VENEZUELA: O DESAFIO DO PODER COMPARTILHADO – POR AGUSTÍN LEWIT

Pela primeira vez em 17 anos o chavismo será minoria no Legislativo: Henry Ramos Allup, do antigo partido Ação Democrática, estará à frente da Assembleia Nacional (o Congresso de lá, formado apenas pela Câmara dos Deputados; não há Senado) (Foto: EFE/Página/12) 
Os próximos meses serão cruciais, entre outras coisas, porque permitirão ver até onde a democracia na Venezuela é capaz de conviver com as diferenças que um projeto essencialmente transformador como o chavismo colocou sobre a mesa.

Por Agustín Lewit (*) – reproduzido do jornal argentino Página/12, edição impressa de hoje, dia 5

Finalmente chegou o dia: a renovação da Assembleia Nacional venezuelana será o coroamento das mudanças que as últimas eleições legislativas imprimiram na situação política do país bolivariano, criando um novo centro de gravitação. O que vem por aí é um cenário novo, de poder compartilhado e de difícil previsão, mas que – de qualquer forma – supõe o fim do período de completa hegemonia chavista.
O principal fator de ruptura, é claro, é o controle do Poder Legislativo por parte da oposição, algo inédito nesses 17 anos de governos socialistas. A partir de agora, a divisão de poderes coincidirá também com uma divisão política entre frações em princípio irreconciliáveis, o que colocará em risco em última instância o funcionamento do próprio Estado.
Ninguém duvida de que a opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) acumulou um poder potencial como nunca antes. Não obstante, para fazer disso algo concreto deverá manter a coesão e atuar em bloco, questão nada simples se se considera a abundância de personalismos entre suas fileiras e os múltiplos dilemas que circundam a coalizão opositora. Entre eles, um fundamental: até onde arremeter contra um governo que deixou à vista as costuras de sua legitimidade, mas que continua contando com o apoio de 40% da sociedade, o que, no contexto da profunda crise econômica atual, não é pouco.
As discrepâncias opositoras a respeito são conhecidas há tempo e se agudizaram nas últimas semanas: enquanto um setor duro, representado pelo encarcerado Leopoldo López, luta para derrubar o quanto antes Maduro do Palácio de Miraflores, outro setor – comandado por Henrique Capriles – aposta num desgaste a longo prazo, esperando que o governo chavista pague os custos dum ajuste econômico que supõem a esta altura inevitável.
Continua em espanhol, com traduções pontuais:
La elección de Henri Ramos Allup al frente de la asamblea, un viejo cacique de Acción Democrática (antigo partido político) quien difícilmente pueda (possa) encarnar las promesas opositoras de renovación y cambio (e mudança), aseguraba en un artículo la semana pasada que en los próximos seis meses “crearán una solución constitucional para el cambio (a mudança) de gobierno”, lo cual hace (o que faz) pensar que la opción de forzar una salida anticipada del chavismo es la que tiene hoy por hoy más peso.
De todos modos, más allá de las especulaciones, la oposición jugará (jogará) en el terreno legislativo un partido propio en el que definirá la correlación de fuerzas interna y, con ella, su margen de acción. En dicha contienda, importantes serán las presiones que ejercerán grupos de poder tanto nacionales – los empresarios nucleados en Fedecámaras (a mais forte entidade representativa do grande empresariado) principalmente – como extranjeros.
Para el gobierno, por su parte, empieza (começa) el período más difícil desde que Chávez ganó por primera vez en 1998. Las complicaciones suscitadas por la delicada situación económica – fruto del derrumbe del precio del crudo (do petróleo), de ataques especulativos exacerbados pero también de errores (erros) propios – corren riesgos de profundizarse sin el paraguas (sem o guarda-chuvas, a proteção) legislativo que brindaba el control de la Asamblea Nacional. Además de la arremetida mediática y económica, la gestión de Maduro enfrentará desde ahora también los embates de un poder legislativo dispuesto, como mínimo, a obstaculizar toda iniciativa oficialista (governista). Pero no está todo perdido para el sucesor de Chávez: tiene a su favor, además de las potestades ejecutivas, una mayoría de gobernadores propios, un poder de movilización sin parangón (sem comparação) y la fidelidad de las fuerzas armadas. El principal desafío pasa por recuperar la iniciativa, saber leer las razones de la derrota electoral y tener los suficientes reflejos para realizar las rectificaciones necesarias. Aunque (Ainda que) postergadas, las leyes económicas aprobadas la semana pasada son un buen indicio.
Comienza un tiempo político definitorio en Venezuela. Los próximos meses serán cruciales, entre otras cosas, porque permitirán ver hasta dónde la democracia en dicho país es capaz de contener (conviver com) las diferencias que un proyecto esencialmente transformador como el chavismo ha puesto (colocou) sobre la mesa.
(*) Co-coordinador del libro Del no al ALCA a Unasur (Do não à ALCA à Unasul).

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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