Me criaram um blog
(pra que serve um blog?)
(Para os jornalistas: que me desculpe minha editora Joana, o “criaram” do título é uma imitação do hábito dos colegas dessas paragens por onde tenho andado ultimamente. Esta indefinida e antipática terceira pessoa do plural é usada a granel pelos tituleiros, pensei que fosse um vício periodístico dos cubanos, mas descobri que é corriqueiro também em Venezuela).
Então, a companheira Joaninha me criou um blog e vive me instigando. Quem aguenta tanta tentação? Não aguentei. Com aquele temor de parecer pretencioso e, pior, cometer alguma leviandade. Joana diz que é charme, será? Por enquanto, para tentar me acostumar com a idéia do tal do blog, façamos de conta que estamos num boteco (meu ponto predileto em qualquer hemisfério) falando sobre a imprensa venezuelana.
Aqui é pau puro. Quase todo órgão de comunicação é chavista ou anti-chavista, mas sem disfarces, escancaradamente. São as primeiras impressões, claro, estou em Caracas há apenas 20 dias. Os conflitos políticos são violentos, temas de repercussão internacional terminam virando rotina.
Vou tentar recordar: no dia em que cheguei, dia 27 de fevereiro, estavam sendo libertados os quatro ex-congressistas colombianos, reféns há vários anos dos guerrilheiros das Farc; logo em seguida, dia primeiro, houve o ataque ao território de Equador com a morte do número 2 das Farc, Raúl Reyes, seguindo-se ameaças de conflito bélico entre Colômbia, Equador, Venezuela e Nicarágua, com acusações pesadíssimas entre os respectivos presidentes; depois reuniões da OEA, Cumbre de Rio (em República Dominicana) e outra vez OEA, de ontem até madrugada de hoje (dia 18).
Em meio a isso tudo, o desfecho da criação do Partido Socialista Unido de Venezuela (Psuv), o debate aceso sobre as eleições de novembro (governadores e prefeitos) e o noticiário sobre problemas como insegurança pública e desabastecimento de alimentos.
Jornais como El Universal e El Nacional e emissoras de TV como GloboVisión dando pau todo santo dia, toda santa hora (GloboVisión é noticiário 24 horas por dia). Enquanto Venezolana de Televisión e TelSur (estatais) contra-atacam e defendem o governo, com amplo espaço, óbvio, para Hugo Chávez. (Fico imaginando como era este cenário mediático quando a oposição detinha o monopólio televisivo. Poderíamos comparar com o furor da grande imprensa brasileira durante a campanha de reeleição de Lula, porém multiplicando por quanto?).
Felizmente, penso que há, pelo menos no caso dos jornais diários, uma exceção. Trata-se do Últimas Notícias, disparado o mais lido pelos venezuelanos (e também por este baiano). Segundo informa o próprio jornal, sua receita é o equilíbrio. Cita uma pesquisa, na qual 70% dos leitores o consideram equilibrado, 15% dizem que o diário é contra Chávez e 9% o identificam como a favor
(ou vice-versa no caso dos dois últimos percentuais, não me recordo bem).
(Agora vamos tomar a saideira e brindar: contra ou a favor de Chávez?)
Comentários
Darly.
Um cheiro. Ah! Deta, manda ver aí nas fotos.
Vanda Amorim
abraços rui santana
Que bom ter notícias (frescas) suas. E te ver com foto de jeitão castrista ou bolivariano, como queiras. Deixa o blog engordar mais para falarmos mais.
Boa sorte na sua empreitada latino-americana.
Abraços,
Levi
Mônica Bichara
Ficamos atualizados com nossos vizinhos e matamos a saudade do companheiro Jadson,a turma do "DIVÃ" do DAVID agradece, e por falar neste assunto, alerto o companheiro que sua cota é de 4 doses, podendo chegar a 5ª com o aval de D.Deta..
Um forte abraço
Ernesto
HÁ....Vá pá poorrraaaaa!!!
bijuuu
Espero encontrar outra vez usted en Nostra Cuba,fico contento por por vivir el socialismo do seculo XXI na Venezuela Saludos de Unaí
Geraldo
beijos,
carmela
Esta figura, Jadson, na verdade pouco tem a ver com o espirito de Urtigão, porque este fazia questão de viver isolado em seu sitio, enquanto que aquele é o que está na Venezuela,vindo de Cuba e indo, por que não?, para outras paragens onde está acontecendo algo de grande, diferente, fugindo ao mediocre padrão de normalidade politica.
Tive sorte em conhece-lo e com ele ter trabalhado.Tenho saudades dele - despojado de modismos, vaidades e futilidades, fugindo ao largo de uma 'vida de dissipação' (para usar uma sua expressão). Em compensação o temos agora internacional, vendo o mundo também através de seus olhos e seu coração que é grande.
Gosto tanto dele que ouso até fazer uma critica e dar um conselho. Tudo bem que ele não é vaidoso, que não liga para as aparencias, mas bem que para ilustrar o blog poderia se colocar uma outra foto, desta feita sem esses óculos de lente marron e com cara de Leonardo Boff. Daqui a pouco os sacanas - sempre os ha - vão dizer que é um 'cururu'...
Afetuosas saudações
paolo
Tenho muito orgulho de ser sua filha.
Saudade! Saudade! Saudade!
Norma
Mais tarde, já um tanto relaxados, aí sim, começava a sessão de falar da vida dos outros, especialmente do governo de plantão que derrubávamos mais de uma vez em uma noitada. Mas também falávamos de cultura, Jorginho dos cachoeiranos ilustres, Vitório contratava os serviços de "roído" e o italiano chegava sempre atrasado para desespero de Demétrio, que ora obrigado a deixar o bar com a gente e ir embora dormir. Pois é. Hoje eu sairia daqui da minha sala agorinha mesmo, tirava gravata e paletó e iria me encontrar com vc aí. Pra gente depois não saber como voltar sem os cuidados das companheiras Deta e Popoia.
Agora tá perto de 19 horas. Nada não, mais umas duas horas e, podes crer um botequim me receberá, não vou nem no Confraria, quando a gente está xateado não é legal beber no nosso próprio restaurante, porque não dá pra encher a cara na frentes dos funcionários.
Falei. Até o próximo porre.
Eu ainda não me acostumei, mas estou gostando muito do seu.
Beijo, Tia Léa.
PS: JP foi batizado brasileiro, levaram a máquina fotográfica dele no dia da caminhada do bar de David.Ele até hoje ainda tem pesadelo.