ARGENTINA: CRISTINA RESISTE CONTRA GOLPISTAS APOIADOS PELOS ESTADOS UNIDOS

Administración Nacional de la Seguridad Social / Flickr
(Foto: Administración Nac. de la Seguridad Social/Flickr)

O que se viu na Avenida de Maio (Buenos Aires) tem muita semelhança com as manifestações da Avenida Paulista, composta por muitos viúvos e viúvas da ditadura militar.


Por Dario Pignotti, no portal Carta Maior, de 17/03/2015

Um verão portenho asfixiante. Dias antes de completar 39 anos do golpe de Estado na Argentina, milhares de pessoas participaram de uma marcha contra a presidenta Cristina Fernández de Kirchner, exibindo uma atitude desestabilizadora nunca vista desde a recuperação da democracia, no começo da década de 80.

O ambiente político que impera nesses primeiros dias de março evoca a atmosfera do tango Verano Porteño, em que Piazzolla mescla uma sonoridade encrespada com uma melodia densa.


Os últimos dias de estio têm sido tórridos, com temperaturas superiores aos 30 graus, podendo alcançar os 35 graus quando alguém caminha pelas estreitas ruas do centro, próximas à Casa Rosada, o palácio de onde despacha a Chefe de Estado.


A morte do procurador Alberto Nisman, cujo corpo foi encontrado com um tiro na cabeça, é o pretexto em que se apoiam os neogolpistas interessados em incendiar o cenário.

Quando faltam 7 meses para o fim de seu segundo mandato, Cristina é objeto de uma campanha destituinte lançada pela oposição direitista e pela imprensa local, ambas respaldadas pelos principais grupos internacionais de notícias, com a CNN na vanguarda. E por trás de tudo isso, parece atuar o grande braço de Washington, interessado em fazer com que Cristina pague caro por sua aproximação com Irã, Venezuela e China.

Cristina não retrocede diante da estratégia incendiária de seus inimigos e promete enfrentá-los convocando os militantes, em boa parte os jovens, para “defender o projeto” iniciado em 2003 por seu marido, o falecido Néstor Kirchner, responsável pelo estreitamento das relações com o Brasil.

Fundamentalistas

Fanáticos, alguns inimigos do governo kirchnerista reconhecem que estão dispostos a prosseguir até um golpe branco, se com isso pudessem “defenestrar essa mulher de merda que está ocupando a Casa Rosada”, declara a senhora Beatriz Gimenez.

“Essa máfia bolivariana que está governando nosso país está acabando com tudo de bom que tivemos”, me diz uma indignadíssima Gimenez, que se apresenta como gerente de uma empresa de turismo na Avenida Santa Fe, situada no endinheirado bairro Norte, conhecido como um dos principais redutos do “anticristinismo”.

Comentários