ATILIO BORON: CUBA, UMA EPOPEIA DE 56 ANOS



Fidel Castro (à esquerda o comandante Camilo Cienfuego) entrando em Havana no dia 8 de janeiro de 1959 (as tropas revolucionárias já haviam tomado a capital cubana no dia primeiro) (Foto: Internet)
Hoje continuamos na luta, mais do que nunca, porque o império se prepara para mudar de tática para lograr, apelando para o “poder brando” (um perigoso eufemismo!), o que por mais de meio século não puderam obter pela força.

Por Atilio A. Boron (*), cientista político argentino – no jornal Página/12, edição impressa de hoje, dia 2

Num dia como o de ontem (quinta-feira, dia primeiro/1959), há 56 anos, se abria uma nova etapa histórica na Nossa América. Batista e seus esbirros, juntamente com seus mentores e compinchas norte-americanos e a oligarquia pró ianque, fugiam de Havana e se consumava o triunfo da Revolução Cubana. A partir desse momento nada seria igual na América Latina. O instinto certeiro do império não se equivocou, e desde seu início a Revolução foi combatida a ferro e fogo, fustigada, sabotada, isolada, e seus líderes foram objeto de inumeráveis atentados, assim como seu povo. Foi vítima do criminoso bloqueio comercial, financeiro, migratório, informático mais prolongado da história universal, que ainda continua, embora já tenha sido ferido de morte e seus promotores e executores já tenham confessado seu fracasso.

Todas as armas foram utilizadas com o objetivo de destruí-la. Mas não conseguiram, e apesar desse furioso ataque garantiu para sua população índices de saúde, educação, acesso à cultura e ao esporte, e de segurança social iguais ou melhores do que os dos países capitalistas desenvolvidos. E ademais, fez do internacionalismo socialista, da solidariedade internacional, uma bandeira indelével de luta e levou seus médicos, enfermeiros, educadores por todo o mundo, enquanto seus detratores enviavam tropas e descarregavam metralha. E quando seu auxílio foi requerido para travar a batalha decisiva contra o racismo, o apartheid e os restos do colonialismo na África lá foram os cubanos e em Angola derrotaram definitivamente os baluartes da reação, como  atestou repetidamente um emocionado Nelson Mandela. 

Se essa Revolução (assim, sempre com maiúscula) tivesse sido esmagada, a história da América Latina e Caribe, e nossas pequenas biografias, teriam sido completamente diferentes. Por isso, nossa eterna gratidão e nossa dívida com a Revolução Cubana – com Fidel, Raúl, o Che, Camilo, “Barbarroja” Piñeiro, Almeida e os homens e mulheres que lutaram sob sua condução – é enorme e impagável. Daí que nossa solidariedade e defesa da Revolução Cubana devam ser incondicionais, permanentes e ativas, como o foi na campanha que tornou possível a libertação de “Os 5”. Hoje continuamos na luta, mais do que nunca, porque o império se prepara para mudar de tática para lograr, apelando para o “poder brando” (um perigoso eufemismo!), o que por mais de meio século não puderam obter pela força. Mas Cuba, com o apoio de todos os povos da Nossa América, resistirá e derrotará também a sinuosa investida tramada por Washington.

* Diretor do PLED, Centro Cultural da Cooperação Floreal Gorini.

Tradução: Jadson Oliveira

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