(Todas as fotos: Smitson Oliveira/Seabra/Chapada) |
Nos cartazes, faixas, cantos e discursos, a defesa da Previdência
pública e a indignação contra o desmonte da educação e a farsa da Lava Jato.
Por Jadson Oliveira – jornalista/blogueiro – editor deste Blog Evidentemente
A cidade de Seabra, chamada
de “a capital da Chapada”, no coração da Bahia, também participou da
mobilização nacional convocada pelas centrais sindicais, sob a bandeira da
greve geral. Estudantes, professores, trabalhadores rurais e lideranças
políticas e sociais foram às ruas na manhã de hoje (sexta, dia 14) e se
alinharam ao protesto contra a Reforma da Previdência e o desmonte da educação.
Nos cartazes, faixas,
cantos e discursos não faltaram também referências indignadas ao conluio ilegal
do então juiz Sérgio Moro com os procuradores da Lava Jato, tornado um
escândalo de enormes proporções políticas depois das gravações que começaram a
ser divulgadas pelo site The Intercept Brasil, onde se destaca em especial a
perseguição ao ex-presidente Lula.
Foi uma manifestação
bastante expressiva pela alegria e entusiasmo da juventude, bem como pelo
conteúdo dos pronunciamentos, mesmo contabilizando um número pequeno de
participantes – em torno de 300 pessoas numa cidade cuja população deve estar
na casa de 25 mil (uma chuva fina caiu toda a manhã, certamente atrapalhando um
maior comparecimento).
Participaram dirigentes e filiados
da APLB (sindicato dos professores), do Levante Popular da Juventude (LPJ) e do
sindicalismo rural (sindicatos, Fetag e Polo Sindical da Chapada). Presentes
também professores e alunos do IFBA (Instituto Federal da Bahia, que substituiu
as escolas técnicas).
Houve ainda a participação
de representantes de movimentos de municípios vizinhos, como Palmeiras e Souto
Soares, incluindo uma delegação da comunidade do Capão, povoado de Palmeiras
conhecido por seus dotes turísticos. Dentre os partidos políticos, havia
dirigentes e integrantes do PT, PCdoB e PSOL.
Ocupar as ruas contra os desmandos
A concentração principal se
deu no miolo da zona comercial da cidade – esquinas onde estão as agências do
Banco do Brasil e do Bradesco.
Um dos oradores, o vereador
Lauro Roberto (Professor Lauro), do Rede, fez um veemente apelo para que a
população “ocupe as ruas” se quiser ter alguma chance de enfrentar os desmandos
anti-povo pobre e anti-educação, a exemplo dos danos embutidos na pretensão de
destruir a Previdência pública. Seu apelo por mobilização foi estendido
especialmente aos seus colegas professores.
Bateram em tecla semelhante
– com variações e nuances próprias - várias professoras (e professores) e
dirigentes da APLB, como Maristônia Oliveira, Adriana Oliveira de Souza, Marcela
Leite, Fernando Monteiro (do PSOL), Caio Fernandes (do movimento ÉDOCAPÃO) e
Azamor Coelho Guedes, do IFBA.
O sindicalismo rural estava
bem representado: Valter Ângelo (Tim), presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Seabra, foi muito aplaudido ao recitar: “Trabalhadores/eu
não me engano/Bolsonaro é miliciano”. Fez um apelo aos comerciantes lembrando
que seus negócios dependem da renda dos trabalhadores, renda ameaçada pela
Reforma da Previdência.
(Aliás, apelos aos
comerciantes, que não fecharam suas lojas num dia de greve geral, foram uma
constante. Um dos cantos repetidos pelos manifestantes: “Ei, você aí, essa
reforma também vai te atingir”).
Tim estava em companhia de
João Batista, também dirigente do sindicato e presidente da Associação dos
Moradores do Quilombo Vão das Palmeiras - ao falar, junto das agências
bancárias, ele lembrou a ganância dos banqueiros de olho no dinheiro da
Previdência -, e de Osvaldo Ferreira de Souza, presidente do Conselho Municipal
de Desenvolvimento Social (CMDS – órgão ligado às associações rurais).
Os três carregavam um belo
painel em homenagem a Júlio Cupertino, líder da comunidade quilombola de Baixão
Velho (já falecido).
Louvando a juventude
Já o ex-vereador Smitson
Oliveira, da Executiva Municipal do PT, velho militante de esquerda desde as
lutas sindicais bancárias de Salvador, na década de 1970, falou, dentre outros
temas, da necessidade de se quebrar o monopólio da mídia hegemônica. Fez também
a louvação da participação da juventude nos embates sociais e políticos da
conjuntura atual. Encerrou sua fala com o grito de LULA LIVRE.
A presença da juventude (e
também das mulheres), por sinal, foi marcante na manifestação. As jovens Ingrid
Enaille e Ludmila Oliveira, da coordenação do Levante, deram o ritmo e compasso
como mestres de cerimônia, puxando os cantos e gritos de guerra.
Bárbara Pina e Iasmin Íris,
do grupo de teatro Misto Arte, fez uma criativa e espirituosa apresentação, com
base no texto Islam da Resistência, segundo elas de autoria de Lucas Afonso e
Vitória Maria, de São Paulo.
E Isa Noronha, estudante do
CES (Centro Educacional de Seabra – segundo grau), encerrou o evento, já na “praça
dos Correios”, cantando a bela canção de Belchior, Como nossos pais.
PS: Apesar da matéria citar muita gente, não estão mencionados todos os
que discursaram.
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