Guerra de quarta geração (+)

Trata-se de uma guerra moderna, cujo ingrediente indispensável é a propaganda e a manipulação mediática. É o que se vê no dia-a-dia nos meios de comunicação de Venezuela, ainda mais porque há um programa de televisão diário cujo objetivo é mostrar as armações da imprensa contra o governo de Hugo Chávez, contra a chamada revolução bolivariana, contra o denominado socialismo do século 21. La Hojilla (pronuncia-se entre orria e orridza, vem de hoja, ôrra, folha, lâmina, espada, inclusive é exibida na tela a imagem de uma lâmina de barbear envolta nas cores da bandeira do país), com o reforço “guilhotinando a mentira”, vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 10 às 12:30 horas da noite, através da estatal Venezolana de Televisión, apresentado por Mario Silva (eleito recentemente para direção nacional do Partido Socialista Unido de Venezuela), que esgrime uma mistura de sarcasmo e humor.

Casos recentes:
1) Na segunda-feira, dia 17, quando estava em reunião extraordinária a Organização dos Estados Americanos (OEA) discutindo a invasão do território de Equador pelo exército de Colômbia (ação que resultou na morte de mais de 20 pessoas, a maioria guerrilheiros das Farc, inclusive o número 2 do comando, Raúl Reyes, até então o negociador para liberação dos reféns), o jornal colombiano El Tiempo divulgou uma foto mostrando Reyes com o suposto ministro de Segurança Interna e Externa de Equador, Gustavo Larrea. O objetivo era demonstrar vinculações do governo equatoriano com a guerrilha e enfraquecê-lo no momento em que os chanceleres das Américas tentavam fechar uma resolução condenando a violação da soberania de Equador, a pedido do governo equatoriano.

A foto caiu como uma bomba no colo dos senhores chanceleres e a mídia anti-chavista fez a festa. Mas conseguiu-se até o final da tarde provar que o suposto ministro era, na verdade, o dirigente do Partido Comunista de Argentina, Patricio Echegaray. Como se sabe, pouco depois da meia-noite chegou-se à resolução consensual das 34 delegações rechaçando a agressão colombiana (com uma ressalva do governo estadounidense). Quem ficou acordado até meia-noite pôde ver, passo a passo, toda a armação mediática, com as devidas repercussões e algumas poucas retratações, através de La Hojilla.

2) Na terça-feira, dia 18, o tribunal internacional de Londres que apreciou a pendência entre a petroleira estadounidense ExxonMobil e a estatal Petróleos de Venezula (Pdvsa) anunciou a sentença contra a gigante transnacional. Como a Pdvsa vinha argumentando, o tribunal reconheceu não ser o forum competente, que o governo venezuelano agiu legalmente no exercício de sua soberania no que os leigos chamam de rompimento de contrato com a Exxon, etc, etc, incluindo cobrança de custos processuais e autorizando cálculos para indenização à estatal.
Ocorre que havia uma decisão liminar em favor da transnacional, com ordem de congelamento (uma espécie de confisco) de seus ativos no valor de 12 bilhões de dólares, a qual, quando foi anunciada, provocou uma tremenda repercussão na imprensa oposicionista. Tinha-se a impressão que a Pdvsa, uma das mais fortes petroleiras do mundo, estava falida, quebrada, claro, por irresponsabilidade do governo Hugo Chávez.
Quem assistiu ao La Hojilla desta terça pôde rever, a exaustão, os noticiários, os comentários e as declarações quando se havia anunciado a decisão liminar contra a Pdvsa. O contraste entre um momento e outro dá um efeito fortíssimo.
3) No dia primeiro de março, quando da ação do exército colombiano contra o acampamento das Farc, em território equatoriano (morte de Raul Reyes), o primeiro comunicado do governo de Colômbia dizia ter sido um revide a um ataque dos guerrilheiros, a partir do território de Equador, na zona fronteiriça dos dois países. No calor da luta, as forças colombianas tinham ultrapassado a fronteira e bombardeado os inimigos. A mídia anti-chavista pôs em prática então seu bombardeio mediático.
Em seguida os fatos vão se esclarecendo pouco a pouco: na verdade, era madrugada, quase todos os guerrilheiros (e os civis, inclusive estudantes mexicanos, depois se soube) estavam dormindo, alguns corpos mostravam que foram alvejados pelas costas; o acampamento havia sido localizado com uso de sofisticada tecnologia satelital e, deliberadamente, destruído. O presidente de Equador, Rafael Correa, enfatizou: “Foi um massacre”.
Pelo La Hojilla, pôde-se acompanhar o retrospecto de todo noticiário, suas contradições, bem como as imagens de destruição do local – sinais de forte bombardeio, corpos semi-nus.


(+) Segundo Wikipedia, a enciclopédia livre (Internet): “A chamada guerra de quarta geração é uma denominação dentro da doutrina militar estadounidense que compreende a guerra de guerrilhas, a guerra assimétrica, a guerra de baixa intensidade, a guerra suja, o terrorismo de Estado ou operações similares e encobertas, a guerra popular, a guerra civil, o terrorismo e o contraterrorismo, além da propaganda, em combinação com estratégias não convencionais de combate que incluem a cibernética, a população civil e a política. Neste tipo de guerras não há enfrentamento entre exércitos regulares nem necessariamente entre Estados, e sim entre um Estado e grupos violentos ou, na maioria das vezes, entre grupos violentos de natureza política, econômica, religiosa e étnica”.

Comentários

Franciel disse…
Companjeiro,
não comentei antes porque esta fazendo a divulgação de seu blog aqui no pacífico Nordeste de Amaralina.
E, modéstia às favas, a empreitada foi um sucesso. Hoje pela manhã no Bar de Caveira não se falava em outra coisa.
Espero agora que você cumpra o combinado e deposite o valor acertado em minha maltratada conta bancária.

Abraços.
eliana disse…
Kkkkkkkk. Essa com certeza, é a grande novidade do ano. Muito boa por sinal, afinal só assim para saber noticias suas e matar as saudades. Gostei de te ver de novo nesta foto "mixuruca”. Coloque mais fotos.Volte logo, estamos precisando ouvir mais poesias como esta que você gosta de declamar e eu gosto de ouvir.
...“Não canto onde não seja o sonho livre,
onde não haja ouvidos limpos e almas
afeitas a escutar sem preconceito.
Para enganar o tempo ou distrair
criaturas já de si tão mal atentas,
não canto...
Canto apenas quando dança,
nos olhos dos que me ouvem, a esperança.
Esse é Jadson! e “EVIDENTEMENTE vá prá porra”.
Saudadeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeees
Beijos.