DILMA: O REGIME DE PARTILHA DO PRÉ-SAL VAI CONTINUAR

Roberto Stuckert Filho / PR
Dilma Rousseff e Graça Foster (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Diante dos problemas que afetam a Petrobras e das sugestões midiáticas de se destituir Foster, 'não sejamos ingênuos': há muitos interesses ocultos.

Por Darío Pignotti - Pagina 12 - reproduzido do portal Carta Maior, de 23/12/2014

Brasília - “Acredito que o bloqueio a Cuba precisa acabar, e minha opinião é a mesma de muitos presidentes da América Latina”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff em resposta a uma pergunta do Página 12 após um café da manhã com jornalistas brasileiros e correspondentes no Palácio do Planalto.

“Inclusive acredito que o presidente Obama também queria acabar com o bloqueio, não sei quando vai terminar o bloqueio... mas este acordo entre Cuba e EUA é um avanço. E quero dizer que meu governo está de acordo com o que fizemos em Mariel (financiamento de quase 900 milhões de dólares), uma obra estratégica tão criticada pela oposição, foi ridículo o que se disse sobre Mariel”, acrescentou.

O comentário sobre Cuba ficou perdido em meio ao pelotão de repórteres com seus questionamentos sobre o escândalo da Petrobras, seguindo os passos da presidenta enquanto ela deixava o Salão Leste do Planalto, após 82 minutos de café da manhã em que reconheceu problemas na petroleira estatal, ratificou no cargo a presidenta Maria das Graças Foster, disse que há “interesses” por trás da crise e assegurou que manterá de pé o regime de exploração de partilha.

“Ela (Graças Foster) é uma pessoa ética, me disse que se esta situação na Petrobras prejudicar o governo ou a Petrobras, ela colocaria seu cargo à disposição, e eu lhe disse que não seria necessário... eu quero a Graça como presidenta”, declarou Rousseff.

Com esse respaldo, tentou dissipar as especulações sobre a destituição da titular da maior companhia brasileira, devido às operações dolosas de dezenas de milhões de dólares em que participaram executivos da estatal, construtoras e políticos, de acordo com o que revelou a investigação judicial em curso. “Eu digo aos jornalistas que é preciso evitar avaliações ideológicas: a corrupção não é algo exclusivo de empresas públicas... também há nas empresas privadas, como na empresa Enron”.

“Nos Estados Unidos…(durante a crise do subprime iniciada em 2008)  foram aplicadas multas de bilhões de dólares, de 5 bilhões, de 17 bilhões” aos responsáveis e às empresas, mas isto não fez o sistema quebrar, exemplificou.

Um repórter do grupo Globo opinou que a nomeação de um executivo procedente do universo privado injetaria “credibilidade”, tese refutada por Dilma. “Mas eu não tenho nenhuma indicação de que falta credibilidade à Graça Foster para fazer isso, não tenho essa indicação. E acho estranho, porque é o seguinte: eu vi nos jornais  -  porque tem hora que eu olho nos jornais e fico meio perplexa - que eu teria de procurar um nome de mercado e botar dentro da Petrobras”.

“Não sejamos ingênuos” diante dos problemas que afetam a Petrobras, porque se trata de um assunto em que há muitos “interesses... é preciso saber o que há por trás”, comentou Rouseff com gesto insinuante.

Diante desse comentário da presidenta, um jornalista quis saber a que interesses se referia e ela respondeu “são vocês os que têm que investigar isso”, disse, sentada de frente a uma mesa bem servida de pedaços de abacaxi, morangos, manga, queijo e café.


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