WASHINGTON QUAQUÁ: "SEM REFORMAS, NEM LULA SALVA A ESQUERDA EM 2018"

Prefeito de Maricá, Quaquá (de vermelho) levou o presidente do PT, Rui Falcão (esquerda), para andar nos ônibus gratuitos da cidade (Foto: reproduzida de Carta Capital)
Para o presidente do PT-RJ, o "pacto com a burguesia se esgotou" e a alternativa é uma "aliança com movimentos de massa"
 
Por Renan Truffi publicado 08/02/2015  no site da revista Carta Capital - reproduzido aqui em 09/02/2015
 

Estratégia das gestões petistas desde 2002, primeiro com ex-presidente Lula e agora com Dilma Rousseff, a governabilidade baseada no pacto com diferentes partidos no Congresso e na aproximação com setores da elite brasileira se esgotou. Essa é a avaliação do presidente do PT no Rio de Janeiro, Washington Quaquá. De acordo com a liderança fluminense do partido, o governo da presidenta Dilma Rousseff precisa investir em uma agenda de reformas populares, senão “nem o Lula salva a esquerda brasileira em 2018”. A alternativa, segundo Quaquá, é fazer, desta vez, um pacto político com os movimentos de massa.

“O ciclo de mudanças [iniciados em 2002] esgotou. Era um ciclo baseado no seguinte: numa aliança com a burguesia e num pacto com o Congresso Nacional. Esse pacto se esgotou. O PT e os nossos governos têm de estabelecer uma agenda de reformas populares para o Brasil. [...] Sem isso, nós vamos ser derrotados em 2018. Nem o Lula salva a esquerda brasileira”, defende.

Apesar de ser da corrente interna Construindo um Novo Brasil (CNB), considerado um grupo mais à direita dentro do PT, Quaquá é tido como um dos quadros de esquerda do partido. “Ninguém acredita, mas eu sou [da CNB]”, brinca. Em entrevista à reportagem de CartaCapital, ele afirma que o momento é de rediscutir a forma de fazer política do partido. Como acumula o cargo de prefeito do município de Maricá (RJ), primeira cidade com mais de 100 mil habitantes a implantar o passe livre no Brasil, ele defende, por exemplo, que o governo federal assuma a pauta da tarifa zero nacionalmente. “Seria um golaço do governo Dilma”.

No cenário estadual, Quaquá projeta uma nova estratégia. “Não seremos mais linha-auxiliar do PMDB no Rio de Janeiro. O PT não pode ir para governo, como fez aqui no Rio, em troca de meia dúzia de cargos para meia dúzia de malandros”, diz. O presidente do partido revela, no entanto, que as articulações para apoiar o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) para prefeito da capital carioca em 2016 foram descontinuadas porque o socialista “desdenhou da proposta”. "O PSOL é um partido de pseudointelectuais de zona sul", rebate.
 

Comentários