POR QUE SERÁ QUE O GOVERNO CHAVISTA DA VENEZUELA AINDA NÃO CAIU (APESAR DO CÂNCER)?

Maduro num encontro da campanha eleitoral com representantes das comunas (Foto: Nodal)
As apostas se renovam com a vitória da direita na Argentina, a primeira numa eleição da América Latina entre governos considerados progressistas, desde que Hugo Chávez se elegeu pela primeira vez, em 1998. A mira agora se volta para a Venezuela, onde se disputam no domingo, dia 6, as eleições legislativas.
Por Jadson Oliveira - reproduzido do site Dia e Noite no Ar, de 01/12/2015
Estou certo de que a questão cruza a mente da maioria dos brasileiros (e não só brasileiros) que pensam no assunto, inclusive de gente com visão política mais à esquerda. Por que não caiu ainda, especialmente depois da morte do presidente Hugo Chávez, em março de 2013?
Pelo que diz a “mídia gorda”, para usar uma expressão do nosso Myltainho (jornalista Mylton Severiano, que já se foi, infelizmente), já deveria ser um regime defunto há pelo menos uns dois anos. A sensação que sentimos, através da unanimidade contra mais visível – a que se divulga nos monopólios da comunicação – é que a chamada Revolução Bolivariana está por um triz, caindo, desse mês ela não passa, se vencerem nessa eleição “fraudada”, a oposição – junto com o império e a parte insatisfeita da população – derruba esse governo na marra.
Nessa eleição… no próximo domingo, dia 6, será a 20ª. eleição a ser disputada depois da de 1998, na qual Chávez foi eleito pela primeira vez. (Será para renovação da Assembleia Nacional, o Congresso de lá, unicameral, só a Câmara dos Deputados: atualmente o governo tem maioria de 98 a 65; há mais dois deputados “independentes”).
Das 19, o chavismo venceu 18, perdeu uma pela diferença em torno de 1% dos votos: “Uma diferença pequenina, mas perdemos”, brincou Chávez, como sempre bem humorado. Perderam, reconheceram e assumiram a derrota – foi uma proposta de reforma constitucional, no final de 2007 -, e partiram para outras.
Isso, porém, não impede que a mídia hegemônica do Brasil e de todo o mundo (se entendemos por mundo o Ocidente, capitaneado pelo império estadunidense) trombeteie todo santo dia que se trata dum governo tirânico, uma ditadura, enfim. Aliás, no Brasil, por desinformação ou má fé, até entre parcelas de políticos de esquerda, bolivarianismo passou a ser sinônimo de totalitarismo.
E além de ser uma ditadura, o país tem uma economia aos pandarecos, dependente unicamente do petróleo, cuja cotação está em baixa há anos, com desabastecimento de produtos de primeira necessidade, o dólar lá nas alturas no mercado negro incontrolável, uma inflação cada dia mais alta – tudo isso reforçado pela crise internacional do capitalismo – e com problemas seríssimos de insegurança pública – agravados pela infiltração de contingentes de paramilitares através da fronteira com a Colômbia.
CâncerDepois então que o carismático Chávez morreu – “Viva o câncer!” -, aí sim, a expectativa aumentou, é agora, Nicolás Maduro não se segura, desta eleição ele não passa! O cerco se aperta: o chamado terrorismo midiático se alvoroça incrementando as fórmulas de desestabilização cada dia mais aperfeiçoadas da chamada guerra de 4ª. geração, fabricadas a partir dos teóricos e especialistas de encomenda, regados com muito dólar, ao gosto dos laboratórios da CIA.
As pessoas se admiram e perguntam como o Maduro se segura, diante de tanto empenho do império e das oligarquias locais e vizinhas, diante de tanta manipulação midiática? Mas agora, com a derrota do kirchnerismo na Argentina, chegou finalmente – festeja a reação latino-americana – a “restauração conservadora”, expressão cunhada pelo presidente equatoriano Rafael Correa, que vem alertando nos últimos anos para o perigo.
Então, façamos as apostas, senhores! No domingo, dia 6, pela 20ª. vez em 17 anos, sempre com transparência chancelada por observadores internacionais, o chavismo será colocado à prova nas eleições legislativas e as viúvas do neoliberalismo se assanham: será que desta vez vamos? Mesmo porque todas as pesquisas apontam para a derrota do chavismo.
(Num outro artigo espero explicar porque, apesar de tudo, inclusive do câncer, a Revolução Bolivariana insiste em se manter de pé. Na minha modesta opinião, claro).
JadsonJadson Oliveira é jornalista baiano. Trabalhou nos jornais Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia, Diário de Notícias, O Estado de S.Paulo e Movimento. Depois de aposentado, virou blogueiro e tem viajado pela América do Sul e Caribe. Edita o Blog Evidentemente – www.blogdejadson.blogspot.com .

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