ARGENTINA: HIPÓTESE DE SUICÍDIO SE MANTÉM MESMO SEM PÓLVORA NAS MÃOS DE PROMOTOR MORTO

Alberto Nisman (Foto: AFP/página/12)
Presidente Cristina Kirchner se manifestou pela primeira vez sobre caso e apontou para história 'sórdida e cheia de dúvidas'
 
Por Opera Mundi - de São Paulo, postagem de 20/01/2015

Relatório da perícia divulgado nesta terça-feira (20/01) na Argentina revela que não foram encontrados sinais de pólvora nas mãos do promotor Alberto Nisman, morto por um tiro na cabeça em seu apartamento em Buenos Aires. No entanto, conforme explicam os técnicos em medicina legal responsáveis pelo caso, o resultado "negativo" do teste não exclui a tese do suicídio, ainda mencionada pela Promotoria.

"Por ser uma arma de um calibre pequeno, calibre 22, e não uma arma de guerra, normalmente isso faz com que a perícia não dê resultados positivos", explicou Viviana Fein, promotora que investiga a morte de Nisman, acrescentando que o resultado obtido "não foi inesperado".

"Isso não descarta que tenha disparado contra si mesmo. Isso não descarta nada. O resultado da necrópsia confirmou de maneira categórica que não havia uma terceira pessoa no local que tenha disparado", afirmou Fein. A Promotoria ainda aguarda os resultados dos testes de DNA do sangue que havia na arma e no chão do banheiro de seu apartamento.

Desde a noite de ontem, as autoridades responsáveis pela investigação apontam para a tese do suicídio como a mais plausível. Alberto Nisman, de 51 anos, foi encontrado morto com um disparo na têmpora direita, no banheiro de seu apartamento, cuja porta estava trancada por dentro.

O incidente ocorre cinco dias depois de o fiscal especial da causa ter denunciado a presidente Cristina Kirchner e o chanceler, Héctor Timerman, por acobertar e "fabricar a inocência" de iranianos supostamente responsáveis pelo atentado contra a sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), que causou a morte de 85 pessoas em 18 de julho de 1994.
 
Cristina Kirchner fala em 'trama sórdida'

No Facebook, Cristina Kirchner se manifestou pela primeira vez sobre a morte de Nisman. Ela apontou a existência de uma história "muito sórdida e cheia de dúvidas".

"Hoje, mais do que nunca, não se deve permitir que, mais uma vez, se tente fazer com o julgamento de acobertamento o mesmo que foi feito com a causa principal. Os autores do atentado serão descobertos quando se souber quem os acobertou", disse a presidente.

"De maneira curiosa e sugestiva", disse Cristina, se tenta transformar o governo "que mais fez para tentar esclarecer o atentado" em "acobertadores por tentar fazer com os acusados iranianos sejam interrogados mediante um tratado internacional aprovado por lei no Congresso", prosseguiu, em alusão ao acordo alcançado com o Irã em janeiro de 2013.

Nisman, de 51 anos e que estava à frente da Promotoria Especial de Investigação do Atentado à Amia desde 2004, tinha afirmado que havia provas que demonstravam que, tal como apontava a investigação e a comunidade judaica, o Irã e o Hezbollah estiveram por trás do planejamento e da execução desse ataque.

O promotor denunciou Cristina e vários de seus colaboradores na semana passada pela assinatura de um acordo com o Irã, que supostamente acobertaria alguns dos principais acusados do atentado contra a instituição israelita.

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