UMA HISTÓRIA DE TORTURAS: O LONGO CAMINHO PERCORRIDO PELA CIA EM MATÉRIA DE TORMENTOS



(Foto: Página/12)
Segundo o ativista pelos direitos humanos Mike Raddie, “a CIA tem praticado torturas durante décadas, desde a época do presidente Eisenhower”. Ou seja, seis anos depois de sua criação, em 1947, pelo presidente Harry Truman.

Por Gustavo Veiga, no jornal argentino Página/12, edição impressa de hoje, dia 14

O que tem em comum a CIA e a Gestapo? Em alemão, o Verschärfte Vernehmung, o interrogatório intensificado. O dado foi apresentado nestes dias de revelações sobre os tormentos utilizados pela Central de Inteligência por um de seus ex-agentes, já aposentado e hoje analista político: Ray McGovern. O dado também remete ao manual da polícia secreta nazista. Um modelo de técnicas de tortura em que se inspiraram outros manuais da temida Agência estadunidense: o Kubark ou Counterintelligence Interrogation de 1963 (serviu para experimentar na guerra do Vietnã) e o que se seguiu 20 anos depois, conhecido como Manual de Treinamento para a Exploração de Recursos Humanos. Extenso eufemismo para Manual do bom torturador. O jornal The Baltimore Sun havia publicado esses textos em 1997, o que, em parte, revela o longo caminho seguido pela CIA neste ramo. Outro especialista dos Estados Unidos, o ativista pelos direitos humanos Mike Raddie, afirma: “A CIA tem praticado torturas durante décadas, desde a época do presidente Eisenhower”. Ou seja, seis anos depois de sua criação, em 1947, pelo presidente Harry Truman.

Dick Cheney, o ex-vice-presidente de George W. Bush, o mesmo que definiu o recente informe do Senado “como errôneo e cheio de merda”, também deu a ordem de localizar, encontrar e destruir todos esses manuais que estavam em circulação. Em 1992, quando era secretário de Defesa, emitiu um memorando advertindo que haviam sido criados para treinar militares latino-americanos, que continham “material ofensivo e desagradável” e que podiam deteriorar “a credibilidade dos EUA e representar vergonha significativa”. Não havia que deixar rastos. Mas tantos torturados pela CIA ou tantas instâncias da CIA fizeram fracassar seu plano.

A revelação inclui hoje até as vítimas entre as próprias forças armadas dos Estados Unidos. Existe outro programa, que se chama SERE (Supervivencia – Sobrevivência -, Evasión, Resistencia y Escape), cujas técnicas são consideradas tormentos pelos Convênios de Genebra e pela Convenção contra a Tortura. Trata-se dum treinamento que ajuda a tolerar a tortura para os soldados dos EUA no caso de caírem em mãos do inimigo.

David J. Morris é um ex-integrante da Marinha que passou pelo SERE quando era tenente, em novembro de 1995. Ele lembra assim: “Enquanto estava na escola eu vivia como um animal. Fui encapuzado, golpeado, estava morto de fome, me desnudaram e me deram um banho com uma mangueira no ar de dezembro (inverno nos EUA), até que sofri hipotermia. Num determinado momento eu não podia nem falar de tanto tremer”.

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El cuarto director de la Agencia, allá por octubre de 1950, el general Walter Bedell Smith, dijo cierta vez: “En una guerra, aunque se trate de una guerra fría, es necesario contar con una agencia amoral que pueda obrar en secreto”. La amoralidad, en el caso de la CIA, nunca estuvo reñida con la ineficiencia. Creada para evitar otro Pearl Harbor, no pudo impedir o no quiso ver que se gestaba el ataque a las Torres Gemelas. La lista de sus fracasos es tan extensa como sus 67 años de vida. Algunos son: le erró mal a la fecha en que la URSS tendría armamento nuclear en plena Guerra Fría; también al momento en que China ocuparía Corea, en la década del ’50; apoyó la invasión de Cuba que terminó en estrepitosa derrota en Bahía de Cochinos e inoculó la falsa noticia de que Saddam Hussein tenía armas de destrucción masiva en Irak para justificar su derrocamiento. La lista de operaciones aumentaría de manera ostensible si se computan sus intervenciones más o menos encubiertas en América latina.

El legado de las cenizas (2012) es el libro más documentado que se escribió sobre la Agencia. Su autor, el periodista estadounidense Tim Weiner, premio Pulitzer en 1988, sostiene en las primeras líneas: “En el presente volumen se describe cómo el país más poderoso en toda la historia de la civilización occidental ha sido incapaz de crear un servicio de espionaje de primera línea, un fracaso que actualmente representa un peligro para la seguridad nacional de Estados Unidos”. En 2003 se conoció un documento del Consejo de Seguridad Nacional (NSC) que revelaba como principales objetivos de la CIA “pagar sobornos, abrir frentes anticomunistas, subvencionar movimientos guerrilleros, ejércitos clandestinos, sabotajes, asesinatos”.

Torturas a militantes políticos da América Latina

El más viejo de los manuales, llamado Kubark, no tiene el nombre de un ilustre agente secreto o de una operación exitosa de contrainteligencia. Es la palabra clave que usaba la CIA para definirse a sí misma durante la guerra de Vietnam. Lo mismo ocurre con el manual que se publicó en 1983. En los dos se explican métodos de tortura psicológica y de violencia explícita que en la década del ’60 ya se empleaban como técnicas y que se siguen utilizando hoy para interrogar prisioneros. Se cuentan de a miles los militantes que en Latinoamérica fueron sometidos a esas prácticas después de cada golpe de Estado. Los militares que se formaron en la Escuela de las Américas de EE.UU. las conocen muy bien. Esta institución, dependiente del Departamento de Defensa, se creó, incluso, antes que la propia CIA, en 1946. Establecida en Panamá, en 1984 fue trasladada a Fort Benning, Georgia, donde hoy se la conoce como Instituto del Hemisferio Occidental para la Cooperación en Seguridad.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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