MARX SE REÚNE COM TROTSKY E OS TRABALHADORES SE ORGANIZAM (vídeo do capítulo 1)



Nova mini-série online: ‘Marx voltou’ (Foto: contraimagen.org.ar)

Novo capítulo de ‘Marx voltou’, excelente mini-série online argentina baseada no Manifesto Comunista

Por Javier Gabino - Contra Imagen – traduzido do portal venezuelano Aporrea.org, de 13/09/2014

Já está na Internet um novo capítulo, doble (27 min.), da mini-série de ficção "Marx voltou",  intitulado “Comunismo, o encontro com Trotsky” e pode se ver aqui.

Na nova história, Laura, militante de esquerda e trabalhadora duma empresa gráfica de Buenos Aires, se bate com os que consideram suas ideias comunistas como “algo do passado”.
Enquanto isso, no século 19, Karl Marx investiga e escreve. Ao que parece, para o filósofo alemão o tempo é o bem mais precioso do homem, algo de que Laura está convencida e de  que se dá conta na sua vida cotidiana. Numa noite de trabalho, Marx recebe a visita inesperada de um personagem que não conhece e que inicialmente o incomoda muito. Resulta que é nada menos que Trotsky, que viajou no tempo procurando-o e quer lhe contar o que aconteceu com as ideias marxistas no século 20. Talvez as conclusões que tirem, entre cerveja e cigarros, sirvam para Laura e para todos nós.

Este é mais ou menos o enredo um pouco louco do novo capítulo, onde os planos temporais se confundem, para nos estender em preocupações profundas da esquerda marxista. 

Como abordar o comunismo depois das ditaduras estalinistas? Quais são as ideias essenciais do comunismo de Marx? Como fazê-las confluir novamente com os trabalhadores? Não encontramos outra maneira de enfrentar estas perguntas a não ser com a confluência de dois pesos pesados da história como Marx e Trotsky, o que, para dizer a verdade, nos levou a muitas dores de cabeça para o roteiro.

Nos quatro capítulos anteriores de "Marx voltou", o texto do Manifesto Comunista dava sustentação à luta dos trabalhadores dessa empresa gráfica, que deviam enfrentar diretamente suspensões e demissões. Agora o ritmo é marcado pelo relógio repetitivo de sua vida cotidiana no mercado capitalista. Esse tempo roubado que converte os trabalhadores em simples engrenagens descartáveis das máquinas, e é a outra face do tempo veloz e forçado dos meios de comunicação de massa, e a novidade comercial. No cinema, assim como na guerra ou na política, o tempo não é linear, e o espaço não é geográfico, então nos apossamos dessa premissa para a montagem desta confluência.

Na Argentina "Marx voltou" é também um documento de nosso tempo, o cinema de ficção e o documentário se desenrolam sobre a mesma matriz. Depois do lançamento em maio da mini-serie, os trabalhadores da indústria de autopeças Lear, localizada na zona norte da grande Buenos Aires, saíram a uma luta muito dura contra demissões massivas e o ataque a seus delegados. Enfrentando uma patronal norte-americana, a burocracia sindical e o estado que lhes enviou a repressão policial direta. Numa metáfora mais direta ainda com o roteiro da mini-serie, os trabalhadores da empresa gráfica Donnelley, de capitais norte-americanos, foram atingidos com suspensões, demissões e o fechamento da fábrica. Enfrentaram os patrões, o governo e as manobras do sindicato. Superando qualquer ficção, através de sua organização sindical de base que levaram anos construindo, ocuparam a fábrica e a puseram a produzir sob o controle operário. A mesma coisa que, uma década antes, haviam feito os trabalhadores da Zanon na província (estado) de Neuquen.

Ambas as lutas se desenrolam sob a consigna "famílias na rua nunca mais". E muitos dos trabalhadores de Lear e Donnelley, assim como trabalhadores em todo o país, foram parte do "público" da mini-série e dos cursos que o IPS (Instituto do Pensamento Socialista) deu sobre o Manifesto Comunista. Para esses cursos foi produzida "Marx voltou", o que continua sendo feito.

O problema do tempo, que perpassa todo o capítulo, esse bem que é tão escasso para todos nós, exceto para uma minoria que vive do trabalho alheio, também é um bem apreciado se o que se busca é fazer confluir ideias e realidade. Lênin escreveu faz um século que "é preciso sonhar, mas com a condição de se crer em nossos sonhos. De examinar com atenção a vida real, de confrontar nossa observação com nossos sonhos, e de realizar escrupulosamente nossa fantasia." De alguma maneira é o tempo que nos apressa também ao coletivo que produz e realiza "Marx voltou". Queremos aportar algo a lograr por em pé novamente o "movimento social" mais importante dos dois séculos que nos precederam, que foi o da confluência entre o marxismo e o movimento operário, apontando especialmente para as novas gerações. Artistas e trabalhadores da cultura foram parte desta confluência. E vemos que nosso tempo é propício para isso.

Da mesma forma que nos quatro capítulos da mini-série que estreamos em maio e que se tornaram sucesso na Argentina e América Latina, conquistando centenas de milhares de seguidores e repercussão na imprensa de distintos países. Karl Marx está representado pelo reconhecido ator Carlos Weber (Marx no Soho), enquanto que León Trotsky é interpretado por Omar Musa. O elenco se completa com atores do circuito independente como Laura Espínola e Martín Scarfi, e todo um elenco de atores, extras e técnicos militantes. A volta de Marx, e agora de Trotsky, continua sendo o fruto dum trabalho de criação coletiva, que contou com a colaboração de Liliana Andrade para direção de atores na cena do encontro.

A estreia online coincide com o mês de lançamento de La Izquierda Diario, novo meio de comunicação que auspicia o capítulo doble da mini-série. A produção esteve a cargo do Instituto do Pensamento Socialista (IPS) e a realização esteve a cargo do grupo de cinema Contraimagen e da TVPTS"Marx voltou" faz parte duma iniciativa do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) na Frente de Esquerda para difundir as ideias marxistas.

Podem ser vistas fotos neste link >>backstage<<

Este e também os primeiros quatro capítulos podem ser vistos no sítio de Contraimagen (VER), em vimeo (VER), e em youtube (VER) e continua o caminho das redes sociais, blogs e sítios que difundem.

Tradução: Jadson Oliveira

Veja aqui o primeiro capítulo:


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