EVO MORALES REENCONTRA SUA PRIMEIRA PROFESSORA



Evo com sua professora da escola primária (Foto: Télam/Página/12)
O presidente da Bolívia visitou Salta (capital da província – estado – do mesmo nome, a noroeste da Argentina), recebeu um honoris causa e contou sua infância: Morales chegou à província aos seis anos sem saber falar espanhol, com seu pai que trabalhava em colheitas (na safra). Ontem percorreu sua escola junto do governador Urtubey.

Matéria do jornal argentino Página/12, edição impressa de hoje, dia 21

Evo Morales visitou em Salta sua primeira escola, que frequentou aos sete anos, enquanto seu pai trabalhava na safra (em colheitas). Acompanhado pelo governador Juan Manuel Urtubey, o presidente da Bolívia encabeçou um ato para apadrinhar o colégio, onde se reencontrou com sua primeira professora e contou como foram aqueles anos de sua infância. Também fez uma homenagem ao ex-presidente Néstor Kirchner e agradeceu a Argentina “por permitir que meus irmãos venham a esta região para melhorar sua economia”. Ademais, recebeu um título de doutor Honoris Causa da Universidade de Salta e jogou uma partida de futebol na qual sua equipe ganhou com um contundente 8 a 1 de um combinado local.

A escola onde Evo Morales começou o primeiro grau está localizada na fazenda La Población, da localidade de Campo Santo , a 60 quilômetros da capital de Salta; tem o nome de Julio Argentino Cornejo. Morales contou que chegou lá com sua família em 1966, quando seu pai, Dionisio Morales, viajou com ele e uma irmã para trabalhar na safra.

“Eu tinha entre seis e sete anos”, lembrou o presidente. Contou que quando chegaram ainda não havia começado a colheita e a comida que haviam levado para a viagem começava a acabar. “Nosso alimento eram café e talharim (“fideos”) tostado, e os do grupo começavam a trazer laranjas à noite, certamente as roubavam porque não havia o que comer.”

Evo agregou que o Estado argentino obrigava que os filhos dos que trabalhavam nas colheitas (“zafreros” – safreiros, de safra, colheitas, no Brasil seriam chamados bóias-frias) fossem às aulas, e assim ele começou a ir à escola. “Eu não entendia espanhol, era aymara, e ficava sentadinho atrás de todos os colegas de curso. Não me lembro do que falariam, porque não entendia”, recordou. Contou também que sua professora, Elva del Valle Kutny, “se deu conta de que era tímido, assustado” e tocava sua cabeça para acariciá-lo. “Evito, me dizia, e eu só entendia isso.”

Continua em espanhol (com traduções pontuais):

El presidente manifestó su “cariño y admiración” por la docente, a la que llamó “la primera maestra (professora) de mi vida” y a la que le regaló (e à qual deu de presente) un collar de bolivianita, una piedra preciosa que sólo se encuentra en Bolivia.

Allí estudió un corto tiempo, porque al ser trasladado su papá a otro campamento (acampamento), él dejó la escuela. Comenzó a vender helados (gelados) de agua. “Los llamaban picolé. Los vendía no tanto por ganar, sino que al que vendía le daban dos o (dois ou) tres picolés gratis para toda la jornada. Vendía el picolé, tenía dos o (tinha dois ou) tres picolés para mí en el día y de paso ganaba la plata que le daba a mi hermana y mi papá (e de passagem ganhava o dinheiro que dava a minha irmã e a meu pai ”), contó. Recordó que una parte del dinero no se la dio al padre, sino que la enterró a escondidas para quedársela (ficar com ele), pero que no pudo sacarla en el momento de irse (mas não pôde desenterrar no momento da partida).

Evo señaló que su padre “era muy trabajador y muy solidario. Trabajaba sábados, domingos y feriados, no descansaba. Solo esperaba el pago (o pagamento). Se ganaban buenos recursos en la zafra, y cuando volvimos a la casa donde nació, llevamos un catre (uma cama) para dormir que compramos aquí. Muchas familias de Bolivia mejoramos nuestra economía por la zafra argentina”, sostuvo.

El presidente agradeció a la Argentina por “permitir que mis hermanos vengan a esta región a mejorar su economía”, y recordó en el mismo sentido un gesto de Kirchner luego de que Morales ganara las elecciones, en 2005. “Cuando nacionalizamos los hidrocarburos (hidrocarbonetos – gás, petróleo) en Bolivia, algunos gobiernos dijeron que no iban a hacer inversiones (disseram que não iam fazer investimentos), y me llamó Néstor Kirchner y me dijo: ‘Si no hay inversión llámeme, que yo voy a invertir en Bolivia (Se faltar investimentos, me telefone, que eu vou investir na Bolívia). No tenga miedo de esos que están amenazando por el tema de la inversión’.”

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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