ARGENTINA: UM GOLPE GLOBAL CONTRA OS FUNDOS-ABUTRE



(Fotos: Página/12)
Histórica votação da ONU contra os abutres: a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a criação de um novo marco legal para as reestruturações de dívida, o que evitará no futuro ataques como o que sofre agora a Argentina. Houve 124 votos a favor, entre eles os Brics, 41 abstenções e somente 11 contra, encabeçados pelos Estados Unidos.

Por Sebastian Abrevaya, de Nova Iorque – do jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 10

Por 124 votos a favor, 41 abstenções e só 11 contra, a Organização das Nações Unidas aprovou ontem a resolução que estabelece a necessidade de criar um “marco jurídico multilateral para os processos de reestruturação da dívida soberana”. Após mais duma década de postergações, o organismo internacional resolveu que deverá trabalhar e definir esta regulamentação antes de setembro de 2015, quando termina seu próximo período de sessões ordinárias. A Argentina conseguiu o respaldo do G-77 mais China, que levou uma proposta comum à última reunião anual da assembleia geral. “É um dia histórico”, festejou o chanceler (argentino) Héctor Timerman, que viajou especialmente a Nova Iorque para participar da sessão e das negociações. Ao se conhecer o contundente respaldo da assembleia, a comitiva argentina, completada pela representante permanente na ONU, Marita Pérceval, e a embaixadora nos Estados Unidos, Cecilia Nahón, entre outros, aplaudiu de pé.

“A histórica votação que acabamos de realizar é a expressão mais contundente desta representatividade global: os povos do mundo falamos e decidimos que está na hora de começar a traçar conjuntamente um caminho ético, político e jurídico capaz de por freios à especulação desenfreada, escolhendo o caminho do direito justo, que é o que se constrói através dum debate plural e democrático, como este, onde todos, exatamente todos, temos voz e voto”, disse Timerman durante seu discurso, no qual lembrou que justamente há 50 anos atrás, um 9 de setembro, o diplomata argentino José María Ruda fez um pronunciamento histórico expondo a posição argentina contra todas as formas de colonialismo.
Agora a ONU deverá definir a nova regulamentação antes de setembro de 2015, quando termina seu próximo período ordinário
Dos 193 membros das Nações Unidas, os únicos países que votaram contra foram 11: os Estados Unidos, Austrália, Canadá, República Tcheca, Finlândia, Alemanha, Hungria, Irlanda, Israel, Japão e Inglaterra. As abstenções alcançaram um número mais alto, 41. Muitas delas pertencem à União Europeia (como Bélgica, Espanha, Grécia, Itália, França, Holanda) e outras a Estados nórdicos (como Dinamarca, Noruega, Suécia), também de Oceania (como Nova Zelândia). No seio da comitiva argentina consideravam um avanço que muitos países tenham se expressado desta maneira, sem obstaculizar o tratamento duma regulamentação mundial sobre dívida soberana. De fato, ao começar as negociações, 46 países haviam adiantado que rechaçariam o projeto e este número foi reduzido a 11.

O encarregado de apresentar o projeto foi o representante da Bolívia, Sacha Llorenti, na sua condição de presidente do G-77 mais China, que abrange 133 países em desenvolvimento. Llorenti manifestou o “compromisso de construir um sistema financeiro internacional em que as regras sejam justas e favoráveis ao desenvolvimento, para que os países possam também lograr um desenvolvimento sustentável”. O projeto, entre outros pontos, sustenta que devem se intensificar os esforços para prevenir as crises de dívida, definir as modalidades de adoção do texto jurídico a ser aprovado e lembra as reiteradas oportunidades nas quais tanto as Nações Unidas como outros foros multilaterais tentaram sem êxito abordar este tema. Ainda que o debate sobre o sistema financeiro internacional date nas Nações Unidas de pelo menos 1970, um dos primeiros antecedentes concretos sobre o tema dívida soberana é a cúpula de Monterrey, onde, há 12 anos, os líderes de distintos países expressaram o compromisso de trabalhar num mecanismo internacional de negociação.

