PERU: UM PLAGIADOR COMPULSIVO PARA PRESIDENTE – POR CARLOS NORIEGA

Acuña declarou rendas anuais pessoais que superam os 16 milhões de dólares (Foto: Página/12)
César Acuña, empresário da educação, está em segundo lugar nas pesquisa: autor de vários plágios enquanto era estudante, há sérias dúvidas sobre a legalidade de seu título universitário e publicou um livro alheio como se fosse seu autor. Entretanto, está na corrida eleitoral com possibilidades.
Por Carlos Noriega, de Lima (Peru) – no jornal argentino Página/12, edição impressa de hoje, dia 11
Seu caso se choca com o inverossímil. Levanta a bandeira da educação, mas foi colocado em evidência como um plagiador compulsivo em suas teses universitárias, há sérias dúvidas sobre a legalidade de seu título universitário e publicou um livro alheio como se fosse seu autor, e no entanto continua na corrida eleitoral com possibilidades de se tornar o próximo presidente do Peru. Trata-se de César Acuña, milionário empresário da educação que foi prefeito e governador numa região do norte do país, e que está empatado em segundo lugar na intenção de votos com outros dois candidatos, atrás de Keiko Fujimori (filha do ex-ditador Alberto Fujimori).
Em parte, César Acuña, de 63 anos, é um produto do fujimorismo e da decomposição política e social que esse regime significou. Se fez milionário aproveitando a política fujimorista que deu luz verde ao lucro na educação permitindo abrir universidades privadas como um negócio com benefícios tributários e sem maiores controles de qualidade. Acuña é dono de três universidades, de questionada qualidade mas muito rentáveis para seu proprietário. O candidato declarou rendas anuais pessoais que superam os 16 milhões de dólares. Seu estilo político, marcado por um populismo de direita, pela distribuição massiva de presentes para ganhar adesões – foi acusado de utilizar seus cargos de prefeito e governador para usar recursos públicos com essa finalidade – e por um pragmatismo sem escrúpulos, tem a marca do fujimorismo.
Há alguns dias estourou o escândalo do plágio da tese de doutorado em educação com a qual Acuña obteve esse título na Universidade Complutense de Madrid em 2009. Nas redes sociais foram apresentadas evidências do plágio comparando os textos da tese com os originais. A cópia era literal e abarcava boa parte da tese. Acuña havia copiado longos textos de diversos livros e artigos especializados em educação sem colocar aspas nem citar os textos alheios, apresentando-os como próprios. O escândalo passou das redes sociais para os outros meios de comunicação.
Numa entrevista coletiva, na qual não respondeu perguntas, Acuña leu com dificuldade um breve e confuso comunicado que não esclareceu nada. Dias depois publicou um artigo admitindo que em sua tese havia incluído sem citar textos de outros, o que, no entanto, disse não ser um plágio mas sim “um erro” por “não haver citado corretamente” esses textos.
Mas as coisas não ficaram aí. A denúncia abriu as portas para a oculta e obscura história dos plágios de Acuña. Suas outras teses – dois mestrados em educação, um na Universidade de Lima e outro na Universidade Los Andes de Bogotá – foram postas sob a lupa. E em ambos os casos se descobriu que se repete o mesmo padrão de cópia de longos textos de diversos autores que não estão entre aspas e são apresentados pelo autor da tese como se fossem de autoria própria.
Título de engenheiro químico também sob suspeita (continua em espanhol, com traduções pontuais)
También se ha puesto en duda (dúvida) la forma en la que Acuña obtuvo su título de ingeniero químico en la Universidad Nacional de Trujillo, ciudad de la que ha sido alcalde (cidade da qual foi prefeito). Un ex decano de esa facultad – en el cargo cuando Acuña estudiaba ahí – ha dicho (tem dito) que el hoy candidato presidencial fue un alumno fantasma que no llevó cursos en los que extrañamente años después apareció como aprobado. Y su tesis fue desaprobada por unanimidad, pero misteriosamente tres meses después fue aprobada sin modificación alguna.
Las denuncias contra el candidato presidencial pasaron del plagio a la apropiación de un libro ajeno (livro alheio). En 1999 el reconocido educador Otoniel Alvarado publicó el libro Política Educativa: Conceptos, Reflexiones y Propuestas. Lo publicó, ante un ofrecimiento de Acuña, en la editorial (na editora) de la Universidad César Vallejo, la más grande de las tres universidades propiedad del candidato. Poco después, la editorial (a editora) de la universidad de Acuña publicó una segunda edición del mismo libro, pero esta vez sacando (tirando) el nombre de Otoniel Alvarado como autor de la obra para poner en su lugar el de César Acuña como si éste fuera el autor. El robo intelectual estaba consumado.
En un desesperado intento de controlar los daños por las denuncias de plagio, la candidatura de Acuña ha lanzado un spot en la televisión – que es copia de un spot brasileño – en el que compara al candidato con Martin Luther King diciendo que el líder negro de los derechos civiles también fue acusado de haber plagiado en su tesis universitaria.
Los plagios de Acuña no se limitan a sus tesis de graduación. El propio nombre de su partido – Alianza para el Progreso – es un plagio del nombre del programa norteamericano para América latina que a inicios de los años 60 lanzó el presidente Kennedy.
Sin respuestas creíbles (convicentes) frente a las bien sustentadas acusaciones de plagio y robo intelectual, Acuña ha optado por la estrategia de victimizarse, repitiendo en sus manifestaciones públicas que sufre una persecución por ser provinciano. Todavía (Ainda) está por verse el efecto que tendrán estas graves denuncias en una candidatura que  había crecido y que se presentaba como una de las favoritas para meterse en la pelea (na disputa) por la presidencia.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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