CHILE: JUSTIÇA PROCESSA OS ASSASSINOS DE VÍCTOR JARA



Víctor Jara foi assassinado em 16 de setembro de 1973 (Foto: Página/12)
Joan Jara, viúva do cantor e compositor chileno, disse que a decisão judicial marca um avanço na investigação: o ministro Miguel Vázquez imputou os oficiais reformados Hernán Chacón Soto e Patricio Vásquez Donoso na qualidade de autores e o promotor militar Ramón Melo Silva como acusado de acobertar o crime.

Por Christian Palma, de Santiago – no jornal argentino Página/12, edição de ontem, dia 4

A Corte de Apelações de Santiago avançou um novo degrau na busca de justiça no caso do cantor e compositor popular chileno Víctor Jara, torturado e em seguida assassinado pelos militares cinco dias depois do golpe de Estado perpetrado por Pinochet. Na quarta-feira, dia 3, o ministro Miguel Vázquez determinou novos procedimentos nos marcos da investigação do sangrento fato ocorrido em 16 de setembro de 1973 no Estádio Nacional, que hoje tem o nome do artista.

Neste sentido, Vázquez imputou os oficiais (reformados) do Exército, Hernán Chacón Soto e Patricio Vásquez Donoso, na condição de autores do crime, e o promotor militar Ramón Melo Silva, como acusado de acobertar os delitos de sequestro simples e homicídio qualificado de Víctor Jara e do ex-diretor do Serviço de Prisões, Littré Quiroga Carvajal.

A decisão confirmou o já sabido. Em 11 de setembro de 1973, quando os militares tomaram o poder, bombardeando inclusive o La Moneda (palácio presidencial), cerca de 500 professores e estudantes se entrincheiraram na Universidade Técnica do Estado (hoje de Santiago). Entre eles Jara, que dava aulas ali. Não resistiram muito. Houve mortes e os detidos foram levados para o Estádio Nacional.

“Os militares realizaram no dia 12, depois de disparos de projéteis de diversas naturezas, a ocupação de suas dependências e a detenção de docentes, alunos e pessoal administrativo, que logo em seguida foram transportados em ônibus de locomoção coletiva até o então Estádio Nacional. Entre os docentes detidos se encontrava o cantor popular e também investigador da dita universidade Víctor Lidio Jara Martínez, que chegou ao Estádio Nacional junto com o referido grupo de detidos, indica o documento. Acrescenta que no mesmo 11 de setembro, Littré Quiroga foi levado à Terceira Delegacia de Santiago, sendo depois conduzido ao Regimento de Blindados Nº2, onde foi submetido a constrangimentos físicos e, nas horas subsequentes, ao Estádio Nacional, lugar de detenção massiva, habilitado como tal, por meio da coordenação do Comando de Apoio Administrativo do Exército do Chile.

O documento assinala que “durante os respectivos períodos de sua detenção, tanto Víctor Jara como Littré Quiroga foram reconhecidos pelo pessoal militar instalado no interior do Estádio Nacional, sendo separados do resto dos prisioneiros, e foram agredidos fisicamente de forma permanente. Jara inclusive sofreu a fratura de suas mãos a culatradas”. “Toca o violão agora”, lhe haviam dito seus captores. No dia 16 se procedeu o traslado de todos os detidos do Estádio Nacional, com exceção de Jara, Quiroga e Danilo Bartulín, os dois primeiros foram levados ao subterrâneo, enquanto Bartulín foi levado a outro local.

Aí, na área mais escura do estádio foram mortos. Jara recebeu pelo menos 44 impactos de bala, Quiroga outros 23. Todos de calibre 9,23 milímetros, segundo precisaram os informes da autópsia. Este era o armamento que utilizavam os oficiais do exército que se encontravam no dito recinto.

Continua em espanhol:

Los cadáveres fueron encontrados en los días posteriores junto a otros fallecidos de identidad desconocida – muertos igualmente a balazos – por pobladores (moradores) en las inmediaciones del Cementerio Metropolitano, “en un terreno baldío cercano a la línea férrea”, consigna el fallo (a decisão judicial), tal como publicó Página/12 el 22 de enero (janeiro) de 2013, luego de (após) entrevistar a un funcionario forense que reconoció a Jara en la morgue (no necrotério) y logró darle una sepultura digna.

Cabe consignar que entre diciembre de 2012 y enero de 2013 el ministro Vázquez sometió a proceso como responsables de los homicidios de Víctor Jara y Littre Quiroga a los miembros del ejército Hugo Sánchez Marmonti y Pedro Barrientos Núñez en calidad de autores y a Roberto Souper Onfray, Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Hasse Mazzei, Luis Bethke Wulf y Jorge Smith Gumucio como cómplices.

Respecto de Pedro Barrientos Núñez, en enero de 2013 la Corte Suprema solicitó su extradición a Estados Unidos, donde reside. Sin embargo (No entanto), dicho país aún no da respuesta a la petición.

Con los nuevos procesamientos suman cuatro los imputados en calidad de autores materiales del homicidio: Hugo Sánchez Marmonti, Pedro Barrientos Núñez, Hernán Chacón Soto y Patricio Vásquez Donoso.

Conocida la noticia, Joan Jara, viuda del cantautor (viúva do cantor e compositor), dijo que la decisión del ministro marca un avance en la investigación. “Han pasado tantos años, pero hoy escuché por primera vez una lectura de los hechos que hemos sabido durante mucho tiempo. A través de lo que nos han dicho los conscriptos, escuchamos lo que pasó con Víctor en el Estadio Chile (Nacional) después de 41 años, hay que celebrarlo y esperar que esta investigación siga adelante”, sostuvo la viuda del autor de “Te recuerdo Amanda” y “El derecho de vivir en paz”, entre otras canciones que ayer (ontem) sonaron más fuerte de lo habitual.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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