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También hay otros antecedentes en el Fondo Monetario Internacional, que no prosperaron debido al rechazo de países con mucho poder dentro del organismo, como Estados Unidos. “Hoy le toca a la Argentina, pero muchos países en desarrollo o desarrollados (em desenvolvimento ou desenvolvidos) han sufrido la misma conducta depredadora y continuará sucediendo si no actuamos ahora”, aseguró Llorenti en relación con la actitud de los fondos buitre (abutre), que a través del fallo (da sentença) del juez Thomas Griesa han logrado impedir el cobro (a cobrança) del 92,4 por ciento de los tenedores de deuda (dos detentores da dívida) argentina.

Uno de los principales argumentos de los países opositores a la creación del marco regulatorio fue la necesidad de “un debate técnico”, que debería realizarse en foros especializados, como el FMI o (ou) el Club de París, precisamente donde ellos tienen mayoría. “Tratar esta cuestión en las Naciones Unidas, en un plazo irregularmente corto y con irregularidades de procedimiento, politiza una cuestión que es de índole técnica. Foros como el FMI o (ou) el G-20 son más apropiados”, señaló el representante de Canadá, en la misma línea que la representante de Japón.

Entre las pocas voces que se pronunciaron en contra, la más destacada fue la de Estados Unidos, precisamente donde se ha desencadenado el conflicto con los fondos buitre (abutre). “Generaría incertidumbre (Geraria incerteza) en los mercados financieros, lo que hará que cobren primas más elevadas y eso asfixiará a los países en desarrollo”, advirtió la representante estadounidense, Samantha Power, quien anticipó “resultados muy inciertos” en el debate sobre el marco regulatorio. Según Power, los países del G-77 cometieron irregularidades en el procedimiento para tratar el tema y además, “adelantaron el resultado” del debate sobre el marco regulatorio. Estados Unidos incluso planteó reparos respecto de los “costos” del proceso de debate, aunque desde la secretaría general, a cargo de Ban Ki-moon, descartaron problemas de tipo presupuestario (orçamentário).

“Miles de millones (Milhares de milhões) de dólares van a los bolsillos de los dueños de los fondos buitre gracias al vacío legal actual. Este vacío no es fruto del azar (da sorte). Quienes se dedican a este negocio, escandalosamente rentable, invierten un porcentaje de sus ganancias (de seus lucros) en campañas y lobbistas para que la situación no cambie (não mude). La falta de un marco legal regulatorio para la reestructuración de la deuda soberana tiene un correlato directo con la pobreza, las enfermedades, el analfabetismo y la inseguridad que sufren los países históricamente golpeados por la deuda externa”, aseguró el canciller Timerman. “No votaron en contra 165 Estados soberanos, que éticamente proclamaron la soberanía de los países y la dignidad de los pueblos”, agregó la representante argentina ante la ONU, Marita Pérceval, quien consideró que “no es un país, sino la voluntad de América latina la que se expresó”.

Precisamente, la resolución recibió el apoyo de la gran mayoría de los países latinoamericanos (con excepción de México), de muchos países africanos y también de países de peso en el contexto internacional como China, India y Rusia. A su turno, el representante cubano, Rodolfo Reyes Rodríguez, rechazó la denominación de “fondos buitre”, ya que esas aves carroñeras “realizan una contribución positiva al ecosistema, mientras (enquanto) estos fondos son parásitos que atentan contra el bienestar de los pueblos”. El embajador de Cuba recordó además la lucha de las Abuelas (Avós) y las Madres (Mães) de Plaza de Mayo que “enfrentaron la tragedia del silencio frente a la desaparición de sus familiares”, pero que a pesar de eso dijeron “nunca más”. “Esperemos que lo que ha ocurrido (con los fondos buitre) nunca más vuelva a producirse contra la Argentina o (ou) cualquier pueblo de este planeta”, remató Reyes Rodríguez, despertando un inusual aplauso en medio del desarrollo de la asamblea. El segundo momento donde se escucharon aplausos fue al concluir la votación, en la que se cristalizó el contundente apoyo a la iniciativa del G-77.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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