praça Simón Bolívar, um dos pontos mais movimentados do centro da capital venezuelana. Na área, inserida no município Libertador (um dos cinco em que está dividida administrativamente a cidade), ficam os principais órgãos governamentais, como os belos prédios do Palácio Miraflores (do presidente da República), da Assembléia Nacional (Poder Legislativo) e da Corte Suprema de Justiça, além da maioria dos ministérios e da sede do Arcebispado (Igreja Católica). É a parte mais central, o miolo, com muito comércio, as ruas cheias de gente, um trânsito intenso e caótico (tão caótico que no último dia primeiro deu-se início a uma grande operação para tentar discipliná-lo), e engarrafamentos (as colas, como chamam os venezuelanos).
Em cada uma das duas esquinas está armada uma barraca onde atuam partidários de Hugo Chávez, que preferem ser chamados de bolivarianos, socialistas do século 21, ao invés de chavistas. Aí, há sempre uma TV ligada no canal 8 (Venezolana de Televisión) e quando o presidente está na tela, falando (o que ocorre com frequência), os caraquenhos aglomeram-se em torno. Também são distribuídos jornais, folhetos e panfletos. Às vezes um deles está ao microfone botando falação sobre as excelências, claro, do governo, e as mazelas, óbvio, da oposição. Funciona como um ponto de encontro e nós, visitantes, somos bem recebidos, aparentemente simpatizantes da causa revolucionária.
No centro da praça, ergue-se imponente a grande estátua do comandante militar e político da independência do país, coberto de glórias na guerra contra o colonizador espanhol. No seu cavalo, a imagem da força e da valentia, o Libertador, o Pai da Pátria, uma referência onipresente nos discursos e no território da Venezuela. Ao pé do monumento, há todos os dias coroas de flores em sua homenagem. Simón Bolívar tornou-se o principal artífice da luta independentista no início do século 19 e morreu isolado em 1830, uma epopéia, um final de vida dramático. Depois, a consagração histórica.
Mas, aparentemente, nem tudo é política. Junto à propaganda bolivariana, há sempre em outro canto da praça um pregador religioso, com seu serviço de som e sua Bíblia, ensinando o Evangelho. Às vezes é substituido por um vendedor ambulante, um comelô, vendendo aqueles produtos “milagrosos”. Não faltam, claro, as famílias em passeio, as crianças alimentando e brincando com os pombos, aposentados, desocupados conversando, matando o tempo. Há ainda uma sala de leituras, com jornais diários e livros sobre a formação da cidade, bem como área para exposições. E nas ruas ao redor do parque, pelo menos uma dezena de homens e mulheres anunciam aos transeuntes a compra de ouro, prata, dólar, euro, o chamado mercado negro.


O monumento ao Libertador (com um pombo na cabeça) no centro da praça

Fachada do prédio que abriga a Assembléia Nacional (sede do Legislativo)

Parte da Praça Simón Bolívar, vendo-se ao fundo uma exposição de fotos

Belo conjunto arquitetônico onde está a Corte Suprema de Justiça

Famílias aproveitam o espaço para passeios e as crianças se divertem







Comentários

olivia disse…
Olá querido Jadson, muito bom contar com um novo canal de comunicação onde a verdade dos fatos é o que importa. Estou ligada e transmitindo o endereço para outros companheiros. Boa sorte e vida longa ao Blog do Jadson. Olivia Soares