AVANÇA A AGENDA ORIGINÁRIA: APROVADO DOCUMENTO DA ONU SOBRE OS POVOS INDÍGENAS



Rigoberta Menchú (Foto: Página/12)
Rigoberta Menchú, indígena guatemalteca e Prêmio Nobel da Paz, rendeu homenagens aos “milhares de indígenas que perderam a vida” na luta por seus direitos e conclamou a uma “luta frontal contra o racismo e a discriminação”.

A Primeira Conferência Mundial estabeleceu, entre outros pontos, que os Estados devem obter a aceitação dos povos indígenas em toda decisão que os afete.

Por Darío Aranda, no jornal argentino Página/12, edição de 25/09/2014

Saúde, educação, moradia, água e, principalmente, respeito ao território. São alguns dos eixos que os povos originários levaram à Primeira Conferência Mundial sobre Povos Indígenas nas Nações Unidas (ONU). O texto aprovado por todos os governos na Assembleia Geral fixa uma agenda global e contempla um ponto fundamental: o direito ao consentimento livre, prévio e informado, o que implica que os Estados devem levar em conta a aceitação dos povos indígenas em qualquer decisão que pode afetá-los. Entre os indígenas da Argentina estiveram presentes Nilo Cayuqueo e Félix Díaz. “É um passo mais. Agora tudo dependerá da pressão para que se implemente, e em cada país será diferente”, afirmou Cayuqueo.

Mais de 370 milhões de pessoas no mundo fazem parte de povos indígenas. Representam  mais de 5.000 grupos étnicos diferentes, são os guardiões da maior parte da diversidade biológica e cultural do mundo, e dois terços deles vivem em países do Terceiro Mundo. Na América Latina vivem 45 milhões de indígenas, distribuídos em 826 povos.

Tiveram que passar 69 anos para que as Nações Unidas convocassem a primeira Reunião Plenária de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas” (mais conhecida como Conferência Mundial sobre Povos Indígenas – CMPI). Implicou um trabalho durante anos de centenas de dirigentes indígenas.

Realizada em Nova Iorque e com a presença de mil indígenas, de segunda a terça-feira (dias 22 e 23), foi o momento de oficinas, plenárias e reuniões especiais para alcançar o consenso em torno do documento, que finalmente foi aprovado na Assembleia Geral por mais de 190 governos. O texto tem 40 pontos, e o item três já deixa explícito um dos objetivos dos povos indígenas: “Reafirmamos nosso apoio à Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e aos compromissos que contraímos a respeito de celebrar consultas e cooperar de boa fé com os povos indígenas antes de adotar e aplicar medidas legislativas ou administrativas que os afetem, a fim de obter seu consentimento livre, prévio e informado”.

Nilo Cayuqueo faz parte da Mesa dos Povos Originários de Buenos Aires e é um dos dirigentes da Argentina com maior experiência na diplomacia indígena internacional. Participou das jornadas junto com o representante do Conselho Plurinacional Indígena e da comunidade qom La Primavera, Félix Díaz. “O documento aprovado acolhe o clamor dos povos indígenas como é o caso do consentimento livre, prévio e informado”, ressaltou Cayuqueo, mas também alertou sobre dubiedades do documento que provocam desconfiança quanto à sua aplicação pelos governos. Também lembrou que (como a Declaração da ONU de 2007) o documento aprovado não é vinculante, o que fez com que a liderança indígena defenda que seja elevado à categoria de “convenção” (de cumprimento vinculante).

Continua em espanhol:

Cayuqueo y Díaz se reunieron con la nueva Relatora Especial de la ONU sobre los Derechos de Pueblos Indígenas, Victoria Tauli Corpuz. “Se mostró preocupada por la situación de los pueblos indígenas en Argentina”, afirmó Cayuqueo. Y remarcó el vaso medio lleno (E destacou o copo meio cheio) de la Conferencia: “En algunos países es tan crítica la situación que la aprobación de este documento servirá para presionar y dar la pelea (e lutar) por el cumplimiento de los derechos indígenas”.

La Declaración de la ONU sobre los Derechos de los Pueblos Indígenas es una suerte (uma espécie) de equivalente a la Declaración de los Derechos Humanos pero específica para los pueblos originarios. Fue aprobada en 2007 y es uno de los logros históricos de los pueblos indígenas. Diversos países tomaron distancia de la Declaración y se niegan a aplicar muchos de los derechos vigentes. Que en la reciente Conferencia de la ONU se haya reafirmado de manera unánime la vigencia de la Declaración es también un logro del activismo indígena.

El apartado veinte (O item 20) del documento aprobado insiste: “Reconocemos los compromisos contraídos por los Estados de celebrar consultas y cooperar de buena fe con los pueblos indígenas a fin de obtener su consentimiento libre e informado antes de aprobar cualquier proyecto que afecte a sus tierras o (ou) territorios”. El punto seis llama a respetar el Convenio 169 de la OIT sobre Pueblos Indígenas y Tribales y el apartado 24 apunta a otro actor que avasalla (abriga) derechos indígenas: “Recordamos la responsabilidad de las empresas transnacionales y otras empresas de respetar todas las leyes y todos los principios internacionales aplicables”.

Una crítica común a las resoluciones de la ONU es la gran brecha (distância) entre la letra escrita y el incumplimiento en los territorios. El apartado 31 solicita al secretario general de la ONU que ponga en marcha un “plan de acción” para todo el sistema de Naciones Unidas que asegure “aumentar la coherencia” para lograr el cumplimiento efectivo de los derechos indígenas.

Avaliações da declaração: “Um grande passo”

Por Darío Aranda

La relatora especial de la ONU sobre los Derechos de los Pueblos Indígenas, Victoria Tauli Corpuz, evaluó (avaliou) que la declaración aprobada en la Conferencia Mundial es “un escalón y un gran paso”. Su antecesor (hasta mayo pasado), James Anaya, afirmó que uno de los principales obstáculos para el cumplimiento de los derechos indígenas es “la ignorancia de los funcionarios nacionales”.

El mexicano Marco Matías Alonso, ex miembro del Foro Permanente para las Cuestiones Indígenas de la ONU e investigador del Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social, resumió el pasado, presente y futuro de los pueblos indígenas: “La situación indígena contemporánea ha sido una historia de agravios y vejaciones interminables. Hay millones de indígenas en el mundo con pies descalzos, estómagos vacíos, sin escuelas, sin centros de salud, sin trabajo, sin tierras, sin techo digno y con limitada esperanza (expectativa) de vida. La pobreza y la miseria se han expandido en los territorios indígenas. Aliviar, disminuir o (ou) anular la situación de pobreza indígena demanda políticas de Estado y firme compromiso de los gobiernos”.

El alto comisionado para los Derechos Humanos de Naciones Unidas, Zeid Ra’ad al Hussein, reclamó que “los compromisos que se adopten en ONU deben aplicarse a nivel nacional” y exigió que “termine la represión a los defensores de las tierras y derechos de los pueblos indígenas”. Rigoberta Menchú, indígena guatemalteca y Premio Nobel de la Paz, rindió homenaje a los “miles de indígenas que perdieron la vida” en la lucha por sus derechos y llamó a una “lucha frontal contra el racismo y la discriminación”.

El secretario general de la ONU, Ban Ki-moon, destacó que los pueblos indígenas “son fundamentales para nuestro discurso de los derechos humanos y el desarrollo (e o desenvolvimento) global, y tienen un papel importante en el impulso de un uso más sostenible (sustentável) de los recursos naturales”.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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